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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mijando nos cantos por precisão

Encontro amigo capelista que pergunta se iniciei uma guerra contra as religiões.

Não, não estou em guerra contra quem quer que seja e há uma razão muito clara para isso: embora nem sempre consiga, humano e imperfeito que sou, pelo menos procuro entender quem é ou pensa diferente de mim. Nem sempre consigo, reconheço, mas tento, de modo que escolho muito bem as lutas necessárias a serem travadas.  

Entendo que se o exercício de uma  fé religiosa faz com que a pessoa sinta-se bem, ótimo,  deve mesmo viver esta fé. Se um jovem se agarra à bóia da fé para superar sua dependência química, que maravilha, que viva intensamente sua opção religiosa.

Não estou em guerra contra padres e pastores, ou contra pais-de-santo, ou contra monges e sacerdotes, ou contra fiéis que, de forma intensa e ao mesmo tempo serena, fazem da fé um instrumento de alegria, de unidade, de construção, de progresso.

Na verdade, afirmo que quem está em guerra contra o progresso e contra a luz é o fundamentalismo religioso disseminador da intolerância e do medo, quem está em guerra santa são  especialmente as parcelas mais retrógradas e sectárias do catolicismo e das denominações evangélicas.

Quem está em guerra aberta contra as liberdades é o totalitarismo religioso que quer nos obrigar a medir o mundo com a régua das suas crenças e que vê nas fogueiras da inquisição a única luz possível .  

Quem está em guerra, neste exato momento, contra o povo brasileiro, é o obscurantismo religioso derivado da fé que não tolera quem é ou pensa diferente, e que não aceita que o Estado brasileiro permaneça laico.

Quem está em guerra é uma matilha de pastores e padres que, travestidos de pregadores de valores religiosos, mentem e distorcem os fatos, vomitam vilanias, intolerância e preconceito, sempre em nome de deus.

Quem está em guerra contra o futuro é essa gente que aposta no medo e no atraso, na desinformação.

Quem está em guerra é esta cruzada de fanáticos que, em pleno século XXI, quer impedir o amanhecer.  

Eu, mero domador de Ornitorrincos, sigo em relativo sossego e, comendo minhas goiabinhas regulamentares, de vez em quando apenas desnudo alguns patifes e pulhas que nos ameaçam com o atraso.

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