SOBRE O BLOGUEIRO

Minha foto
Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

José Saramago: "Privatize-se também a puta que os pariu a todos."

Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo de for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma veza exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos. 
(José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - Pag. 148) 

XXX---XXX

E o SAFO - Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco - ao cumprimentar os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de Nossa Senhora da Gestão Empresarial, com o acato e o respeito devidos, recomenda a todos os crentes nesta "solução" que untem o dedão na gosma do neoliberalismo, adotem posição confortável, enfiem-no no cu e, de inopino, façam decidido e rápido movimento que resulte na completa rasgadura dos seus fiofós fedorentos.
Aqui no Paraná, o primeirão da fila será o governador Ratinho Jr. que, sendo filho de um escroto, naturalmente escrotinho é.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A humanidade precisa parar “israel” como parou o nazismo: pelas armas

Copiei do indispensável VIOMUNDO

NOTA PÚBLICA

FEPAL 

Federação Árabe Palestina do Brasil


Os horrores testemunhados pela humanidade hoje, em Rafah, extremidade sul de Gaza, um sexto de seu minúsculo território, onde se acumulam mais de 2 milhões de palestinos em tendas, devido a mais ataques indiscriminados de “israel”, com dezenas de carbonizados, quase todos crianças e mulheres, são desafio à raça humana maior que foi o nazismo.

Se é assim, “israel” e o sionismo, ideologia supremacista idêntica ao nazismo e demais supremacismos coloniais, devem ser parados pela força das armas, como foi parada a Alemanha nazista.

Já são, considerando desaparecidos sob os escombros, mais de 46 mil civis palestinos exterminados em 233 dias, mais de 2% da população de Gaza. Seriam mais de 4 milhões no Brasil e mais de 15 milhões na Europa, no espaço da segunda guerra mundial.

As crianças assassinadas já passam de 20 mil, 45% do total de assassinados. São mais de 9 mil por milhão, superando as 2.800 por milhão mortas no período nazista, em 6 anos.

As mulheres assassinadas já passam de 11 mil, 25% do total de exterminados, com pelo mil mortas grávidas. São as maiores matanças de crianças e mulheres da história!

A destruição de Gaza já passa dos 80%, superando a das cidades mais arrasadas na segunda Guerra Mundial. Detalhe: em Gaza em 233 dias, contra 6 anos no período nazista.

Todos os lugares definidos por “israel” como seguros foram atacados e milhares dos que neles estavam abrigados perderam suas vidas.

“israel” perseguiu os palestinos em todos os seus abrigos para assassiná-los em massa.

Os assassinatos de médicos, jornalistas, funcionários da ONU, da defesa civil e de ONGs humanitárias não têm paralelo na história das guerras e dos genocídios.

Os feridos já se aproximam de 90 mil, quase todos graves e mutilados, padecendo para morrer porque todos os hospitais foram destruídos e não há medicamentos, água ou comida.

A fome já foi tornada arma de guerra e mata centenas, especialmente crianças e mulheres, além dos doentes e anciãos.

A ordem para parar o genocídio emitida pela Corte Internacional de Justiça em 26 de janeiro ainda não foi obedecida, tal qual a de cessar-fogo do Conselho de Segurança da ONU. Desde estas ordens, mais de 20 mil palestinos foram exterminados.

O mundo declarou guerra à Alemanha nazista ainda em 1939, quando a máquina nazista fizera muito menos do que “israel” promove desde 7 de outubro na Palestina. O mundo não pode seguir assistindo calado ao maior genocídio da história.

Passou da hora da humanidade frear a máquina genocida de “israel”, que é pior que a nazista também por ser nuclear, isto é, ameaçar o fim da existência humana.

“israel” e seu genocídio só serão parados pela humanidade pegando em armas. Foi assim que o nazismo foi parado; será assim com o regime supremacista e genocida de “israel”.

Clamamos ao Brasil e ao mundo que parem o extermínio do povo palestino.

Que seja construída uma força internacional de paz, com força bélica suficiente para colocar freio à máquina assassina de “israel”. Para impor imediato cessar-fogo. Para encarcerar todos os implicados no genocídio palestino.

Precisa ser agora, antes que seja tarde demais, com “israel” tendo alcançado seu único objetivo, perseguido pelo sionismo desde 1897, quando do 1° Congresso Sionista, e desde dezembro de 1947, quando fascistas sionistas armados iniciam a limpeza étnica da Palestina, a maior da história.

Basta! A humanidade precisa parar “israel” como parou o nazismo: pelas armas

Palestina Livre do genocídio e do apartheid a partir do Brasil, 26 de maio de 2024, 77° ano da Nakba.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Carrascos voluntários de Israel

Copiei do indispensável BRASIL 247 

Centenas de milhares de pessoas estão sendo forçadas a fugir depois que mais da metade da população de Gaza se refugiou na cidade fronteiriça de Rafah.

13 de maio de 2024, 16:41 h

Corram, exigem os israelenses, corram por suas vidas. Corram de Rafah da mesma maneira que correram de Gaza City, da mesma maneira que correram de Jabalia, da mesma maneira que correram de Deir al-Balah, da mesma maneira que correram de Beit Hanoun, da mesma maneira que correram de Bani Suheila, da mesma maneira que correram de Khan Yunis. Corram ou nós vamos matá-los. Vamos lançar bombas de 2.000 libras sobre seus acampamentos de barracas. Vamos pulverizá-los com balas de nossos drones equipados com metralhadoras. Vamos bombardeá-los com artilharia e tiros de tanque. Vamos derrubá-los com atiradores de elite. Vamos dizimar suas barracas, seus campos de refugiados, suas cidades e vilas, suas casas, suas escolas, seus hospitais e suas estações de purificação de água. Vamos fazer chover morte do céu.

Corram por suas vidas. Novamente e novamente. Arrumem as poucas e patéticas coisas que restaram. Cobertores. Alguns potes. Algumas roupas. Não nos importamos com o quanto vocês estão exaustos, com fome, aterrorizados, doentes, sejam velhos ou jovens. Corram. Corram. Corram. E quando vocês correrem aterrorizados para uma parte de Gaza, vamos fazer vocês darem meia volta e correrem para outra. Presos num labirinto de morte. Para frente e para trás. Para cima e para baixo. De um lado para outro. Seis. Sete. Oito vezes. Nós brincamos com vocês como ratos numa armadilha. Depois os deportamos para que jamais possam retornar. Ou os matamos.

Deixe o mundo denunciar o nosso genocídio. O que nos importa? Os bilhões em ajuda militar fluem sem controle do nosso aliado americano. Os jatos de combate. As cargas de artilharia. Os tanques. As bombas. Um suprimento interminável. Nós matamos crianças aos milhares. Matamos mulheres e idosos aos milhares. Os doentes e feridos, sem medicamentos e hospitais, morrem. Nós envenenamos a água. Cortamos o alimento. Fazemos vocês passarem fome. Nós criamos esse inferno. Nós somos os mestres. A lei. O dever. Um código de conduta. Eles não existem para nós.

Mas primeiro nós brincamos com vocês. Nós os humilhamos. Nós os aterrorizamos. Nos divertimos com o seu medo. Nos divertimos com as suas tentativas patéticas de sobrevivência. Vocês não são humanos. São criaturas. Untermenschen [sub-humanos]. Nós nos divertimos com nosso libido dominandi - nosso desejo de dominação. Vejam nossas postagens nas redes sociais. Elas se tornaram virais. Uma mostra soldados sorrindo numa casa palestina com os proprietários amarrados e vendados ao fundo. Nós saqueamos. Tapetes. Cosméticos. Motocicletas. Joias. Relógios. Dinheiro. Ouro. Antiguidades. Nós rimos da sua miséria. Nós aplaudimos a sua morte. Nós celebramos a nossa religião, a nossa nação, a nossa identidade, a nossa superioridade, negando e apagando a de vocês.

A depravação é moral. A atrocidade é heroísmo. O genocídio é redenção.

Jean Améry, que estava na resistência belga durante a Segunda Guerra Mundial e foi capturado e torturado pela Gestapo em 1943, define sadismo "como a negação radical do outro, a negação simultânea do princípio social e do princípio da realidade. No mundo do sádico, a tortura, a destruição e a morte triunfam: e tal mundo claramente não tem esperança de sobrevivência. Pelo contrário, ele deseja transcender o mundo, alcançar soberania total negando os semelhantes humanos - que ele vê como representando um tipo específico de 'inferno'."

De volta a Tel Aviv, Jerusalém, Haifa, Netanya, Ramat Gan, Petah Tikva, quem somos nós? Lavadores de pratos e mecânicos. Operários de fábrica, coletores de impostos e taxistas. Coletores de lixo e funcionários de escritório. Mas em Gaza nós somos semideuses. Podemos matar um palestino que não se despe até à roupa de baixo, caia de joelhos, suplique por misericórdia com as mãos amarradas atrás das costas. Podemos fazer isso com crianças tão jovens quanto 12 anos e homens tão velhos quanto 70 anos de idade.

Não há restrições legais. Não há código moral. Só há o êxtase intoxicante de exigir formas cada vez maiores de submissão e formas cada vez mais abjetas de humilhação.

Podemos nos sentir insignificantes em Israel, mas aqui, em Gaza, somos King Kong, um pequeno tirano em um pequeno trono. Percorremos os escombros de Gaza, cercados pelo poder de armas industriais, capazes de pulverizar em um instante blocos de apartamentos inteiros e bairros, e dizemos, como Vishnu, "agora me tornei a morte, a destruidora de mundos".

Mas não estamos satisfeitos apenas com matar. Queremos que os mortos vivos prestem homenagem à nossa divindade.

Este é o jogo jogado em Gaza. Foi o jogo jogado durante a Guerra Suja na Argentina, quando a junta militar "desapareceu" 30.000 de seus próprios cidadãos. Os "desaparecidos" foram submetidos à tortura - quem não pode chamar o que está acontecendo com os palestinos em Gaza de tortura? - e humilhados antes de serem assassinados. Foi o jogo jogado nos centros de tortura clandestinos e prisões em El Salvador e no Iraque. É o que caracterizou a guerra na Bósnia nos campos de concentração sérvios.

Essa doença esmagadora da alma nos percorre como uma corrente elétrica. Infecta cada crime em Gaza. Infecta cada palavra que sai das  nossas bocas. Nós, os vitoriosos, somos gloriosos. Os palestinos não são nada. São vermes. Eles serão esquecidos.

O jornalista israelense Yinon Magal no programa "Hapatriotim" no Canal 14 de Israel, brincou que a linha vermelha de Joe Biden era a morte de 30.000 palestinos. O cantor Kobi Peretz perguntou se esse era o número de mortos por dia. A plateia irrompeu em aplausos e risos.

Colocamos latas "armadilhadas" que se assemelham a latas de comida nos escombros. Palestinos famintos são feridos ou mortos quando as abrem. Transmitimos os sons de mulheres gritando e bebês chorando de drones para atrair palestinos para fora para que possamos atirar neles. Anunciamos pontos de distribuição de alimentos e usamos artilharia e atiradores para realizar massacres.

Nós somos a orquestra neste baile da morte.

No conto de Joseph Conrad "Um Posto Avançado do Progresso", ele escreve sobre dois comerciantes brancos e europeus, Carlier e Kayerts. Eles são enviados para uma estação de comércio remota no Congo. A missão espalhará a "civilização" europeia para a África. Mas o tédio e a falta de restrições rapidamente transformam os dois homens em bestas. Eles trocam escravos por marfim. Eles se envolvem em uma disputa por suprimentos de comida em diminuição. Kayerts atira e mata seu companheiro desarmado Carlier.

"Eles eram dois indivíduos perfeitamente insignificantes e incapazes", escreve Conrad sobre Kayerts e Carlier: ... cuja existência só é tornada possível através da alta organização das multidões civilizadas. Poucos homens percebem que a sua vida, a própria essência de seu caráter, suas capacidades e suas audácias, são apenas a expressão de sua crença na segurança de seu ambiente. A coragem, a compostura, a confiança; as emoções e os princípios; todo grande e todo insignificante pensamento pertence não ao indivíduo, mas à multidão; à multidão que acredita cegamente na força irresistível de suas instituições e de seus costumes, no poder de sua polícia e de sua opinião. Mas o contato com a pura e desmitigada selvageria, com a natureza primitiva e o homem primitivo, traz um problema súbito e profundo ao coração. Traz o sentimento de ser o único do seu tipo, à percepção clara da solidão de seus pensamentos, de suas sensações - à negação do habitual, que é seguro, é acrescentada a afirmação do incomum, que é perigoso; uma sugestão de coisas vagas, incontroláveis e repulsivas, cuja intrusão que se descompõe excita a imaginação e testa os nervos civilizados dos tolos e dos sábios.

Rafah é o prêmio no final da estrada. Rafah é o grande campo de matança onde vamos matar palestinos em uma escala nunca vista neste genocídio. Nos observe. Será uma orgia de sangue e morte. Será de proporções bíblicas. Ninguém vai nos parar. Matamos em paroxismos de excitação. Somos deuses.

Chris Hedges (Jornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e NPR).

sábado, 6 de abril de 2024

A pior podridão bolsonarista é civil

Copiei do indispensável BLOG DO MOISÉS MENDES 

Por Moisés Mendes  6 abr, 2024

O que 99% dos acusados de produzir violência, qualquer tipo de violência, têm em comum: são bolsonaristas assumidos ou têm índole bolsonarista.

São da base do fascismo, não necessariamente como ativistas de extrema direita. Mas como participantes, às vezes silenciosos, de uma estrutura social que sustenta um terço do eleitorado de direita.

São todos bolsonaristas os políticos que incitam violência contra pobres e negros, sob o pretexto de que combatem bandidos, como faz o governador Tarcísio de Freitas com a matança do tô nem aí na Baixada Santista.

São bolsonaristas os agressores de mulheres, os donos de pitbulls que atacam escritoras na praia, os donos de Porsche que dirigem a 160 por hora e matam motorista de aplicativo.

São bolsonaristas os jogadores de futebol denunciados, processados e condenados por importunação e estupro de mulheres.

São bolsonaristas os armamentistas que compram fuzis, como colecionadores e caçadores, para depois revendê-los a traficantes, porque são amigos de gente do Exército.

São bolsonaristas os pastores presos por assediarem e violentarem mulheres que confiavam em suas preces para um Deus malafaiano que está acima de tudo.

A podridão, em todas as frentes, é na essência bolsonarista, com as exceções de sempre. Mas não vamos falar de exceções.

Vamos tentar enfrentar o Brasil tomado pelo fascismo, que está ao meu e ao seu lado e que representa hoje, muito mais do que os militares, a ameaça concreta de uma recaída.

O Brasil fascista civil, mais do que os generais abatidos pela própria incompetência, é o risco real de retrocesso.

Tarcísio, Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Eduardo Leite e Ratinho Júnior disputam esse espólio nos pântanos de Bolsonaro.

É a base podre da sociedade, a base branca, de classe média, de gente com diplomas de todos os ódios e ressentimentos.

Escravagistas são bolsonaristas. São bolsonaristas os grileiros e os garimpeiros que matam yanomamis. São terrivelmente bolsonaristas os pregadores da fé vendida com dízimos que exploram todo tipo de miséria humana.

Sionistas são bolsonaristas. Neonazistas que promovem ou apoiam a matança em Gaza são bolsonaristas. Esse é o fascismo a ser temido, e não o dos generais que já não conseguem nem vestir o pijama direito.

xxx---xxx---xxx

O Ornitorrinco Petista pede a palavra para reproduzir fala (proferida em 02/04/2024) de um dos mais escrotos deputados estaduais do Paraná, um pulha chamado Ricardo Arruda, o qual, segundo a página da ALEP, é "Um deputado conservador, de direita e veemente contra a esquerda comunista. As prioridades do seu mandato são o combate a corrupção, o apoio incondicional a educação e a saúde, a defesa da família, cidadão de bem armado, contra a legalização do aborto, contra a legalização das drogas, contra a censura nas redes e contra a ideologia de gênero". Vamos, pois, ao mais recente jato de vômito do acanalhado bolsonarista.

“Agora é o momento do governador do Estado colocar a mão de ferro e dar autonomia para que a polícia faça a faxina do crime organizado, exatamente a faxina que Israel tem feito contra o Hamas. Esse é o momento de dar a resposta aos criminosos, de dizer ‘aqui no Paraná tem lei’, ‘aqui bandido não se cria’. Quanto vale a vida de um policial? Vale muito. Quanto vale a vida de um criminoso? Nada, porque ele está aqui para matar, roubar, destruir, traficar, estuprar, e tem gente que tem a cara de pau de defender vagabundo aqui. Peço que a Polícia do Paraná aja com muito rigor. Não tem nada de investigação e passar a mão. Tem que fazer a faxina! Exatamente o que o governador Tarcísio determinou ao Secretário de Segurança, que lá no litoral de Santos estão fazendo a faxina. Já foram 40 ou 50 CPFs zerados. Está na hora de zerar o crime organizado aqui no Paraná!”

O pulha, também conhecido como Missionário Ricardo Arruda, é ou foi ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus o que me faz pensar, ateu desimportante que sou, que é mesmo uma pena que não exista deus algum - nem as baboseiras de paraíso, purgatório e inferno - vez que, existisse um deus, mesmo que bem mequetrefe, gente dessa laia escrota queimaria forever nos quintos enxofrosos do inferno.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Poeminha para Francisco e Miguel

Estive com os dois menininhos ontem
E eles me alumiaram de novo
Chico quer morar num sobrado
Pra ter um quarto lá em cima
Miguel decidiu que será astronauta
Embora não descarte ser tatuador como o pai
Vieram os dois aqui pra casa
E fizemos um lanche matador
Incluindo pão com xaxixo
Exigência expressa de Miguel
E vocês ousam ainda enfrentar-me
Tendo eu, além dos dois menininhos,
Mais seis netos?
Vocês vejam aí, meninos e meninas 
Eu sou um avô invencível
 

 


quarta-feira, 6 de março de 2024

SINTA-SE EM GAZA: RESUMO DO GENOCÍDIO

Copiei do X de PALESTINA HOJE

- 150 dias de genocídio.

- 2.675 massacres cometidas pelo exército de ocupação

- 37.534 entre assassinados e desaparecidos

- 30.534 assassinados que cheguaram aos hospitais

- 13.430 crianças assassinadas

- 15 crianças mortas de fome

- 8.900 mulheres assassinadas

- 364 assassinatos de pessoal médico

- 48 assassinatos de integrantes da Defesa Civil

- 132 jornalistas assassinados

- 7.000 desaparecidos (dos quais 70% são crianças e mulheres)

- 71.920 feridos

- 11.000 feridos necessitam ser levados a outros países para receber tratamento

- 17.000 crianças vivem sem seus pais ou um deles

- 11.000 feridos precisam viajar para receber tratamento

- 10.000 pacientes com câncer enfrentam risco de morte

- 700.000 pacientes com enfermidades infecciosas

- 8.000 casos de infecção por hepatite viral

- 60.000 mulheres grávidas em risco

- 350.000 pacientes com enfermidades crônicas sem controle e tratamento adequado

- 269 sequestros de profissionais de saúde

- 10 jornalistas sequestrados

- 2 milhões de pessoas removidas

- 100 escolas e universidades completamente destruídas

- 305 escolas e universidades parcialmente destruídas

- 217 mesquitas completamente destruídas

- 284 mesquitas parcialmente destruídas

- 3 igrejas atacadas e destruídas

- 70.000 habitações foram completamente destruídas

- 290.000 habitações parcialmente destruídas

- 70.000 toneladas de explosivos lançados por Israel

- 32 Hospitais estão fora de serviço

- 53 centros de saúde fora de serviço

- 155 instituições de saúde foram parcialmente atacadas

- 126 ambulâncias destruídas

- 200 sítios arqueológicos e patrimoniais destruídos

NÃO É GUERRA, É GENOCIDIO!!! 

domingo, 3 de março de 2024

Jeferson Miola: Golpe foi diretriz institucional das cúpulas das Forças Armadas

Copiei do VIOMUNDO

02/03/2024 - 20:13



Ilustração: Renato Aroeira (@arocartum)

Golpe foi diretriz institucional das cúpulas das Forças Armadas

Por Jeferson Miola, em seu blog

As provas coletadas nas investigações da Polícia Federal fornecem informações importantes para a reconstituição do plano golpista. E confirmam o envolvimento institucional das Forças Armadas com o golpe.

São fartas as evidências de que não ocorreram apenas atitudes isoladas de alguns indivíduos fardados, porque foi um empreendimento arquitetado e cadenciado na hierarquia militar.

O golpe era o trampolim para a longevidade do projeto de poder militar.

Após a vitória do Lula na eleição de 30 de outubro, o comando golpista incorporou um forte “dispositivo popular” – os acampamentos nas áreas dos quartéis com extremistas de direita, militares da ativa, da reserva, fundamentalistas religiosos e integrantes da família militar.

O comunicado de 11 de novembro de 2022 “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”, no qual os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica contrariaram ordens judiciais, afrontaram o STF e defenderam a permanência dos acampamentos, traduziu a coesão e a unidade institucional dos comandantes militares.

Divulgado 11 dias após a eleição, o provocativo comunicado assinado pelo general Freire Gomes, pelo brigadeiro Batista Júnior e almirante Garnier Santos definiu os acampamentos como “manifestações populares” de pessoas que defendem “demandas legais e legítimas da população”.

Financiados por empresários e apoiadores, e com infraestrutura assegurada das próprias áreas militares, os acampamentos foram considerados ilegais e criminosos por ministros do STF.

O acampamento do Quartel-General do Exército funcionava como logística estratégica de/para ações terroristas e golpistas. Isso ficou evidente nos atos terroristas de 12 e 24 de dezembro de 2022 em Brasília e nos atentados de 8 de janeiro de 2023.

Evento importante na cronologia dos acontecimentos foi a decisão do então comandante do Exército, general Freire Gomes, que hoje se diz legalista e herói da democracia, mas que no dia 29 de dezembro de 2022 impediu o desmonte do acampamento golpista no QG do Exército.

Hordas saíram do QG para aterrorizar a capital federal no dia da diplomação de Lula e Alckmin [12/12] e, semanas depois, para vandalizar as sedes dos poderes da República no 8 de janeiro.

Pretendiam, com isso, justificar a convocação de operações GLO e de medidas de exceção, como concebido na minuta de golpe.

A repercussão da vitória do Lula no país e no exterior, ao lado da oposição do governo Biden ao golpe quebrou o consenso golpista – ou arrefeceu a posição golpista majoritária – na caserna, comprometendo a unidade de ação e a coesão das cúpulas militares.

Apesar disso, a articulação golpista não se encerrou. A expectativa de concretização do golpe ainda com Bolsonaro na Presidência durou pelo menos até o dia 27 de dezembro de 2022, quando faltavam apenas quatro dias para o fim oficial do governo.

Prova disso é o intercâmbio de mensagens do general Braga Netto, candidato a vice na chapa militar, com o capitão Sérgio Rocha Cordeiro, então integrante da equipe de segurança do Bolsonaro, que queria conseguir um cargo no governo para uma pessoa.

Braga Netto então respondeu: “Cordeiro, se continuarmos, poderia enviar para a Sec. Geral. Fora isso vai ser foda” [grifo meu].

Este diálogo surreal, em que um general 4 estrelas do Exército ainda tinha alguma expectativa de continuidade do Bolsonaro no poder apesar do resultado da eleição, o que somente seria possível com uma ruptura institucional, aconteceu 15 dias depois da diplomação de Lula e Alckmin pelo TSE e a apenas quatro dias do término do governo.

Antes da posse do presidente Lula, os comandantes das três Forças deram outra demonstração cabal de insubordinação institucional ao se recusarem permanecer nos respectivos comandos até a transmissão do cargo no novo governo.

Recusaram-se bater continência para Lula, pois não aceitaram o resultado da eleição e não o reconheceram como o eleito soberanamente comandante supremo das Forças Armadas.

Neste contexto de evidências significativas do envolvimento institucional dos altos comandos militares com o golpe, é pouco fiável a hipótese de que a conspiração foi atitude isolada de alguns oficiais.

No depoimento à PF [29/2], o general Estevam Theóphilo disse que se reuniu com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022 para tratar do golpe a pedido do general Freire Gomes.

Ao invocar obediência à hierarquia para protagonizar um ato criminoso, o general Theóphilo arrastou para a cena do crime a instituição militar, confirmando que o golpe foi, de fato, uma diretriz institucional das cúpulas das Forças Armadas.

O avanço das investigações da PF, inclusive com a análise do conteúdo do celular do general Lorena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, pode revelar outras camadas do plano golpista e alcançar também aqueles oficiais do Alto Comando que continuam incólumes, além da própria institucionalidade militar.

Há uma mensagem implícita no depoimento do general Theóphilo, com um claro recado à cúpula: ou salvam-se todos os golpistas fardados, ou caem todos em desgraça.

A bandeira da anistia, lançada por Bolsonaro no ato da avenida Paulista em 25 de fevereiro, poderá ser usada como tábua de salvação das cúpulas militares. Se isso acontecer, estará instalado o impasse no país.

xxx---xxx

O Ornitorrinco Cristão, presente nesta grandiosa quermesse em louvor de La Virgencita Botinuda y Golpista, prolata sua certeira opinião a respeito: essa milicada de merda deveria recolher-se aos quartéis para treinar a única coisa que talvez saibam fazer, qual seja, pintar meio-fio. Tenho nojo derramado e definitivo desta meganhagem abjeta.


sexta-feira, 1 de março de 2024

Aqui no Paraná, PM de escola militarizada manda aluno cortar afro “para não parecer bandido”

Copiei do JORNAL PLURAL

Família, que pede para não ser identificada, denunciou caso de racismo à polícia

1 de março de 2024, por Rogerio Galindo

Uma família denunciou para a polícia um caso de racismo em uma escola cívico-militar ocorrido no Paraná. O nome da família e da escola não estão sendo divulgados a pedido da mãe da criança, que ficou com medo de retaliações.

O caso ocorreu na última sexta-feira (23), quando o policial que trabalha como monitor da escola sugeriu que um garoto negro cortasse o cabelo afro. Segundo ele, caso mantivesse o penteado o menino seria “confundido com bandido”.

“Isso é racismo. Não tem o que falar. Meu filho não é nenhum delinquente. Eu nunca fui ao colégio por uma reclamação sobre ele, por responder professor ou por bater em colegas. Pelo contrário. Se meu filho ver alguém brigando ele passa mal porque tem ansiedade, ele fica nervoso”, explica a mãe em uma declaração à APP-Sindicato.

A APP tem feito denúncias recorrentes de abusos por parte dos policiais que o governo Ratinho Jr. (PSD) colocou para cuidar das escolas cívico-militares. Já houve desde casos de assédio até violência física contra estudantes.

No caso de racismo registrado, a APP lembra que a orientação do Ministério Público Federal é para que as escolas jamais imponham padrões estéticos aos alunos.

“Para o MPF, a imposição de padrão estético uniforme aos alunos, quanto ao tipo de corte de cabelo, roupas, maquiagem e outros adereços possui impacto negativo desproporcional em indivíduos de grupos minoritários, marginalizados ou alvos de preconceito, como pessoas com cabelos crespos e cacheados”, explica o Ministério Público em nota.

Rogerio Galindo é jornalista

XXX---XXX

O Ornitorrinco Boquirroto sempre afirmou que as tais escolas cívico-militares no Paraná seriam espaço permanente de problemas.
Afinal, e permitam-me a dura franqueza, meganhas dentro de escolas, lidando com crianças e adolescentes, somente seriam produtores de preconceitos, de cultura de violência, e imposição de uniformidades cevadas em academias de milicões. 
Mas, vejam bem, o nosso governadorzinho-ratinho é filho de umas das figuras mais escrotas da TV brasileira, o ratão, ou seja, filho de escroto, escrotinho é. 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

GAZA (OU ELES NÃO PODEM CONTINUAR NASCENDO)

Copiei da página do MST 


São Paulo, 27 de Fevereiro de 2024

Estimados amigos e amigas,

Compartilhamos com vocês o poema de PEDRO TIERRA, em solidariedade ao Povo Palestino, diante do genocídio em Gaza.

Saudações,

João Pedro

XXX---XXX

GAZA (OU ELES NÃO PODEM CONTINUAR NASCENDO)

Hamilton Pereira (Pedro Tierra)


30 mil mortos.

Essa informação cabe num verso?

Metade dos mortos nessa guerra são crianças.

Com que material será escrita a poesia 

desse tempo?

Gaza: 70% dos corpos identificados são mulheres.

Contando as grávidas.

Move-se uma guerra contra o ventre das mulheres palestinas.

Elas não podem continuar nascendo...

Elas não podem continuar nascendo...

Elas não podem continuar nascendo em Gaza.

Elas não podem continuar nascendo em Ramallah.

Eles (os palestinos) não podem 

continuar nascendo.

Oitenta e quatro anos depois de Auschwitz,

move-se diante dos meus olhos de espanto

uma guerra de extermínio contra 

mulheres e crianças.

Move-se diante dos meus olhos gastos

pela contemplação dolorosa da saga

em busca da ressurreição possível

uma guerra contra mulheres e crianças

sobre as areias de Gaza.

?Em Ramá se ouviu uma voz,

muito choro e gemido.

É Raquel que chora

os filhos assassinados

e não quer ser consolada

porque os perdeu para sempre? (Mt.12,18)

(Não serei a voz,

desde o conforto da sombra

que me abriga, nesse ocaso da vida,

que direi aos escravos enfurecidos

como sacudir dos ombros 

a opressão que os esmaga.)

Acender a memória

da explosão do Hotel King David,

22 de julho de 1946 às 12:37.

Jerusalém foi sacudida:

91 mortos. 45 feridos.

Que nome dar a esse ato?

Perguntem a Menachen Beguin.

Hoje, é preciso desenterrar

os deslocados para lugar nenhum.

Os que já não podem retornar

dos escombros, das areias,

das cinzas, do vento que sopra

sobre a memória de Gaza.

Por onde andará Islam Hamed?

É preciso reacender sobre sua ausência

a luz do sol bombardeada

na tarde de ontem.

E perguntar ao coração das bombas:

que destino aguarda um milhão e meio

de palestinos acantonados em Rafah?

Escombros nas ruas.

Escombros de corpos.

Escombros nas almas.

?Ficou muito irado e mandou massacrar,

em Belém e nos seus arredores,

todos os meninos de dois anos para baixo,

conforme o tempo exato

que havia indagado aos Magos. (Mt,12-16)

Não há luz no Hospital Al-Shifa

que permita fazer uma sutura

nos corpos destroçados

pelos bombardeios.

Uma sutura no corpo da Palestina:

haverá uma geração de mutilados

condenados a mirar sem ternura

na dor aguda dessa perna que falta,

na pele que já não protege

a carne exposta,

as digitais de Benjamin Netanyahu.

Recolho o espanto e me afasto

enquanto ouço a voz rouca

que emerge do sul e parte em pedaços

os espelhos cegos da indiferença do mundo...


Brasília, dez. 2023/ fev. 2024.


Pedro Tierra (Hamilton Pereira) é poeta. Ex-presidente da Fundação Perseu Abramo


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Pronunciamento do Secretário-Geral de Médicos Sem Fronteiras, Christopher Lockyear, ao Conselho de Segurança da ONU

Copiei de Médicos Sem Fronteiras (MSF)

22 de fevereiro de 2024

Senhora presidente, excelências, colegas,

No momento em que pronuncio estas palavras, mais de 1,5 milhão de pessoas estão encurraladas em Rafah. Pessoas que foram violentamente forçadas a irem para esta faixa de terra no sul de Gaza estão arcando com as consequências da campanha militar de Israel.

Vivemos sob o medo de uma invasão terrestre.

Nossos temores são baseados na nossa própria experiência. Há apenas 48 horas, quando uma família estava ao redor de uma mesa de cozinha em uma casa que abrigava funcionários de MSF e suas famílias em Khan Younis, um projétil de 120mm disparado por um tanque rompeu as paredes do local e explodiu, iniciando um incêndio, matando duas pessoas e deixando outras seis com queimaduras severas. Cinco dos seis feridos são mulheres e crianças.

Havíamos tomado todas as precauções possíveis para proteger os 64 trabalhadores humanitários e membros de suas famílias de um ataque desse tipo, notificando as partes em conflito sobre a localização e marcando claramente o edifício com uma bandeira de MSF. Apesar das nossas precauções, nosso prédio foi atingido não apenas por um disparo de tanque, mas por tiros intensos. Algumas pessoas ficaram presas no prédio em chamas enquanto os disparos contínuos atrasavam a chegada de ambulâncias ao local. Hoje pela manhã, olho para fotos que mostram a extensão catastrófica dos danos e vejo vídeos de equipes de resgate retirando corpos carbonizados dos escombros.

Isto tudo é extremamente familiar – forças israelenses atacaram nossos comboios, detiveram nossos funcionários e destruíram nossos veículos com tratores, e hospitais foram bombardeados e invadidos. Agora, pela segunda vez, um dos abrigos onde estavam nossos funcionários foi atingido. Ou este padrão de ataques é intencional ou é um indicativo de incompetência negligente.

Nossos colegas em Gaza têm medo de que, conforme eu pronuncio hoje essas palavras, eles sejam punidos amanhã.

Senhora Presidente, todos os dias nós testemunhamos o horror inimaginável.

Nós, assim como tantos outros, ficamos horrorizados pelo massacre praticado pelo Hamas em Israel em 7 de outubro, e ficamos horrorizados pela reação de Israel. Sentimos a angústia das famílias cujos entes queridos foram feitos reféns em 7 de outubro. Sentimos a angústia das famílias daqueles detidos arbitrariamente de Gaza e da Cisjordânia.

Como humanitários, ficamos perplexos com a violência contra civis.

Estas mortes, destruição e deslocamentos forçados são o resultado de escolhas políticas e militares que desrespeitam flagrantemente as vidas de civis.

Estas escolhas poderiam ter sido feitas, e ainda podem ser feitas, de maneira muito diferente.

Por 138 dias, testemunhamos o sofrimento inimaginável da população de Gaza.

Por 138 dias, temos feito tudo que é possível para efetuar uma resposta humanitária relevante.

Por 138 dias, temos assistido à destruição sistemática de um sistema de saúde que apoiamos há décadas. Temos assistido aos nossos colegas e pacientes serem mortos e mutilados.

Esta situação é o ponto culminante de uma guerra travada por Israel contra toda a população da Faixa de Gaza— uma guerra de punição coletiva, uma guerra sem regras, uma guerra a qualquer preço.

As leis e os princípios dos quais dependemos coletivamente para permitir a assistência humanitária estão agora corroídos ao ponto de perderem seu significado.

Senhora Presidente, a resposta humanitária em Gaza é uma ilusão —uma ilusão conveniente que perpetua a narrativa de que esta guerra está sendo travada em linha com leis internacionais.

Apelos por mais assistência humanitária ecoaram nesta sala.

Ainda assim, em Gaza temos cada vez menos a cada dia—menos espaço, menos medicamentos, menos comida, menos água, menos segurança.

Já não falamos mais de intensificar a ação humanitária; falamos de sobreviver mesmo sem o mínimo necessário.

Hoje, em Gaza, os esforços para prover assistência são irregulares, episódicos e totalmente inadequados.

Como podemos oferecer ajuda que salva vidas em um ambiente onde a diferença entre combatentes e civis não é levada em conta?

Como podemos manter qualquer tipo de resposta quando trabalhadores médicos são alvejados, atacados e demonizados por atender aos feridos?

Senhora Presidente, ataques a serviços de saúde são ataques à humanidade

Não restou nada que possa ser chamado de um sistema de saúde em Gaza. Os militares de Israel desmantelaram hospitais, um após o outro. O que restou é tão pouco diante de tamanha carnificina que é simplesmente absurdo.

A desculpa dada é a de que as instalações médicas foram usadas para fins militares, embora não tenhamos visto qualquer prova verificada de maneira independente de que isso tenha ocorrido.

Em circunstâncias excepcionais nas quais um hospital perde seu status de local protegido, qualquer ataque deve atender aos pricípios de proporcionalidade e cautela.

Ao invés da aderência à lei internacional, vemos a inutilização sistemática de hospitais. Isto tem deixado inviáveis as operações de todo o sistema médico.

Desde 7 de outubro, fomos forçados a evacuar nove instalações de saúde distintas.

Há uma semana, o hospital Nasser foi invadido. O pessoal médico foi forçado a sair apesar de ter recebido garantias reiteradas de que poderia ficar para continuar atendendo aos pacientes.

Estes ataques indiscriminados, assim como os tipos de armas e munições utilizadas em áreas densamente povoadas, mataram dezenas de milhares de pessoas e mutilaram outros milhares.

Nossos pacientes têm ferimentos catastróficos, amputações, membros esmagados e queimaduras graves. Eles precisam de atendimento especializado. Precisam de reabilitação longa e intensiva.

Médicos não podem tratar estes ferimentos em um campo de batalha ou nas cinzas de hospitais destruídos.

Não há leitos, medicamentos e suprimentos suficientes.

Cirurgiões não tiveram escolha a não ser realizar amputações sem anestesia em crianças.

Nossos cirurgiões estão ficando até sem gaze para impedir que seus pacientes sangrem. Eles usam uma vez, espremem o sangue, lavam, esterilizam e reutilizam para o próximo paciente.

A crise humanitária em Gaza deixou grávidas sem cuidados médicos por meses. Mulheres em trabalho de parto não podem aceder a salas de parto. Estão dando à luz em barracas de plástico ou edifícios públicos.

Equipes médicas agregaram um novo acrônimo ao seu vocabulário: WCNSF — sigla em inglês para criança ferida sem familiar sobrevivente.

As crianças que sobreviverem a esta guerra não vão carregar apenas os ferimentos visíveis das lesões traumáticas, mas também os invisíveis—aqueles causados pelos reiterados deslocamentos, medo constante e por testemunhar membros da família serem literalmente despedaçados diante de seus olhos. Essas feridas psicológicas têm levado crianças tão pequenas como de 5 anos nos dizer que preferiam estar mortas.

Os riscos para o pessoal médico são enormes. Todos os dias, temos feito a escolha de prosseguir com o nosso trabalho diante do perigo cada vez maior.

Estamos apavorados. Nossas equipes estão mais do que exaustas.

Senhora Presidente, isso tem de parar.

Nós, junto com o resto do mundo, temos acompanhado de perto o modo como este Conselho e seus membros têm abordado o conflito em Gaza.

Reunião após reunião, resolução após resolução, este órgão não conseguiu endereçar de maneira efetiva este conflito. Vimos membros deste Conselho deliberarem e agirem com atraso enquanto civis morrem.

Estamos perplexos com a disposição dos Estados Unidos de usar seus poderes como membro permanente do Conselho para obstruir os esforços para a adoção da mais evidente das resoluções: uma pedindo um cessar-fogo imediato e sustentado.

Por três vezes este Conselho teve a oportunidade de votar por um cessar-fogo que é tão desesperadamente necessário, e por três vezes os Estados Unidos usaram seu poder de veto, mais recentemente na última terça-feira.

Uma nova proposta de resolução feita pelos Estados Unidos pede de maneira ostensiva por um cessar-fogo. Apesar disso, ela é no mínimo falaciosa.

Este Conselho deveria rejeitar qualquer resolução que obstrua ainda mais os esforços humanitários no terreno e leve este Conselho a endossar de maneira tácita a violência contínua e as atrocidades em massa em Gaza.

A população de Gaza precisa de um cessar-fogo não quando seja “viável” mas agora. Eles precisam de um cessar-fogo sustentado, não “um período temporário de calma”. Qualquer coisa que fique aquém disso é negligência grosseira.

A proteção de civis em Gaza não pode estar condicionada a resoluções deste Conselho que instrumentalizem o humanitarismo para ocultar objetivos políticos.

A proteção de civis, de infraestrutura civil, de trabalhadores da saúde e de instalações de saúde recai, antes de mais nada, sobre as partes envolvidas no conflito.

Mas é também uma responsabilidade coletiva, uma responsabilidade que recai sobre este Conselho e seus membros individuais, como aderentes à Convenção de Genebra.

As consequências de deixar que o Direito Humanitário Internacional torne-se letra morta repercutirão muito além de Gaza. Isto será um fardo duradouro em nossa consciência coletiva. Não se trata apenas de inação política, tornou-se cumplicidade política.

Há dois dias, uma equipe de MSF e suas famílias foram atacados e pessoas morreram em um lugar onde havia sido dito a elas que estaria protegido.

Hoje, nosso pessoal está de volta ao trabalho, arriscando mais uma vez a vida pelos pacientes.

O que vocês estão dispostos a arriscar?

Nós exigimos as proteções prometidas sob o Direito Humanitário Internacional.

Exigimos um cessar-fogo de ambas as partes.

Exigimos que haja espaço para transformar a ilusão da assistência em assistência realmente significativa.

O que vocês farão para que isso seja possível?

Muito obrigado, Senhora Presidente.

XXX---XXX

Palavra do Ornitorrinco Ateu: Ah, dirão os nazi-sionistas que estão a praticar - há quase 80 anos - genocídio contra o povo palestino, ah, dirão, isso é antissemitismo.