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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser ou não ser contra: esta não é a questão

Pois só uma mulher mmesmo para botar ordem na casa
ou, melhor ainda, 
para colocar a discussão sobre
o aborto na sua correta dimensão
Lambido de Café & Aspirinas,
já incluido na Mixórdia de blogs 

O aborto é uma discussão séria que está sendo reduzida a um embate eleitoreiro entre Serra e Dilma. O aborto acontece todos os dias, queiramos ou não, sejamos nós contra ou a favor. As mulheres fazem aborto há centenas de anos, é o método contraceptivo mais antigo, por muitos considerado mais seguro e menos prejudicial à saúde do que a pílula. Desde que feito por um médico e em condições adequadas, óbvio.

A discussão que precisa ser travada sem descanso é o que fazer para que as mulheres parem de morrer por abortar em casa, usando agulhas de tricô, ou em consultórios podres, nas mãos de açougueiros. Esta sim é uma questão séria, de saúde pública, para a qual todos, repito, todos os governos viram as costas.


Por medo de tratar de um assunto que envolve questões morais e religiosas e com isso perder alguns currais eleitorais e apoios financeiros de empresários conservadores ligados a igrejas poderosas, os governantes estão deixando milhares de mulheres morrerem todos os anos. O aborto clandestino é a quarta causa de morte materna no Brasil. Das 87 milhões de mulheres que sofrem todo ano no planeta com o peso de uma gravidez indesejada, mais da metade aborta. Das 46 milhões de mulheres que optam por abortar, 18 milhões o fazem em condições precárias, de forma insegura, insalubre, porque não têm recursos próprios e porque não há amparo legal para que esse procedimento seja realizado em hospitais públicos. Dessas 18 milhões de mulheres abandonadas por seus governantes, 70 mil morrem, ou no momento do aborto ou por infecções consequentes. São dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), não foram inventados por mim, e são baseados em abortos relatados - o número concreto de abortos clandestinos ninguém sabe.


Grande parte dessas mulheres aborta porque já tem filhos e não pode arcar financeiramente com mais uma vida, especialmente nesse novo mundo em que as mulheres se tornam cada vez mais as provedoras do lar. Estas deixam órfãos, pra completar a desgraça. Enquanto políticos demagogos e fanáticos religiosos discutem se é criminosa ou não a interrupção de uma vida embrionária, milhares de crianças estão perdendo suas mães para o aborto clandestino. Mães que são tratadas como criminosas pelo poder público, quando deveriam ser amparadas e orientadas.


E agora, Zé? E agora, Dilma? Quais são seus planos pra evitar o assassinato dessas milhares de mulheres brasileiras, essa chacina que acontece anualmente nas barbas dos nossos governantes? O que vocês propõem para estancar o sangue de milhares de ex-rainhas do lar, hoje chefes de família apavoradas e desamparadas?


Esta é a minha questão, e é urgente.

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