Modesta homenagem aos meus companheiros e minhas companheiras que, sob a liderança da Federação Única dos Petroleiros (FUP/CUT), farão greve por tempo indeterminado contra o desmonte da Petrobras.
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Se o seu caso é furar greve, o problema é seu. Agora, se o seu caso e fazer greve, o “problema” é nosso.
O fura-greves é um problema social de proporções dramáticas. Os atingidos pela doença não dormem direito, têm problemas de relacionamento com sua própria família (há registros de rejeição), têm palpitações e pesadelos. Em suma, o fura-greves é um infeliz.
Pesquisadores descrevem que os primeiros sintomas costumam manifestar-se um pouco antes da data-base da categoria: falta de ar e de apetite, palidez acentuada, suor nas mãos, ansiedade. Nesta fase, o tratamento pode resultar em cura mais rapidamente.
Na fase mais aguda a cura é mais complicada porque os sintomas são acreditar sempre no que a empresa e o chefe dizem, dizer que o movimento têm interesses políticos e, principalmente, ocorrência de desmaios diante da simples audição da palavra greve.
O tratamento pode requerer internação e, até recentemente alguns psiquiatras defendiam, nesta fase, a aplicação de terapias de choque. Esta forma de tratamento, contudo, vem sendo abandonada.
Dados disponíveis indicam que o país gasta, por ano, mais de 10 bilhões de dólares com a doença, considerando-se os custos com diagnóstico, profilaxia, internação, acompanhamento final e indenizações diversas.
Mas, para estes infelizes trabalhadores, finalmente uma boa notícia. Os sindicatos desenvolveram, recentemente, uma terapia revolucionária: os Grupos de Fura Greves Anônimos, os F-GA. Já há, inclusive, registros de curas totais e centenas de recuperações parciais. Selecionamos alguns depoimentos.
J.A.F. (37 anos): “Eu não tinha paz, minha vida era um inferno. Começei furando pequenos movimentos de atraso e, quando dei por mim, estava completamente viciado em furar greves. Contei meu drama nas reuniões e todos me entenderam. Hoje sou um homem feliz, minha família me respeita, os vizinhos e amigos voltaram a falar comigo. Recomendo o tratamento”.
C.V.S. (23 anos): “Minhas namoradas me abandonavam quando descobriam que eu era viciado e dependente. Minha primeira namorada, o único e verdadeiro amor da minha vida, quando soube do meu vício desesperou-se e entrou para um convento. Meus amigos me evitavam. Minha dependência era tão grande que pelo menos umas três vezes eu tentei furar greves de outras categorias, já que a nossa não estava em campanha salarial. Uma vergonha. Mas agora tudo mudou. O tratamento nas reuniões do F-GA me recuperou totalmente. Hoje sou um novo homem”.
M.G.S (27 anos): “Eu ainda não me curei totalmente, mas estou muito animado: já participei de movimentos de atrasos e tenho comparecido a todas as assembléias, sem nenhuma recaída. As reuniões são ótimas e acredito que estarei completamente curado nas próximas semanas”.
Se você conhece algum fura greve, não o abandone. Converse com ele, especialmente aqueles que não reconhecem o seu próprio vício, que são os casos mais graves, e devem merecer nossa atenção. Sugira que eles procurem a terapia do sindicato, a única que pode curar o vício e a dependência. Convide-o a comparecer nas reuniões dos grupos de Fura Greves Anônimos.
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