Copiei da Ju Foltran
(Grupo Nacional Mães Pela Diversidade)
Hoje fui chamada na direção. Cheguei na escola do meu filho caçula no horário habitual e a professora falou que a diretora queria falar comigo sobre o Theo, que tem 4 anos e meio. Meu coração gelou, afinal, o que seria? Peguei meu pequeno pelas mãos, mas a professora me puxou: "não, deixe ele aqui, vá só". Perguntei do que se tratava e a professora disse que alguns pais reclamaram do comportamento do Theo, mas que eu ficasse tranquila. Estranhando muito, fui, e no caminho pensei em mil coisas e ao mesmo tempo, em nada. Afinal, o que ele poderia ter feito de tão grave para tanto? Aquele menino tão doce, tão meigo, tão sensível!!! Mas também tão traquino!!! Não diferente das outras crianças que vejo ali no Centro de ensino infantil, que atende a galerinha de 4 e 5 anos. Como pode algum pai se incomodar com o comportamento dele? A gente passa por ali tão rápido, pra deixar, pra buscar, ou pra participar das reuniões. O que teria acontecido?!?! A diretora repetiu as palavras da professora. E completou que a reclamação havia acontecido mais de uma vez. E eu perguntei: que comportamento? Cheia de tato, a diretora disse: "ele gosta de beijar". Eu ri e disse que o Theo é carinhoso e beijoqueiro. Ela concordou: "Sim, ele é beijoqueiro, um fofo, mas como ele beija também os meninos, alguns pais se incomodaram, menino beijando menino". Eu ri novamente: "se ele tivesse batido teriam reclamado?" Provavelmente não os mesmos pais, porque bater "é coisa de menino", mas demonstrar afeto, não. Eu continuei e falei: "eu vou conversar com ele sobre respeitar quem não quer ser beijado, mas jamais direi a ele que beijar é errado e espero que a escola faça o mesmo". A diretora me olhou com um ar de alívio. Estava esperando outra reação, na certa. E disse: "não faríamos isso, reprimir uma demonstração de carinho, e apenas falamos com a senhora porque é nosso dever atender as demandas de todos". Claro que não acreditei muito nela e também não concordei com a forma de abordagem. A escola perdeu uma oportunidade de ensinar. Aquele pai é que deveria ser chamado, aquele que não quer meu filho perto do dele (!!!), que acha que afeto não é coisa de menino, que meninos não podem se tocar e serem carinhosos, que meninos não podem demonstrar que gostam uns dos outros. O Theo beija na rua e é beijado em casa. E se esse comportamento gerou sua primeira "advertência", vejo que estou no caminho certo. Quis compartilhar aqui por saber que muito do sofrimento das famílias lgbt tem raiz em situações como essas e que não são questionadas. Aliás, sofrimento do mundo todo, que cria pessoas com sérias dificuldades emocionais. Como seria o mundo se a demonstração de afeto não fosse subtraída das possibilidades de vivência de meninos??? Bom, espero que nesses tempos sombrios, a gente possa encontrar meios de atuar junto às nossas crianças, permitir que elas cresçam como são: doces e amorosas. E que a ignorância e a estupidez não as brutalizem tão cedo.
(Grupo Nacional Mães Pela Diversidade)
Hoje fui chamada na direção. Cheguei na escola do meu filho caçula no horário habitual e a professora falou que a diretora queria falar comigo sobre o Theo, que tem 4 anos e meio. Meu coração gelou, afinal, o que seria? Peguei meu pequeno pelas mãos, mas a professora me puxou: "não, deixe ele aqui, vá só". Perguntei do que se tratava e a professora disse que alguns pais reclamaram do comportamento do Theo, mas que eu ficasse tranquila. Estranhando muito, fui, e no caminho pensei em mil coisas e ao mesmo tempo, em nada. Afinal, o que ele poderia ter feito de tão grave para tanto? Aquele menino tão doce, tão meigo, tão sensível!!! Mas também tão traquino!!! Não diferente das outras crianças que vejo ali no Centro de ensino infantil, que atende a galerinha de 4 e 5 anos. Como pode algum pai se incomodar com o comportamento dele? A gente passa por ali tão rápido, pra deixar, pra buscar, ou pra participar das reuniões. O que teria acontecido?!?! A diretora repetiu as palavras da professora. E completou que a reclamação havia acontecido mais de uma vez. E eu perguntei: que comportamento? Cheia de tato, a diretora disse: "ele gosta de beijar". Eu ri e disse que o Theo é carinhoso e beijoqueiro. Ela concordou: "Sim, ele é beijoqueiro, um fofo, mas como ele beija também os meninos, alguns pais se incomodaram, menino beijando menino". Eu ri novamente: "se ele tivesse batido teriam reclamado?" Provavelmente não os mesmos pais, porque bater "é coisa de menino", mas demonstrar afeto, não. Eu continuei e falei: "eu vou conversar com ele sobre respeitar quem não quer ser beijado, mas jamais direi a ele que beijar é errado e espero que a escola faça o mesmo". A diretora me olhou com um ar de alívio. Estava esperando outra reação, na certa. E disse: "não faríamos isso, reprimir uma demonstração de carinho, e apenas falamos com a senhora porque é nosso dever atender as demandas de todos". Claro que não acreditei muito nela e também não concordei com a forma de abordagem. A escola perdeu uma oportunidade de ensinar. Aquele pai é que deveria ser chamado, aquele que não quer meu filho perto do dele (!!!), que acha que afeto não é coisa de menino, que meninos não podem se tocar e serem carinhosos, que meninos não podem demonstrar que gostam uns dos outros. O Theo beija na rua e é beijado em casa. E se esse comportamento gerou sua primeira "advertência", vejo que estou no caminho certo. Quis compartilhar aqui por saber que muito do sofrimento das famílias lgbt tem raiz em situações como essas e que não são questionadas. Aliás, sofrimento do mundo todo, que cria pessoas com sérias dificuldades emocionais. Como seria o mundo se a demonstração de afeto não fosse subtraída das possibilidades de vivência de meninos??? Bom, espero que nesses tempos sombrios, a gente possa encontrar meios de atuar junto às nossas crianças, permitir que elas cresçam como são: doces e amorosas. E que a ignorância e a estupidez não as brutalizem tão cedo.
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