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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mais um patife de batina

No Brasil as instituições estão em pleno e regular funcionamento, as eleições ocorreram sem qualquer incidente, homens e mulheres podem expressar livremente suas opiniões e viver suas práticas religiosas, igrejas e templos estão abertos e recebem seus fiéis sem qualquer restrição. Não há nenhuma ameaça no horizonte, tanto que um completo patife de batina, padre Paulo Ricardo falou e fala o que bem entender e, mais ainda, um outro completo e acabado patife de batina, padre José Augusto Souza Moreira, creio que do interior de São Paulo, neste dia 5 de outubro repete asneiras, distorce a realidade, vomita infâmias e preconceitos durante uma homilia em uma igreja católica e, como é próprio, a vida segue.

Entretanto, do mesmo modo que patifes travestidos de pregadores religiosos, porque estão no exercício pleno de seus direitos podem expressar suas opiniões e convicções, mesmo adulterando e mentindo em nome de deus, mesmo criando alarmismo e tensão eu, cidadão, pai, militante de esquerda e ateu, também faço uso daquilo que a lei me garante. Gente dessa laia, ainda que possa falar o que considera correto – e me convoquem para lutar se um dia as liberdades, inclusive a religiosa, estiverem em risco no Brasil – gente dessa laia, repito, não pode ficar sem resposta, e a minha é desse jeito. Os mais sensíveis, se quiserem, que procurem o bispo mais próximo e aproveitem para reclamar do baixo nível moral e religioso destes pulhas de voz macia. Sim, eu poderia dizer que esses dois são semelhantes a vira latas, a cães sem serventia, mas jaguaras soa bem melhor. Vejam o que o mais novo integrante do Clube dos Jaguaras de Batina disse:  

1. “(...) não pode calar-se diante de um partido que está apoiando o aborto”.  

2. “(...) está agitado porque não é possível que os cristãos estejam tão alheios, preocupados apenas com seu trabalhozinho, seu emprego, com as suas coisas, sabendo que o PT está querendo aprovar leis aonde o sacerdote não pode se pronunciar, não pode falar, os meios de comunicação  religiosos só  vão ter uma hora de programação”.

3. “(...) o segundo turno está aí, estou falando para os cristãos que não se pronunciam, tudo com medo, Jesus falou vocês serão levados aos tribunais e serão mortos por causa do meu nome”.

4. “(...) se até atrizes estão se pronunciando, estão com medo do que pode vir no futuro, como é que nós ficamos assim como se nada estivesse acontecendo?”

5. (...) estão querendo tirar deus da nossa vida, talvez nem missa a gente celebre mais.

6. “(...) a nação brasileira não pode se tornar uma nação marxista, comunista, com terrorista, tendo pessoas à frente mandando um e outro se calar”.

7. “(...) nós não podemos compactuar com pessoas que querem matar crianças”.

8. “(...) porque eu quero ver no futuro se vai ter missa das sete, das onze, missas pela TV, pela rádio, aí vai todo mundo buscar deus e não vai ter deus porque os padres estarão nas masmorras, tudo preso, porque se pronunciaram, porque falaram, porque falaram de jesus cristo”.

9. “(...) querem tirar jesus da nossa vida, da minha vida ninguém vai tirar não, podem me matar, sou membro do conselho da canção nova, e se eu desaparecer vocês já sabem, é porque eu falei tudo isso aqui hoje”.   

A Fundação João Paulo II, mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação divulgou nota oficial ontem lamentando o episódio.

Pois é, criam esse ambiente de atraso, de obscurantismo e depois, como quem não tem nada com isso, pedem desculpas e lamentam.

Ainda bem que sou ateu: calhordas mentirosos como esse não podem dizer que  me representam.

Se duvidam, vejam o patife de batinas em ação

http://www.youtube.com/watch_popup?v=R-ZeM5qvhFo&vq=médium
http://www.youtube.com/watch_popup?v=9761dYZiyl0&vq=medium

2 comentários:

Fortunato disse...

PrC...para os internautas que frequentam o seu blog:


Sobre esse assunto:


Elogio do aprendizado
Aprenda o mais simples! Para aqueles
Cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Frequente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.

Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando.


Bertolt Brecht(1898-1956)

Fonte: blogdovelhocomunista.blogspot.com

Antonio disse...

Sr. Ornitorrinco, esses padres que agora aparecem com a teologia neo-fascista, tem um "porque" a linha mestra de pensamento do atual papa Bento XVI é diferente do anterior Paulo II. Isto posto publico um artigo que traduzi de um jornal espanhol, para dar embasamento a minha opinião. Lembrando ainda que uma vertente no Brasil desssa nova teologia o neo-fascismo clerical esta na Rádio Canção Nova financiada pela ultra-direita brasileira em concluio com essa nova política do vaticano.

Espanha – Um país e dois Varelas
29 de Abril de 2010 | Escrito por Carlos Esperança | Publicado em Política | 19 Comentários

O cardeal Antonio María Rouco Varela, bispo de Madrid, um dos mais reaccionários de Espanha e do mundo, abriu feridas insanáveis com a ajuda de Ratzinger, ao canonizar e beatificar, em doses industriais, defuntos admiradores de Franco.

Foi um acto deliberado contra a democracia e, na pressa, nem todos eram aconselháveis para os altares apesar da generosidade com que Bento XVI eleva fascistas à santidade. Podia ter-se ficado por Escrivà, a quem devia favores e dinheiro, apesar da conivência com a ditadura e o ditador, e poupado a Espanha ao reavivar de memórias dolorosas de quem viveu horrores praticados dos dois lados da guerra civil.

Agora apareceu outro Varela, a quem também não faltam vestes talares e a nostalgia do ditador cruel que, depois de ganhar a guerra, nunca mais perdeu o espírito sanguinário.

O juiz de instrução do Supremo Tribunal, Luciano Varela, levará a julgamento Baltasar Garzón, por ter decidido investigar os desaparecidos da guerra civil e do franquismo, violando a lei de amnistia geral de 1977. Faltava este Varela para evitar que os crimes de um dos mais sanguinários ditadores do século passado fossem conhecidos com rigor.

Rejubilam os franquistas, incluindo a maioria do clero, que assistiram à democratização de Espanha, convictos de que Franco era o enviado da providência divina. O fascismo está vivo nas Forças Armadas, nos Tribunais e nas Universidades que permaneceram intactas, tal como a Igreja católica, e se mantêm redutos sólidos do fascismo espanhol.

Quando o juiz Baltasar Garzón, ciente de que os crimes contra a humanidade não devem prescrever, resolveu exumar os crimes da Guerra Civil, com a mesma coragem com que perseguiu os da ETA, viraram-se agora contra si os carrascos que então rejubilavam.

O julgamento de Baltazar Garzón não é só um libelo contra a democracia e o direito dos descendentes das vítimas à verdade, é a vingança mesquinha contra um juiz que, se for suspenso, perde o direito à protecção policial e fica sujeito às balas dos inimigos.

É talvez isso que os seus algozes querem. Basta que o Varela de toga possa fazer o que o Varela de mitra não consegue. Nem o escândalo internacional, nem a indignação dos descendentes das vítimas, nem a estupefacção de magistrados democratas o demoveu. O ódio é velho e não cansa.