Copiei do indispensável BRASIL 247
24/10/2023 - 18:26
Por Arlene Clemesha, Marilena Chauí, Leda Paulani, Carlos Augusto Calil, Paulo Sérgio Pinheiro e Vladimir Safatle*, na Folha de S. Paulo
Enquanto assistimos horrorizados à intolerável perda de milhares de vidas e ao enorme sofrimento do povo palestino, vemos com grande preocupação o assédio e a tentativa de silenciamento das opiniões divergentes que fazem parte do debate público.
Associar a defesa da causa palestina — o direito inalienável deste povo de viver em seu próprio território, respeitando todas as resoluções da ONU — ao antissemitismo e apoio ao terrorismo é operação sumamente desonesta e afronta aos direitos humanos.
Não é aceitável, sob nenhum argumento, a existência de um povo apátrida, vivendo segregado e em condições de um apartheid.
Menos aceitável é a ausência de indignação internacional e de pressão institucional contra o governo israelense para que respeite a norma internacional, cumprindo as exigências da ONU sem subterfúgios.
Qualquer análise honesta de como chegamos a esse ponto de violência extremada deve começar lembrando que os palestinos que optaram por uma saída diplomática para o conflito com Israel foram traídos.
A narrativa que não parta das razões do fracasso histórico dos acordos de Oslo e da total inação da comunidade internacional é falsa e enviesada. A falta de respeito a acordos internacionais de paz sempre produziu as piores consequências.
A tolerância da comunidade internacional com o desrespeito por Israel dos compromissos assumidos permitiu que ali se consolidasse um regime de apartheid contra os palestinos com o intuito de manter a dominação de um único grupo étnico e nacional.
Não obstante 20% da população de Israel ser formada por palestinos, em 2018 foi aprovada a Lei Básica do Estado-Nação, afirmando que “o direito ao exercício da autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo ao povo judeu”.
Consolidava-se, assim, um sistema de segregação e desigualdade institucionalizada por leis e políticas em toda a Palestina histórica.
Neste momento, é incontornável enfrentar corajosamente o problema que afeta o mundo inteiro: a paz no Oriente Médio depende do fim da ocupação ilegal dos territórios palestinos e do apartheid.
A circulação de discursos sobre a “enorme complexidade” da situação é falaciosa e tem como objetivo ocultar a continuidade da limpeza étnica do povo palestino.
A única resposta à tal dissimulação da realidade é a exigência de que finalmente os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados por Israel com a devolução dos territórios da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental, da Faixa de Gaza e das colinas de Golã.
O sistema de segregação e discriminação contra o povo palestino, na sua própria terra, precisa dar lugar a um regime de respeito universal a todos que ali vivem.
Somente o compromisso com a paz real, com soluções duradouras ancoradas no direito internacional e com o respeito à liberdade de expressão, pode produzir a consciência mundial capaz de eliminar as supremas injustiças a que os palestinos continuam submetidos.
Caso contrário, como disse José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura: “Um dia se fará a história do sofrimento do povo palestino e ela será um monumento à indignidade e covardia dos povos”.
Arlene Clemesha, professora de história árabe (USP)
Marilena Chauí, professora emérita de filosofia (FFLCH-USP)
Leda Paulani, professora titular da Faculdade de Economia e Administração da USP
Carlos Augusto Calil, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP
Paulo Sérgio Pinheiro, professor de ciência política (FFLCH-USP) e ex-ministro de Direitos Humanos (governo FHC)
Vladimir Safatle, professor de filosofia (FFLCH-USP)
* Os autores escrevem em nome de um grupo maior de docentes da Universidade de São Paulo
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O Ornitorrinco Palestino reafirma seu apoio à luta heróica do povo palestino que, desde 1948, sofre o sistemático genocídio praticado pelo estado nazi-sionista de Israel.
By the way, seus merdas, não sou e nunca fui antisemita.
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