SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Lula 2018

A direita, por óbvio, odeia Lula.

Parcelas da esquerda sem porvir, igualmente, embora o conversê tenha um monte de citações de pé de página e referências descoladas, o que eventualmente esconde o ódio travestido de crítica pela esquerda, ou o que isso possa significar.

Para certa esquerda, exatamente aquela que nunca teve lideranças verdadeiramente populares - e nunca terão - e que acredita em horizontalidades, assembleias diárias as 7 da manhã, manuais delirantes e pulinhos, Lula é uma fodeção em suas teorias.

Como é que esse sujeito é ouvido pelo povão e nós não conseguimos sequer ser ouvidos além dos cercadinhos dos nossos guetos iluminados pela pureza virginal e revolucionária?

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Fui comprar um colchão...

Copiei do Manézinho Impertinente

FUI COMPRAR UM COLCHÃO…

…eu pensava que, pra comprar um colchão, era só chegar numa loja e pedir… ”Moça, eu quero um colchão”…

Mas, nesse mundo tecnológico nada é tão simples. A tecnologia está aí pra assegurar um mundo de novas descobertas, novos saberes e …novas complicações.

Descobri que essa frase é uma sentença. Uma senha que te empurra pra dentro de um labirinto, um cipoal tecnológico, de onde tu só consegues sair depois de um curso intensivo e de uma peregrinação ao Monte Santo de Morfeu.

Cheguei numa loja e, titubeante, pronunciei a senha:

- Moça, boa tarde, eu queria comprar um colchão.

- Boa tarde, o senhor já sabe o tipo?

- Sim, eu quero do tipo que serve pra deitar.

Dito isso, desencadeou-se O Processo.
Ela percebeu que eu não entendia nada de colchões.
Deve ter imaginado que eu recém sai de alguma caverna.

Era a senha para um longo aprendizado que prometia mudar minha vida.
Mola ensacada, mola contínua, KGF (ou seria GFK, ou KFG?), silicone, espuma da NASA, densidade 28, densidade 33, fibra de banana, fibra de bambu, longarinas, membranas, térmico, antialérgico, ortopédico… um cipoal tecnológico.

Enfim, depois da imersão, minha vontade era comprar uma esteira de palha.

Daí, a moça que, nessas alturas, já era meu fio de Ariadne, me convenceu a comprar um colchão que vai embalar meus sonhos cantando “Boi-boi-boi-boi-da-cara-preta”, com a voz de minha Mãe quando cantava pra me ninar e que vai me remeter aos tempos mais singelos e felizes de minha vida.

Agora, estou me concentrando pra iniciar o Curso Preparatório para Comprar Lençóis, com Extensão para Travesseiros.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Sérgio Moro é a nova vítima da democracia rarefeita que ajudou a criar

Copiei do Justificando

“Criei um monstro”, afirmou Golbery do Couto e Silva, general articulador do golpe de 1964, sobre o Serviço Nacional de Informações (SNI), responsável pelos grampos e arapongas do regime militar. Golbery, que apadrinhou Tarcísio Maia, pai do senador José Agripino Maia, para o cargo de governador biônico do Rio Grande do Norte, reclamava da vida própria que o SNI criara, chegando a engolir o próprio criador em 1981 por ocasião do atentado do Riocentro.

Por meses a fio, a imprensa empresarial insulou a operação Lava Jato e os sucessivos e incontáveis abusos que apareciam na esteira das arbitrariedades do juiz Sérgio Moro, de membros do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Enquanto a operação mirava seu arsenal no petismo, pouco interessava se coerções coercitivas abusivas, prisões preventivas arbitrárias e divulgações de áudios colhidos em grampos ilegais sangravam a Constituição, o Código de Processo Penal e a legislação pertinente.

Quanto às delações, amesquinhava-se por completo o fato do artigo 4º, parágrafo 16 da Lei nº 12.850/2013 ser categórico ao prever que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. Na lua de mel entre a Lava Jato e a mídia comercial, um espirro de um delator da Odebrecht não tinha apenas o status de revelação do próprio Oráculo de Delfos, como também era espremido até que de seu sumo pudesse brotar interpretações incriminatórias que pudessem ser jogadas na conta dos adversários da ocasião. Estado de Direito, presunção de inocência, devido processo legal e todos os avanços civilizatórios correlacionados não passavam de inconvenientes à sanha predatória das redações e das penas amestradas da grande imprensa.

Contudo, se tudo que é sólido desmancha no ar, o mesmo pode se dizer das convicções antirrepublicanas das consciências de aluguel e do seu característico moralismo seletivo.

De uns tempos para cá, um naco considerável da imprensa que se consolidou como caudatária dos arroubos absolutistas de Sérgio Moro vem relativizando o que antes era tido como absoluto. O Estadão e a Folha de S. Paulo, em sucessivas matérias, artigos e editoriais, deixaram de massagear com hidratante os pés do magistrado paranaense para dirigir incisivas críticas ao viés monárquico com que lida com a aplicação das leis. Cinismo? Certamente. Afinal, ninguém é ingênuo ao ponto de achar que só agora os clãs dos Frias e dos Mesquita descobriram que a mistura entre moralismo e combate à corrupção costuma causar efeitos indigestos à própria democracia.

Num lampejo matinal, só recentemente descobriram que existe uma coisa chamada presunção de inocência, incompatível com o linchamento moral ocasionado por delações que não se sustentam por si próprias. O mais incrível é que, em outra admirável epifania republicana, passaram a criticar até os vazamentos, os mesmos nos quais se refestelaram quando a operação ainda concentrava suas forças em nomes do PT.

Todavia, o tempo passou não apareceram provas para socorrer delações como a de Delcídio Amaral e as que incriminaram João Vaccari Neto, condenado por Sérgio Moro e absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região sob o fundamento de que fora condenado apenas com base em delações premiadas, insuficientes, como visto, para levar alguém à condenação.

Ainda que a lei expressamente afirme que as delações não têm o valor de prova absoluta e as civilizações ocidentais, em suas democracias formais, baseiem-se em princípios como os do devido processo legal e da presunção de inocência, o terror jacobino em que se transformou a Lava Jato transformou, de forma desonesta e falaciosa, estas garantias constitucionais em obstáculos ao combate à corrupção. O estado democrático de direito, nas lentes sofistas do moralismo vulgar, seria incompatível com os propósitos messiânicos de varrer a corrupção do mapa. É só perceber, por exemplo, como a OAB vem se calando diante da constante violação das prerrogativas da categoria que diz representar.

O problema é que todos, indiscriminadamente, estão sujeitos a sofrer as consequências nefastas de uma democracia rarefeita – incluindo o próprio Sérgio Moro.

Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht e réu na Lava Jato, afirmou que o advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento de Moro, atuou no sentido de conseguir facilidades em um acordo de delação premiada por meio de negociações clandestinas com a força tarefa da Lava Jato. A nota divulgada por Moro em resposta é simplesmente incrível: saindo em defesa do amigo, afirmou o magistrado que a acusação carece de provas concretas e que não se deve dar crédito à palavra de um acusado – exatamente o que o próprio Sérgio Moro vem fazendo ao conferir às delações um valor probatório que a própria lei proíbe bem como ao banalizar a decretação de prisões preventivas.

Frente a quantidade de indícios que apontam para a necessidade de esclarecimentos, Moro estaria em péssimos lençóis caso esta situação fosse apreciada por algum juiz justiceiro entusiasta de sua metodologia nada republicana. O juiz e a força tarefa terão, agora, que se valer da presunção de inocência tão vilipendiada pela 13ª Vara Federal de Curitiba para que seus patrimônios morais não sejam injustamente arranhados.

Nos tempos do terror jacobino, nem Robespierre e Danton, líderes da Revolução Francesa, escaparam de ser guilhotinados pela justiça revolucionária. O problema de tirar o Estado Democrático de Direito do bolso quando convém é a inconveniência de ter que lidar com o monstro que crescera se alimentando de pedaços da democracia. As mãos que indolentemente lhe jogaram fatias, ao que parece, são as mesmas que hoje correm o risco de ser devoradas. Agora, que da democracia restam apenas os pés e o pescoço, será possível abrir uma exceção dentro da exceção e salvaguardar Sérgio Moro, Dallagnol e sua equipe da atmosfera jacobina que eles próprios criaram?

Gustavo Freire Barbosa é professor e advogado. 

domingo, 27 de agosto de 2017

Súbitos poemas dominicais

POEMINHA GOURMET
Eu teorizo
(e tomo café da manhã e almoço e janto!) 

Tu teorizas
(e saboreias hamburger de saco escrotal de lemingues da noruega!)

Ele toca a vida sacolejando em ônibus e trens precários
Nós teorizamos
(e tomamos café gourmet cagado e fermentado por longrotas da indonésia!)

Vós teorizais
(cartapácios para arquivos e tomais vinhotes legais!)

Eles tocam a vida e se acotovelam em busca de trabalho precário
(E há quem ainda não entenda ou não queira entender Lula)
(Lula, me parece, sempre foi um ele inviável no meio dos eles todos)
---xxx---
POEMA DA LIMINAR EMPOEIRADA
Eu helicoco
Tu helicocas
Ele perrela uma liminar
Nós helicocamos
Vós helicocais
Eles perrelam em nossas cabeças
---xxx---

EU, TU ELES
Eu teorizo
Tu teorizas
Eles pouco entendem
Nós teorizamos
Vós teorizais
Eles elegem dória

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

OUTRO POEMA PARA MEUS NETOS

Tenho quase morrido
De apertos no peito
Haverei de morrer-me
Que será decisão minha
Morrerei quando eu quiser
Estejam avisados
Tenho 8 netos entretanto
E aperta-me a dor aguda
De não saber 
O que será da suas vidas
Hiago 
Luna 
German 
João
Catarina 
Mariana
Francisco 
Miguel 
O que será de vocês
Viveria se pudesse mais uns 100 anos
Só para amar defender proteger
Meus meninos e minhas meninas
Lutem ergam-se insurgentes
Ergam-se de valentias
Ergam-se na contra corrente
(E lutem contra a porra do hífen também)
E saibam que o jogo é complicado 
Mas ao mesmo tempo muito simples
É socialismo ou barbárie

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Há quem diga que eu fugi da briga, que marquei bobeira e que Durango Kid quase me pegou

Em 20 de agosto às 21:39, muito modestamente como é praxe, tratei de Botar Meu Bloco na Rua, e postei no FB singela observação e, para minha surpresa, o pau quebrou.
Reproduzo os comentários que pontuaram o bom debate que os compas Leandro Nunes, Maerlio Barbosa, Anízio Garcez Homem, Serginho Athaíde, André Castelo Branco Machado e a companheira Sueli Moraes da Luz fizeram.

---xxx---

Paulo Roberto Cequinel Tem gente que acredita que sindicato não pode negociar, que cada assembleia tem que ser uma sessão de denúncia do capitalismo. 
Em geral, e no mais das vezes, estão muito comodamente bem pagos pelas academias, com estabilidade no emprego e tudo mais.
O modesto cronista que vos fala, obviamente com meus companheiros de direção, organizou greves que pararam a produção da refinaria de Araucária.
O nome disso tudo é essa porra de vida real. 
Mas eu, ai de mim, não sou um intelectual orgânico.

Leandro Nunes "estão muito comodamente bem pagos pelas academias, com estabilidade no emprego"
Muito bem pagos para passar os dias copiando a cópia da cópia da cópia, e tentando disfarçar o plágio e a desonestidade intelectual ou caçando pelo em ovos. Resolver os problemas da sociedade? Acho que não entendem bem o que é isso.

Maerlio Barbosa Greve só sai quando ela é necessária e a direção consegue entender esse anseio e tem a responsabilidade transformá-lo em ação concreta de luta. E à vezes dá muito trabalho, como nos petroleiros, por exemplo, que para fazer greve trabalham dobrado, pois têm a responsabilidade de ir parando aos poucos para não estragar os equipamentos, desaquecendo as caldeiras, os equipamentos, limpando... Deixando tudo pronto para o retorno. Tem certas coisas que as academias do esquerdismo não ensinam. Esse pessoal adora vomitar teorias em assembleias de cansados trabalhadores em luta por melhoria de vida e trabalho dignos. Talvez apenas não tenham aprendido sobre humanidade.

Anizio Garcez Homem Cequinel, me permita: eu acho que toda a assembleia de trabalhadores tem que ser uma sessão de denúncia do capitalismo (adaptada às circunstâncias, obviamente), pois os sindicatos (ao menos os cutistas, e isso está lá na fundação da Central) lutam pelos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores, o que portanto exige inocular, a partir de cada atitude exploradora, opressora, de assédio patronal, por mínima que seja, a ideia de que o sistema é antagônico aos interesses dos trabalhadores. Deixar de fazer isso é incorrer no sindicalismo de corporação, sindicalismo de resultados. Relacionar o programa mínimo ao programa máximo sempre foi uma tarefa a que se deram os socialistas, e que depois os social-democratas conciliacionistas transformaram em apenas falar do programa mínimo e deixar pra mais tarde, quem sabe um dia, tocar no assunto do programa máximo. Outra coisa: sindicato é sim pra negociar o preço da força de trabalho no sistema de assalariamento capitalista, mas sempre tendo como limite a defesa do conquistado e nunca aceitar retrocessos. Uma coisa é o patrão e a classe capitalista imporem retrocessos pela relação de forças de uma luta, outra é a direção do sindicato fazer um acordo em que estes retrocessos - muitas vezes sem qualquer luta - são aceitos pelas partes, isso não é negociar é outra coisa, que alguns chamam "negociação de perdas".

Serginho Athaíde Cequinel, Maerlio e Anísio, a vida concreta é sempre maior que o seu discurso, sua interpretação é sempre uma aproximação pobre, as vezes através de uma falação incompreensível para uma trabalhador ou trabalhadora. Isto fica muito claro no discurso acadêmico, poético e esquerdista do Anísio, um exemplo dado com propriedade aos que estão acompanhando esse post e comentários. As torres da academia e de certa poesia sofisticada não conseguem levar os acadêmicos e esquerdistas a luta concreta e nem subjetiva possível da classe trabalhadora, luta que os sindicalistas, mais próximos ou não muito da realidade do dia a dia dos trabalhadores e trabalhadoras, realizam como práxis concreta contra o capital, como Cequinel e Ceará fizeram no passado, mas que talvez o Anísio nunca a tenha feito um dia.

Anisio Garcez Homem Serginho Athayde eu nunca fui sindicalista, portanto, nunca tive um papel direto na direção de entidade sindical alguma e, portanto, não há como comparar minha intervenção sindical com a do Paulo Roberto Cequinel. No entanto, como militante socialista e dirigente político foi incontornável me preocupar por incontáveis vezes com problemas de orientação sindical, o que não me torna nem doutor e nem infalível em nada, mas tampouco autoriza você ou quem quer seja a dizer que não tenho nenhuma aproximação com os problemas sindicais. Aliás, eu não sei de onde você tirou esta ideia de práxis "concreta", que muito se parece com aquilo que você diz abominar que são certos exercícios intelectualóides de academia, que aliás, nada têm a ver comigo que nem diploma de terceiro grau tenho. Práxis, para um socialista (isso vem de Marx) sempre incluí a necessária dimensão teórica das coisas na ação, agora você acrescentou ao conceito de práxis um puxadinho que é essa coisa de "concreto" para livrar-se ou enfraquecer o lugar da necessária teoria. Sua finalidade é da dizer: só quem conhece das coisas é quem as pratica. Por exemplo, Marx conhecia mais sobre a classe operária na produção capitalista que todos os operários juntos a emprestar diariamente seus músculos à exploração patronal. Portanto, menos arrogância e desqualificação pessoal e mais atenção aos temas em debate.

Serginho Athaíde Anísio, não sou teórico, nem acadêmico e nem poeta, penso que a filosofia só é um instrumento útil e verdadeiro quando transforma a realidade. Você esta correto quando fala que é um absurdo falar em práxis concreta, só coloquei esta repetição para reforçar, o que não é um absurdo, da importância imperiosa da prática, da participação, da experiência na luta. Quanto a minha arrogância, nada a ver, mas quando leio sua colocação relativa a Marx, me desculpe, não é nenhuma desqualificação pessoal, mas entendo que você esta muito longe de Marx, não só como teórico, mas como militante, pelo que andei lendo, o barbudo participou de movimentos.

Anisio Garcez Homem Serginho Athayde, em primeiro lugar me permita, infelizmente, ter de concordar com você de que estou muito longe de ser um Marx como teórico ou militante. Infelizmente para mim e para o movimento operário mundial nesta hora difícil de uma crise profunda do capitalismo mas na qual a maioria das direções políticas do proletariado abandonaram a perspectiva da luta socialista em prol da humanização do capital (algo cada dia menos explicável). Mas o fato de não ser uma espécie de Marx, não acho que isso invalide minhas críticas feitas à postagem do Cequinel, sobre as quais você ainda não tratou. Me felicito por ter te convencido de que não existe este fenômeno chamado práxis concreta, pois o conceito de práxis inclui obrigatoriamente a prática junto à teoria. Para terminar, você acredita mesmo que em 37 anos de militância política eu não tenha participado de movimentos, greves, manifestações, campanha eleitoral? Eu poderia te apresentar aqui uma extensa lista de tudo que eu já participei, evocando inclusive, em alguns casos, o teu próprio testemunho, mas acho que isso é desnecessário entre nós. Feito os esclarecimentos, voltemos ao tema do sindicalismo.

Serginho Athaíde Anísio, vamos lá! Marx foi contemporâneo de Darwin e Wallace, isso não se pode negar, logo, muito menos que sua teoria econômica, política e ideológica tenha tido como um de seus pilares filosóficos a evolução. E o desconhecimento disso, me impressiona, porque me coloca a dúvida se não acharmos que os nossos velhos livros são bíblias, inquestionáveis e servem para todos os tempos. Estamos assistindo o emergir de uma sociedade pós-humana, vivemos no furacão de uma crise civilizatória em que assistimos valores e conceitos serem desconstruídos da noite pro dia, numa época diabólica em que o conhecimento científico e o avanço tecnológico caminham na velocidade da luz e desencadeiam transformações nas forças produtivas, na produção, na cultura, etc., ou seja, mágicos tempos em que tudo que é sólido se desmancha no ar. Sem nenhuma certeza, acredito que diante dessa realidade caótica o capital se desespera a nível mundial, não entende o que acontece e não controla, por isso, parte para uma busca cega e desvairada pela implantação do retrocesso e conservadorismo político pelos quatro cantos do globo, tenta impedir que seja atropelado pela revoluções que, não tenho nenhuma dúvidas, estão acontecendo. Logicamente, não conseguimos percebe-las, o marxismo ajuda, mas não para compreende-las ampla e profundamente essa realidade. Por isso, pra mim, o buraco é mais embaixo, a esquerda ainda navega no século passado, não entende que a hegemonia não é mais da classe operária, que já estamos vivendo a revolução digital, ou seja, já caminhamos além da era industrial, que a história esta sendo construída de outra maneira. Todos nós da esquerda deveríamos ter a humildade de perceber que os velhos livros, todos, nos transformam em mortos vivos, deformados por uma profunda alienação e cegueira, principalmente quando a cada dia que passa nos tornamos mais operadores do que pensadores, mas tudo bem, no final tudo é uma máquina, não é mesmo Anísio, ou perdôe-me de não ter ficado nos limites da crítica do Cequinel.

André Castelo Branco Machado Eu já fiz algumas greves, inclusive já ajudei a fazer piquete na refinaria. Já combati o sindicalista pseudo radical, desses que se recusam a negociar, pois pensam que qualquer avanço ou conquista representará uma adaptação do trabalhador ao patrão; e também o sindicalista reacionário, que diz não existir luta de classes ou não aceita "misturar" política nas greves. Tanto um quanto o outro desmobilizam a luta dos trabalhadores. É preciso sempre ter a luta por reivindicações específicas combinadas com denúncias da perversidade do capitalismo, a partir da vida do trabalhador.

Sueli Moraes da Luz Me senti, lendo tudo, em um debate fervoroso, instrutivo, e de formação sindical política de fato. Aprendi mais sobre o sindicalismo e os sindicalistas nestes posts do que vários anos que trabalhei em vários sindicatos. Mas, companheiros, a luta sindical pode e deve ser a mesma entre nós, os socialistas, mas a categoria difere muito. Trabalhei nos Petroleiros, nos Metalúrgicos, e no SIMTAEMA (Sabesp) e CUT, todos de SP, e alem de ver diferenças entre as categorias ainda vejo diferenças regionais. E pra falar a verdade, somente o sindicalista sabe a dor de o ser.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

POEMA DE HOJE PARA GERMAN


Escrevi outros poeminhas procê, meu menino
Versos de avoar e de abraços
De sentir-me seguro com você por perto
Gosto deles todos como é meu direito
Já briguei com você, meu menino
Umas poucas vezes eu estava certo
Outras tantas vezes estava certo também
Afinal, como um avô meio pai pode errar?
Avô meio pai, entretanto, erro muito
Neto meio filho erra muito também
Porque avô meio pai e neto meio filho
São apenas humanos de imperfeita criação
A pintura em seu rosto
Que provocou reação na escola
Não me preocupa nem me espanta
Nem seu cabelo ateu
Nem sua clareza para entender o povo LGBTT
Nem sua inquietude de quem abre
Largas varandas infinitas
Pra olhar o mundo
Seus generosos abraços em cães de rua
Não me espantam
A voz herdada da sua mãe
Cantando beatles por exemplo
Sua voz espalhada em minha vida
Me emociona sempre e me redime
O avô meio pai veio aqui pra dizer
Amo você, meu menino German

Vô Paulo, 17/08/2017

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

CARTA ABERTA AOS MINISTROS DO SUPREMO, POR LUÍS NASSIF

SEXTA, 11/08/2017

O jogo da Lava Jato está decidido. No caso dos inquéritos e processos da primeira fase – contra o PT e o PMDB – dê-se continuidade e abram-se quantas representações forem possíveis com base em qualquer tipo de indício – como demonstrou ontem a 11a Vara Federal do Distrito Federal.
Em relação à fase tucana, duas formas de anulação.
Na fase dos inquéritos, direcionamento para Policiais Federais do grupo de Aécio Neves.
No âmbito do Supremo, a distribuição dos inquéritos e processos para o Ministro Gilmar Mendes, através da inacreditável coincidência de sorteios,
Depois dos processos de Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes, hoje Gilmar acabou sorteado para relatar também o do senador Cássio Cunha Lima.
É uma sucessão de coincidências. 
E vamos falar um pouco de escândalos e da capacidade de gerar indignação.
Escândalo é uma das formas de controle da sociedade sobre autoridades, desde que gere indignação. A maneira de reagir ao escândalo, de avaliar objetivamente o escândalo, mostra o grau de desenvolvimento de uma sociedade e, especialmente, da sua mídia. Em sociedades permissivas, os escândalos produzem pouca indignação.
Quando se cria um escândalo em torno da compra de uma tapioca com cartão corporativo e se cala ante o fato de um presidente ser denunciado por crimes e se manter no cargo, algo está errado, como observou recentemente Herta Däubler-Gmelin, que ocupou o cargo de ministra da Justiça na Alemanha entre 1998 e 2002. Ela lembrou o caso do presidente Christian Wulff, que renunciou devido a um depósito de 700 euros em sua conta.
Por aqui, há tempos a mídia aprendeu a conviver com o escândalo seletivo e fugir dos escândalos essenciais. Com isso, um dos freios centrais de uma democracia, contra abusos de autoridades – as reações públicas a atitudes escandalosas – perde a eficácia.
Só um notável entorpecimento moral para explicar a falta de reações dos Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) às atitudes de Gilmar Mendes.
Tanto no STF quanto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é idêntica a (não) reação a Gilmar. Para não ter que enfrentá-lo, colegas inventaram o álibi da excentricidade. Ele é excêntrico, ninguém leva a sério, logo a melhor política é ignorá-lo.
Pessoal, não dá mais! Esse álibi para a não-ação não cola.
Admitir que um Ministro do STF fale o que Gilmar falou sobre o Procurador Geral da República, aceitar que ele visite um presidente da República que está sendo processado e o aconselhe, a sucessão de processos sorteados para ele, os patrocínios aos seus eventos por corporações com pleitos no Supremo, é de responsabilidade pessoal de cada Ministro do Supremo.
Não há biografia que resista, por mais elaborada que seja, à tolerância a um Gilmar. Cada vez que Gilmar extrapola, e Celso de Mello se cala, o silêncio não é um grito, nem solidariedade corporativa: é sinal de medo, de falta de solidariedade e respeito para com o país, porque é o país que sai humilhado e se rebaixa ao nível das nações onde impere a ausência de qualquer regramento. E não se compreende um Ministro indicado para a mais alta corte do país, que não saia em defesa dela, quando exposta a atos que a desmoralizam.
Celso de Mello tem medo, assim como Marco Aurélio de Mello, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, a presidente Carmen Lúcia, Luiz Fux, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Rosa Weber. E não adianta tirar o corpo: Gilmar desmoraliza todo um país, mas é um problema do STF e de responsabilidade individual de cada um dos Ministros, porque os únicos em condições de contê-lo.
Com esse silêncio ensurdecedor, o que fazer?
Vocês, senhores Ministros, obrigam pessoas sem nenhum poder de Estado, a externar em um blog a indignação ante a falta de reação aos abusos e de desrespeito ao país, ficando exposto a processos e retaliações de Gilmar. Nós estamos pagando, com as ações abertas por Gilmar, para cumprir uma tarefa que deveria ser dos senhores.
Esperamos que, passada a fase do espanto ante Gilmar, possa se esperar dos senhores uma atitude à altura do poder que representam e do país que deve merecer seu respeito.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Sistema prisional ou como dizer que se odeia pobre

Copiei do GGN

Nenhuma novidade há em alertar para a crise em que vive a humanidade, sobretudo no que se refere às ciências e às instituições. A fé no positivismo, na possibilidade de termos ciências isentas e, consequentemente, justas por si só, por construção sistêmica ou por alguma organização previamente estabelecida, essa fé morreu.

Isso no direito é muito grave. Por certo, o direito sempre foi instrumento de poder. Não importa se o técnico da ocasião nem sequer percebia estar sendo engrenagem desse mecanismo carregado de força repressora ao usar argumentos forjados em gabinetes, o direito sempre foi uma arma burguesa com a mira bem definida.

No caso do direito penal, verdadeiramente uma arma de morte. As desculpas para prender, matar, torturar, são muitas, ressocialização, segurança pública, prevenção etc., mas, com a prisão, o direito penal tem exercido papel exemplar de guarda costas da injustiça e da desigualdade social.

Talvez a fé na ciência direito, alguns dos seus postulados iluministas, garantias forjadas em período no qual burgueses ainda se sentiam ameaçados por alguma lettre de cachet, tenha, por um tempo, funcionado como inibidor dessa metralhadora em que se tornou o encarceramento em massa da população pobre, mas o momento atual é de arma desregulada e atirando para todos os lados, na periferia.

Em época na qual qualquer aventureiro cheio de ódio nos olhos nas telas dos computadores, por intermédio das redes sociais, é especialista em direito penal, vomitando seu desejo de morte em cada comentário, o direito em si, como possibilidade de servir de inibidor da sede repressiva do Estado, morre.

Não só porque as instituições estão perdendo legitimidade e o Estado acaba se sustentando no agir com base na opinião pública de Facebook, último recurso para se sustentar como poder, mesmo que seja agravando o caos. Mas também porque os próprios agentes dessas instituições não acreditam mais no direito, agem sob o efeito de manada e, hoje, um juiz, um promotor, e até um acadêmico, não diferem muito de um lunático à frente do Twitter.

O resultado é que o sentimento de ódio de classe acaba sendo o único a fundamentar tanta morte e violência. O pobre, que sempre carregou a culpa por ser pobre nessa sociedade baseada na mentira da possibilidade de todos enriquecerem, é punido só pelo fato de ser pobre e, se cometer algum ato tido como criminoso, será punido duas vezes, punido com todo aquele rancor de uma sociedade à qual está vedado reconhecer o seu verdadeiro sentimento: o ódio ao pobre.

O tratamento humano, o perdão, nem pensar. Aliás, perdão nessa sociedade de troca, de ganho e acúmulo de propriedade, é praticamente um pecado. O pobre não pode pagar nem a sua própria sustentabilidade, já a paga com sangue a sua condição mesma, e, assim, não pode ser tratado com humanidade, pois isso seria negar os princípios da troca, vez que, afinal, o pobre não tem nada para oferecer.

O crime, do pobre, acaba sendo um ato libertador. Libertador da hipocrisia de tratamento a que o pobre é submetido, libertador do sentimento burguês de ódio ao pobre: agora sim, pode-se dizer pobre bom é pobre morto; com outras palavras, mas bem inteligíveis no contexto social.

Para concluir de maneira bem clara, sem os subterfúgios contra os quais esse texto foi pensado, o que chamam de sistema penitenciário, para que o mesmo ganhe com a aura científica da palavra sistema, nada mais é do que uma rede de encarceramento, resultado da liberdade que, com o crime, o sistema ganhou para afirmar o seu ódio aos pobres.

Luís Carlos Valois é colunista do Diário Online Causa Operária e do Semanário Nacional Causa Operária. Juiz de direito, mestre e doutor em direito penal e criminologia pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP, membro da Associação de Juízes para a Democracia – AJD e do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Exclusivo: Ata do Congresso Extraordinário da Expiação e da Redenção do PT

Eu ali na presidência, no meio da mesa, no comando no Congresso Extaraordinário da Expiação e da Redenção do PT.

- Compas da estrelinha petista, declaro aberta a sessão de expiação de nossos pecados medonhos. Três defensores do que foi feito, os únicos que encontramos, falarão por até 3 minutos cada um, e tentarão explicar o inexplicável, as merdas todas cometidas, as merdas todas que foram tentadas, os cagadas, os cagalhões, os erros políticos, a conciliação fedorenta, a tenebrosa política de alianças, e os erros todos, inclusive os que ainda não conhecemos. Já os 18 inscritos que demonstrarão de maneira solar que o PT, desde 2003, se transformou numa máquina produtora de traições aos trabalhadores, poderão falar, cada um, durante 36 horas e 15 minutos, que esta presidência controlará de modo severo. Com a palavra o primeiro dos lamentáveis defensores dos erros do petismo.

E o primeiro defensor fala dos 20 milhões de empregos criados desde 2003; o segundo, dos milhões de brasileiros e brasileiras que superaram a miséria absoluta; o terceiro, o mais modesto e que passou fome quando criança, pede desculpas aos acusadores e lembra a todos nós, os que nunca passamos fome, que os governos do PT removeram o Brasil do Mapa da Fome.

E eu ali, no comando do processo de expiação redentora, dou a palavra aos 18 impolutos, aos virginais, aos revolucionários limpinhos.

Do um ao dezoito, um depois do outro, desfilam com brilhantismo de comercial de amaciante de roupas, as mais malemolentes teorias, as mais perfumosas teses, e citam nomes que nem mesmo a base degenerada do petismo conhece, e até fazem notas de rodapé em discurso, coisa espantosa para aqueles cujos pés tocaram a porra do esgotão a céu aberto da realidade e da vida.

Depois de quatro dias ali na presidência, ao perceber que cada um dos dezoito iluminados trouxe um archote teórico e tentavam acender as fogueiras redentoras eu, no uso das minhas atribuições, dei por encerrada aquela pataquada do esquerdismo onanista, meio judaico-cristão, que acredita que todos somos portadores de algum pecado original que não sai nem esfregando caco de telha, e que prega que todos devemos, a cada domingo, nos ajoelhar no milho e confessar nossos pecados de gente que não conhece as teorias e teses, e mandei lavrar esta ata, dando a ela o mais amplo conhecimento para meus praticamente 8 seguidores.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Ali, bem acima de nosostros, vê-se uma teoria luminosa

Lance um ovo
Uma granada
Uma cusparada
De um chute no saco
Diga um palavrão
Um daqueles
Ou olhe para o céu
E procure teorias esvoaçantes
Elas estarão lá
Acima da vida real
Luminosas feito
O espírito santo
O amapá o acre e santa catarina
Luminosas feito luzes
Pateticamente desligadas
Depois de décadas
Por falta de lume

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Velho é o que sou

Doem-me as juntas, assaltam-me as dúvidas, mas não reclamo, todavia, e explico.
O que faço é chutar as canelas da ultra esquerda onanista e da jaguarada coxinhenta, e haverá quem não acredite que eu - uau! - recebo a correspondência aqui do prédio, e coloco tudo direitinho nas caixas postais, não erro uma sequer, e é o que posso e sei fazer, ao fim e ao cabo.
Sempre quis usar a palavra todavia em meus dispensáveis textos, e está feito, e as correspondências aqui do prédio chegarão aos destinatários, como sempre.
Do resto garanto quase nada.