SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O petismo búlgaro quer acabar com os ornitorrincos!

Copiei de Limpinho&Cheiroso

Ornitorrinco02A

Emir Sader, via Carta Maior

As coisas funcionam assim: um domingo a Veja denuncia que o governo teria pronto um plano para eliminar todos os ornitorrincos do território nacional.

À noite, o Fantástico, com uma reportagem cheia de detalhes, dando a impressão que já a tinha preparada, rogando aos espectadores para que façam algo para parar o extermínio. E, enquanto soa uma música dramática de fundo, diz que não façam por cada um de nós, mas pelos ornitorrincos.

No dia seguinte, a Folha intitula: “Feroz investida do governo contra os ornitorrincos”. “Ameaça de extinção”.

Na terça-feira, o Jô coloca a pergunta: Vão desaparecer os ornitorrincos? Como os brasileiros não reagem frente à extinção dos ornitorrincos?

Miriam Porcão fala da escassez dos ornitorrincos, com seus reflexos na inflação e na pressão para novo aumento da taxa de juros.

FHC escreve sobre a indiferença do Lula e a incompetência gerencial do governo para proteger a vida de um animal que marcou tão profundamente a identidade nacional como o ornitorrinco.

Aécio diz que está disposto a por em prática um choque de gestão, similar ao que realizou em Minas, onde a reprodução dos ornitorrincos está assegurada.

Marina diz que a ameaça de extinção dos ornitorrincos é parte essencial do plano do governo da Dilma de extinção do meio ambiente. Que assim que terminar de conseguir as assinaturas para ser candidata, vai apelar a organismos internacionais a que intervenham no Brasil para evitar a extinção dos ornitorrincos.

Marcelo Freixo denuncia que são milícias pagas pelo governo os que estão executando, fria e sistematicamente, os ornitorrincos.

Em editorial, o Estadão afirma que o extermínio dos ornitorrincos faz parte do plano de extinção da imprensa livre no Brasil e que convocará reunião extraordinária da SIP para discutir o tema.

Um repórter do Jornal Nacional aborda o ministro da Agricultura, perguntando os motivos pelos quais o governo decidiu terminar com os ornitorrincos, ao que o ministro, depois de olhar o microfone, para saber se é do CQC, respondeu: “Mas se aqui não há ornitorrincos!” O repórter comenta para a câmera: “No governo não querem admitir a existência do plano de extermínio dos ornitorrincos, que já está sendo posto em prática.”

Começam a circular mensagens na internet, que dizem: “Todos somos ornitorrincos” e “Se tocam em um ornitorrinco, tocam a todos nós”.

Heloísa Helena declara que os ornitorrincos são só o princípio e que o governo não tem limites em sua atuação criminosa, os coalas e os ursos pandas que se cuidem.

Uma ONG com sede em Washington lança uma campanha com o lema: “Fight against Brazilian dictatorship! Save the ornitorrincs!”

O Globo, Folha e o Estadão com a mesma manchete: “Sugestivo silêncio da presidente confirma culpabilidade.”

Colunista do UOL diz que, de fonte segura, lhe disseram que o governo, diante da péssima repercussão de seu plano de exterminar os ornitorrincos, decidiu retroceder.

Todos os jornais editorializam, no final da semana, que os ornitorrincos do Brasil estão salvos, graças à heroica campanha da imprensa livre.

***

Este artigo é a simples tradução e adaptação dos nomes para personagens locais de um texto que corre nas redes sociais da Argentina. As coisas funcionam assim lá e aqui.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Evangélico, eu?

Copiei de Onaldo Pereira

É interessante que os evangélicos tradicionais, tipo os batistas, anglicanos, luteranos, metodistas e presbiterianos estão, hoje em dia, preferindo ser conhecidos como protestantes ou pelo nome de suas denominações. Alguns chegam ao ponto de mudar o nome de suas instituições. Vários hospitais evangélicos estão passando a ter o nome da denominação a que pertence. Exemplo disso, o Hospital Evangélico de Rio Verde, o maior do gênero no Estado, passou a chamar-se Hospital Presbiteriano Dr. Gordon. 
Eles estão com vergonha da palavra evangélico e tudo o que ela significa agora; isto um pastor, primo meu, me afirmou. Os menonitas, se perguntados se são evangélicos, dizem: "não, somos cristãos!"
As diferenças entre as igrejas eram doutrinais, uns batizam crianças, outros só adultos, uns creem na predestinação, outros no livre árbitro. As de hoje creem todas as mesmas coisas, mas se dividem pela bufunfa envolvida, cada pastor quer um rebanho rendoso, só para si!
Quando os evangélicos tradicionais abriram missões no Brasil entraram num acordo; os presbiterianos fundariam hospitais, os metodistas escolas superiores e os batistas colégios, nas capitais todos fariam de tudo. Naquela época, missão significava atender às necessidades da pessoa inteira, não apenas "salvar almas". Hoje, qual das mega-igrejas fundam universidades e hospitais, embora nadem em dinheiro?!

O estalinismo neo-pentecostal não sai nem esfregando com caco de telha

Leio no formidável livro "Marighella, o querrilheiro que incendiou o mundo" (Mário Magalhães, Companhia de Letras), página 229, uma declaração do nosso valoroso PCB, de julho de 1954, que proclamava que "o governo Vargas é um governo de traição nacional" e que "cresce a impopularidade de Vargas e de toda sua camarilha" e, mais ainda, que "durante o governo Vargas tudo piorou para o povo".
Ocorre que em agosto de 1954, depois do suicídio de Vargas, o povo andou quebrando sedes do velho PCB.
Pois muito bem e cousa e lousa.
Para mim uma das mais luminosas "qualidades" do PCB foi a de não conseguir jamais entender o Brasil e o povo brasileiro e, agora em 2013, julgo que o partido permanece enredado em sua miopia conservadora.

Com palavreado um pouco mais moderno o partidão repete a mesma avaliação a respeito dos governos petistas, que merecem e precisam ser duramente criticados e questionados, é óbvio, mas o glorioso partidão, a meu juízo, obra o mesmo erro de avaliação que produziu em 1954.
Não é nenhuma novidade. O PCB permanece escolhendo aliados e adversários de modo equivocado, tanto que tem o PT na sua alça de mira, o que é mais uma das suas cagadas históricas.
Tem coisas que não saem nem esfregando com caco de telha. O estalinismo neo-pentecostal é uma delas.

Alemão para principiantes: Krendiospaiwagen, gottardamerüng, albeztzaiger, stainegger, blütenblättern!

Copiei de Fotoz up
The German language (7) 
The German language (6) 
The German language (5) 
The German language (4) 
The German language (3) 
The German language (2) 
The German language (1)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Gospel penetration in the ass: doce mensagem para o culto dominical

Um blogueiro amigo indicou-me este belo momento gospel, mas não quer que seu nome apareça. Disse-me que, se eu o "entregasse", mandaria centenas de crentes ao meu portão, em pleno domingo.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Muddy Water Blues

Paul Rodgers é para mim um dos maiores vocalistas do rock, um dos big ones, desde os tempos do Free e de seu guitarrista maluco, Paul Kossoff.
Ouçam este blues perfeito e arrepiante e prestem todas as atenções para o coro da mulherada. Elas estavam encapetadas. 
De arrepiar, meninos e meninas.

Flatular em elevadores é sintoma de algum distúrbio mental?

Copiei de Eliane Brum

Acordei doente mental

A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos tiveram pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”. 
A nova edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) exibe mais de 300 patologias, distribuídas por 947 páginas. Custa US$ 133,08 (com desconto) no anúncio de pré-venda no site da Amazon. Descobri que sou doente mental ao conhecer apenas algumas das novas modalidades, que tem sido apresentadas pela imprensa internacional. Tenho quase todas. “Distúrbio de Hoarding”. Tenho. Caracteriza-se pela dificuldade persistente de se desfazer de objetos ou de “lixo”, independentemente de seu valor real. Sou assolada por uma enorme dificuldade de botar coisas fora, de bloquinhos de entrevistas dos anos 90 a sapatos imprestáveis para o uso, o que resulta em acúmulos de caixas pelo apartamento. Remédio pra mim. “Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, que consiste numa TPM mais severa. Culpada. Qualquer um que convive comigo está agora autorizado a me chamar de louca nas duas semanas anteriores à menstruação. Remédio pra mim. “Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica”. A pessoa devora quantidades “excessivas” de comida num período delimitado de até duas horas, pelo menos uma vez por semana, durante três meses ou mais. Certeza que tenho. Bastaria me ver comendo feijão, quando chego a cinco ou seis pratos fundo fácil. Mas, para não ter dúvida, devoro de uma a duas latas de leite condensado por semana, em menos de duas horas, há décadas, enquanto leio um livro igualmente delicioso, num ritual que eu chamava de “momento de felicidade absoluta”, mas que, de fato, agora eu sei, é uma doença mental. Em vez de leite condensado, remédio pra mim. Identifiquei outras anomalias, mas fiquemos neste parágrafo gigante, para que os transtornos psiquiátricos que me afetam não ocupem o texto inteiro. 
Há uma novidade mais interessante do que as doenças recém inventadas pela nova “Bíblia”. Seu lançamento vem marcado por uma controvérsia sem precedentes. Se sempre houve uma crítica contundente às edições anteriores, especialmente por parte de psicólogos e psicanalistas, a quinta edição tem sido atacada com mais ferocidade justamente por quem costumava não só defender o manual, como participar de sua elaboração. Alguns nomes reluzentes da psiquiatria americana estão, digamos, saltando do navio. Como não há cordeiros nesse campo, movido em parte pelos bilhões de dólares da indústria farmacêutica, é legítimo perguntar: perceberam que há abusos e estão fazendo uma “mea culpa” sincera antes que seja tarde, ou estão vendo que o navio está adernando e querem salvar o seu nome, ou trata-se de uma disputa interna de poder em que os participantes das edições anteriores foram derrotados por outro grupo, ou tudo isso junto e mais alguma coisa?  
Não conheço os labirintos da APA para alcançar a resposta, mas acredito que vale a pena ficarmos atentos aos próximos capítulos. Por um motivo acima de qualquer suspeita: o DSM influencia não só a saúde mental nos Estados Unidos, mas é o manual utilizado pelos médicos em praticamente todos os países, pelo menos os ocidentais, incluindo o Brasil. É também usado como referência no sistema de classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É, portanto, o que define o que é ser “anormal” em nossa época – e este é um enorme poder. Vale a pena sublinhar com tinta bem forte que, para cada nova patologia, abre-se um novo mercado para a indústria farmacêutica. Esta, sim, nunca foi tão feliz – e saudável. 
O crítico mais barulhento do DSM-5 parece ser o psiquiatra Allen Frances, que, vejam só, foi o coordenador da quarta edição do manual, lançada em 1994. Professor emérito da Universidade de Duke, ele tem um blog no Huffington Post que praticamente usa apenas para detonar a nova Bíblia da Psiquiatria. Quando a versão final do manual foi aprovada, enumerou o que considera as dez piores mudanças da quinta edição, num texto iniciado com a seguinte frase: “Esse é o momento mais triste nos meus 45 anos de carreira de estudo, prática e ensino da psiquiatria”. Em carta ao The New York Times, afirmou: “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”.  
Entre suas críticas mais contundentes está o fato de o DSM-5 ter transformado o que chamou de “birra infantil” em doença mental. A nova patologia é chamada de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” e atingiria crianças e adolescentes que apresentassem episódios frequentes de irritabilidade e descontrole emocional. No que se refere à patologização da infância, o comentário mais incisivo de Allen Frances talvez seja este: “Nós não temos ideia de como esses novos diagnósticos não testados irão influenciar no dia a dia da prática médica, mas meu medo é que isso irá exacerbar e não amenizar o já excessivo e inapropriado uso de medicação em crianças. Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o Transtorno de Déficit de Atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo deveria sentir-se constrangido por esse currículo lamentável e deveria engajar-se agora na tarefa crucial de educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar um novo transtorno com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis". 
A epidemia de doenças como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem mobilizado gestores de saúde pública, assustados com o excesso de diagnósticos e a suspeita de uso abusivo de drogas como Ritalina, inclusive no Brasil. E motivado algumas retratações por parte de psiquiatras que fizeram seu nome difundindo a doença. Uma reportagem do The New York Times sobre o tema conta que o psiquiatra Ned Hallowell, autor de best-sellers sobre TDAH, hoje arrepende-se de dizer aos pais que medicamentos como Adderall e outros eram “mais seguros que Aspirina”. Hallowell, agora mais comedido, afirma: “Arrependo-me da analogia e não direi isso novamente”. E acrescenta: “Agora é o momento de chamar a atenção para os perigos que podem estar associados a diagnósticos displicentes. Nós temos crianças lá fora usando essas drogas como anabolizantes mentais – isso é perigoso e eu odeio pensar que desempenhei um papel na criação desse problema”. No DSM-5, a idade limite para o aparecimento dos primeiros sintomas de TDAH foi esticada dos 7 anos, determinados na versão anterior, para 12 anos, aumentando o temor de uma “hiperinflação de diagnósticos”.  
Pensar sobre a controvérsia gerada pelo nova “Bíblia da Psiquiatria” é pensar sobre algumas construções constitutivas do período histórico que vivemos. Construções culturais que dizem quem somos nós, os homens e mulheres dessa época. A começar pelo fato de darmos a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsicamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.
Parte dos organizadores não gosta que o manual seja chamado de “Bíblia”. Mas, de fato, é o que ele tem sido, na medida em que uma parcela significativa dos psiquiatras do mundo ocidental trata os verbetes como dogmas, alterando a vida de milhões de pessoas a partir do que não deixa de ser um tipo de crença. Talvez seja em parte por isso que o diretor do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental – NIMH), possivelmente a maior organização de pesquisa em saúde mental do mundo, tenha anunciado o distanciamento da instituição das categorias do DSM-5. Thomas Insel escreveu em seu blog que o DSM não é uma Bíblia, mas no máximo um “dicionário”: “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação. Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório. (...) Os pacientes com doenças mentais merecem algo melhor”. O NIMH iniciou um projeto para a criação de um novo sistema de classificação, incorporando investigação genética, imagens, ciência cognitiva e “outros níveis de informação” – o que também deve gerar controvérsias.
A polêmica em torno do DSM-5 é uma boa notícia. E torço para que seja apenas o início de um debate sério e profundo, que vá muito além da medicina, da psicologia e da ciência. “Há pelo menos 20 anos tem se tratado como doença mental quase todo tipo de comportamento ou sentimento humano”, disse a psicóloga Paula Caplan à BBC Brasil. Ela afirma ter participado por dois anos da elaboração da edição anterior do manual, antes de abandoná-la por razões “éticas e profissionais”, assim como por ter testemunhado “distorções em pesquisas”. Escreveu um livro com o seguinte título: “Eles dizem que você é louco: como os psiquiatras mais poderosos do mundo decidem quem é normal”.
A vida tornou-se uma patologia. E tudo o que é da vida parece ter virado sintoma de uma doença mental. Talvez o exemplo mais emblemático da quinta edição do manual seja a forma de olhar para o luto. Agora, quem perder alguém que ama pode receber um diagnóstico de depressão. Se a tristeza e outros sentimentos persistirem por mais de duas semanas, há chances de que um médico passe a tratá-los como sintomas e faça do luto um transtorno mental. Em vez de elaborar a perda – com espaço para vivê-la e para, no tempo de cada um, dar um lugar para essa falta que permita seguir vivendo –, a pessoa terá sua dor silenciada com drogas. É preciso se espantar – e se espantar muito.
Vale a pena olhar pelo avesso: quem são essas pessoas que acham que o “normal” é superar a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um companheiro rapidamente? Que tipo de ser humano consegue essa proeza? Quem seríamos nós se precisássemos de apenas duas semanas para elaborar a dor por algo dessa magnitude? Talvez o DSM-5 diga mais dos psiquiatras que o organizaram do que dos pacientes. 
Há ainda mais uma consequência cruel, que pode provocar muito sofrimento. Ao transformar o que é da vida em doença mental, os defensores dessa abordagem estão desamparando as pessoas que realmente precisam da sua ajuda. Aquelas que efetivamente podem ser beneficiadas por tratamento e por medicamentos. Se quase tudo é patologia, torna-se cada vez mais difícil saber o que é, de fato, patologia. Por sorte, há psiquiatras éticos e competentes que agem com consciência em seus consultórios. Mas sempre foi difícil em qualquer área distinguir-se da manada – e mais ainda nesta área, que envolve o assédio sedutor, lucrativo e persistente dos laboratórios. 
Se as consequências não fossem tão nefastas, seria até interessante. Ao considerar que quase tudo é “anormal”, os organizadores do manual poderiam estar chegando a uma concepção filosófica bem libertadora. A de que, como diria Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E não é mesmo, o que não significa que seja doente mental por isso e tenha de se tornar um viciado em drogas legais para ser aceito. Só se pode compreender as escolhas de alguém a partir do sentido que as pessoas dão às suas escolhas. E não há dois sentidos iguais para a mesma escolha, na medida em que não existem duas pessoas iguais. A beleza do humano é que aquilo que nos une é justamente a diferença. Somos iguais porque somos diferentes. 
Esse debate não pertence apenas à medicina, à psicologia e à ciência, ou mesmo à economia e à política. É preciso quebrar os monopólios sobre essa discussão, para que se torne um debate no âmbito abrangente da cultura. É de compreender quem somos e como chegamos até aqui que se trata. E também de quem queremos ser. A definição do que é “normal” e “anormal” – ou a definição de que é preciso ter uma definição – é uma construção cultural. E nos envolve a todos. Que cada vez mais as definições sobre normalidade/anormalidade sejam monopólios da psiquiatria e uma fonte bilionária de lucros para a indústria farmacêutica é um dado dos mais relevantes – mas está longe de ser tudo. 
E não, eu não acordei doente mental. Só teria acordado se permitisse a uma Bíblia – e a pastores de jaleco – determinar os sentidos que construo para a minha vida. 
  
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Maju Giorgi: 17 de maio, Dia Mundial de Combate à LGBTT-fobia

Faço minhas as palavras certeiras de Benjamin Bee, até porque, simples assim, pode demorar um pouco mas vai amanhecer:
"Não sei se porque estou especialmente sensibilizado, mas acho que essa é a melhor abordagem que já li da Majú Giorgi. Cada dia melhor. 
É lindo ver um de nossos aliados crescer tão seguramente na nossa luta. Nossos inimigos não têm e nunca terão esse privilégio. Para eles só a decadência, para nós só a ascensão."
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No dia 17 de maio...
Foi eleito o Papa Libério, 39º papa, que sucedeu o Papa Júlio I
Foi celebrado o casamento da princesa Beatriz de Portugal com o rei João I de Castela
Se separaram Ana Bolena e Henrique VIII
Adolphe Sax patenteou o saxofone
Nasceram Enya e o Ayatollah Khomeini
Morreram Botticelli e Donna Summer
Se comemora o Dia internacional da Internet
Mas a única coisa que me interessa hoje é que é o DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA HOMOFOBIA.

“Não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres” – Simone de Beauvoir.

Reprodução 
Para Simone de Beauvoir, a nossa identidade é fluida, instável e construída a partir de modelos que formam um conjunto performático. Então, a mesma ideia é valida para homens. Eu sempre prefiro acreditar em Simone de Beauvoir que em Marco Feliciano que diz que a palavra homossexual tem que ser banida do dicionário porque no mundo só nasce homem e mulher. É mais um motivo para que eu acredite que o preconceito nasce da ignorância, porque eu duvido que esse senhor saiba, por exemplo, a diferença entre orientação sexual, identidade de gênero e sexo biológico.

E não me espanta, porque, dia desses, tive que ler um e-mail de uma pessoa que passou a entender tudo de homossexualidade porque soube que nasceu uma criança com os dois sexos num hospital. Aí sim… quando se embrulha hermafroditas, homossexuais e transgêneros no mesmo pacote, aí é que está mesmo tudo bem esclarecido. É essa ignorância toda somada ao machismo que é a base da homotransfobia. Gays e lésbicas não deixam nem por um segundo de ser homens e mulheres. Quando eu não entendo de um assunto, eu não discorro sobre ele, e quando não sei uma coisa, eu pergunto ou estudo.

Eu ODEIO todas as ciências exatas e vejo pessoas que, nada, absolutamente nada sabem de sexualidade, discursando e versando com tanta propriedade que me vejo dando instruções para um engenheiro calculista, por exemplo. E não estou dizendo aqui que sei tudo, mesmo porque eu tenho a certeza de que ninguém sabe tudo, mas eu acredito que se existem 8 bilhões de pessoas no mundo, existem 8 bilhões de sexualidades e que cada um deveria cuidar da sua.
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A homotransfobia tem muitos graus e começa quando um ser humano é resumido a uma sexualidade assim como o racismo começa quando um ser humano é resumido à cor da pele. A piadinha inocente é o alicerce do crime homotransfóbico. E a soma das piadinhas inocentes perpetua a homotransfobia. A piadinha é a forma leve de homofobia social.

“Negro, nasce negro, gay não nasce gay”. Mais uma pérola fundamentalista que com o seu manual na mão desafia a genética, a psiquiatria, a psicologia e o direito. E quando o manual não dá conta, recorrem a um tratado de genética do século passado negando toda a evolução da ciência. E desde quando fundamentalista nasce fundamentalista? Ser fundamentalista é opção, obviamente, e, em minha opinião, uma opção legitima.

E estão lá os fundamentalistas e letristas protegidos pela lei do preconceito no item preconceito religioso. Essa lei que em forma de PLC 122 visa proteger também LGBTTs. Mas, como eles são cidadãos de primeira classe, podem ser protegidos e isso não é considerado privilégio, só passa a ser privilégio no momento em que os cidadãos de segunda classe (LGBTTs) lutam para serem inclusos na lei. SE, e eu disse SE, ser homossexual ou TT fosse opção, o que já esta mais que provado que não é, mas SE fosse opção, porque não seria legítimo?
Reprodução 
Gostaria de dizer para Marina da Rede que, antes de querer ser presidenta, ela deveria aprender a diferença de ação e reação, porque o preconceito religioso contra os letristas ao qual ela se referiu ontem não é uma ação, é uma reação à homofobia, e, se não houvesse a homofobia, eu duvido que tivesse um homossexual ou TT no mundo perdendo um segundo que fosse para fazer discurso seja ele a favor ou contra a religião de alguém. E que querer que uma maioria machista e homotransfóbica julgue uma minoria homossexual por plebiscito é o mesmo que colocar nazistas julgando judeus ou a Ku Klux Klan julgando os negros. Plebiscito em caso de minorias é a morte da democracia.

E cada vez que um fundamentalista abre a boca é para desrespeitar alguém. São incapazes de cuidar da própria vida, tanto que enquanto colocam a tarja de estuprador e pedófilo no gay, se esquecem que tem pastor sendo investigado pela PF por isso e MUITO mais. E faz parte das funções da minha luta rezar diariamente, porque eu rezo diariamente, para que a PF descubra cada crime, cada desmando. O preconceito contra o LGBTT é muito cruel. A criança ou o adolescente negro ou judeu tem uma casa para voltar. Nessa casa tem um pai e uma mãe e irmãos negros ou judeus que vão acarinhar e proteger.

A criança e o adolescente LGBTT voltam para um ambiente hostil, não tem mãe, pai ou irmão gay esperando. É dentro da própria casa que começam a ser discriminados, maltratados e muitas e muitas vezes torturados. E da casa passam a sofrer na escola e da escola na vida. E essa realidade é endossada pela piadinha inocente e pela “liberdade de expressão” fundamentalista. Ontem, numa das atividades da semana contra homofobia, na Marcha em Brasília, quando vi a colcha bordada pelas Mães pela Igualdade em parceria com o Famílias Fora do Armário, com o nome das 338 vítimas fatais da homofobia em 2012, dentre elas, Lucas Fortuna, que tinha a mesma idade e profissão do meu filho, chegando à marcha, sendo levada como troféu maior pelas mãos dos nossos meninos e meninas quase crianças, eu não consegui conter as lágrimas.
Reprodução 
Lágrimas de tristeza, de desabafo, de cansaço, de impotência frente à crueldade, de um desejo profundo de poder fazer mais do que eu faço, para que acabe o sofrimento, a tortura e a morte de inocentes. E como já sei que vão dizer o que são 338 frente a 50 mil héteros, já explico que não morreram só 338 gays em 2012. Esses 338 LGBTTs foram assassinados por homofobia, CRIME DE ÓDIO, e se alguém disser ainda assim SÓ 338, vou complementar que NENHUM heterossexual morreu desta forma em 2012. Se me disserem que não são crianças, vou lembrar que Alexandre Ivo tinha 14 anos quando foi assassinado. Que, quando a filha de Angela Moysés foi apedrejada na rua, tinha isso ou pouco mais.

No Brasil, um homossexual é assassinado a cada 26 horas. Eles morrem e são violados e ainda são comparados a bandidos assassinos e drogados. Porque essa perseguição, meu Deus ? Nossa luta é insana, mas vamos vencer, porque o tempo não para e o tempo de cercear direitos, de espalhar ódio, mentiras, torturar e matar está acabando, eu tenho certeza. Eu dedico essa coluna e todos os dias da minha vida aqueles que lutam comigo lado a lado incansavelmente com as armas que temos, a justiça e a razão e sem ganhar absolutamente nada, nada mais que a satisfação de ver uma lei aprovada, uma travesti empregada, uma ação vencida, um menino expulso de casa com um teto sobre a cabeça, uma transexual com direito a nome e história sem precisar nascer de novo, um casal que conseguiu adotar os filhos, uma menina que conseguiu se formar, uma depressão curada, um suicídio a menos.
 
Eu dedico a toda militância LGBTT, mais um ano de passos dados, de alegrias e vitórias, mas também de lágrimas e injustiças. A todos que doam suas vidas na luta contra homofobia… PRIDE!!!
TODOS CONTRA A HOMOFOBIA, A LESBOFOBIA E A TRANSFOBIA, CARTAZES & TIRINHAS LGBT, NOTÍCIAS AÇÕES E CONQUISTAS LGBT, HISTÓRIAS E SEXUALIDADES, MÃES PELA IGUALDADE, FAMÍLIAS FORA DO ARMÁRIO, ELEIÇÕES HOJE, ATO ANTI-HOMOFOBIA, PEDRA NO SAPATO, GPH, REDE NACIONAL INDEPENDENTE PELA CIDADANIA LGBTT, NOSSOS TONS, FORA DO ARMÁRIO, IVONE PITA, LUÍS ARRUDA, MARCELO GERALD, OTÁVIO ZINI, WILL, MILTON ROCHA JUNIOR, JULIO MARINHO, PAULO IOTTI, GERMANO SANTOS, CLAUDEMIR GONÇALES, ANGELA MOYSÉS, LUIZA RIBEIRO HABIBE, GRAÇA CABRAL, GEORGINA MARTINS, MARCIO MARQUES, PRISCILA BASTOS, LUNNA BARRETO GOMES, SERGIO VIÚLA, PAULO ROBERTO CEQUINEL, LUIZ PARETO, BENJAMIN BEE E TODOS AQUELES QUE NÃO CABERIAM AQUI MAS QUE SE LEVANTAM TODOS OS DIAS PARA LUTAR CONTRA A HOMOTRANSFOBIA…OBRIGADO !!! MUITO OBRIGADO!!!
 





quarta-feira, 15 de maio de 2013

Walter Silva e um poema completamente necessário

Copiei do meu formidável e inoxidável amigo Walter Silva

Agora um poema:
Batatinha quando nasce esparrama pelo chão
Vi um evanja doido chamando jesus
Ele pulava e girava feito pipoca no são joão
Tentei fugir,disfarçar, mas ele disse
-Irmão,venha para a luz!
Ser viado não tem futuro não-
Eu fiquei embasbacado
Até engasguei com a bala de alcaçuz
Atrevimento maior que aquele 
Só na próxima encarnação
Respondi ao cabra safado
-Da minha vida cuido eu 
Cuida tu da tua alma sebosa fazendo jus
Ao que sai da tua boca cheia de danação
Volte para o inferno de onde você saiu
E chegando lá abrace o capeta 
Aproveite e lhe faça uma boa chupeta.

domingo, 12 de maio de 2013

Dear Prudence: fechem os olhos e viagem e caiam nos abismos e voem, porra!

Beatles
Across the Universe (Trilha Sonora)
Acr

Jaguara da Globo é desmascarado e foge da população de Monte Santo, na Bahia

No Dia Das Mães falemos, pois, de uma mãe de verdade e, por necessário, falemos da Rede Globo, a mais criminosa organização midiática brasileira.
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Copiei de Cutucando de Leve

Jornalista da Globo é desmascarado e foge da população na Bahia

Vocês se lembram daquele caso das crianças de Monte Santo, na Bahia, que a Globo fez o maior estardalhaço. 

Pois é, uma das mães que adotou uma das crianças é a médica Letícia Fernandes. 

Ela está lutando com todas as forças para provar sua inocência e provar como aquela história foi toda armada pela Globo. 

Vejam a entrevista que ela dá ao Nassif, está no vídeo abaixo. 

Ela está desmascarando a Globo e o jornalista José Raimundo. Por favor repassem para o maior número de pessoas. 



Veja mais informações aqui e aqui.

No Dia Das Mães, homenagem a Sonia Fernandes do Nascimento e a todas as Mães Pela Igualdade

Para Sonia Fernandes do Nascimento
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Jean, Nayre e Sonia
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Copiei de Maju Giorgi, Mãe Pela Igualdade

Sonia Fernandes do Nascimento, Angela Moysés, Luiza Ribeiro Habibe, Lilia Arruda, Maria Auxiliadora Ferreira, Délia Short, Graça Cabral, Georgina Martins, Sônia Santochi, Nena Goulart, Márcia Nunes, Angélica Ivo, Edith Modesto, Tânia Regina Grossi Arnaut, Eleonora Pereira da Silva, Hélia de Miranda Glória, Sônia Fernandes do Nascimento, Maria Claudia Canto Cabral, Eliana Simões Furquim Horch, Leila Novak, Marise Felix da Silva, Licia M. Carvalho, Silvana Machado, Mirna Gonçalves, Maria das Graças Cardoso,Clarice Cruz, Rosani Silveira, Maria Luiza Leão Antonucci, Terezinha Ferreira de Lima, Monica Baszynski, Angela Maria, Elizabeth Barcelos, Maria Assunção dos Santos da Silva, Maria Cristina Hollanda, Lilian Guarino, Vania Careli, Maria de Lurdes Teles, Marília dos Santos, Ecclécia Maria da Penha Capeletto, Paola Zini Vieira, Angela Albertina Frend Vargas Pareto, Doralice Fonseca, Pérola Rosana De Lucca, Beatriz Engel, Maria de Jesus Cruz, Diva Melo.

“Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele” (Martin Luther King)

Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela sua sexualidade.


 
Esses dias, minha amiga Lígia Ramos, que não é mãe de gay, mas que tem a lógica e a justiça a flor da pele disse: SER MÃE DO NORMAL É MUITO FÁCIL !!! Verdade, Lígia, não sei se é fácil, mas tenho certeza que é infinitamente mais fácil que ser mãe do diferente. É óbvio que vou homenagear neste dia das mães, a mãe dos LGBTT.
A mãe de um LGBTT é aquela que percebeu a sexualidade do filho já na inocência da infância e para qual ninguém precisou avisar que sexualidade é condição. Aquela que apesar da certeza absoluta da inocência, lê tratados de genética, psiquiatria, psicologia e direito diariamente para saciar sua fome por justiça e para se armar com uma cartucheira de argumentos. É aquela que viu seu lar, sua família, sua estabilidade, ameaçados, que se viu entre pai e filho, entre filhos e muitas vezes ainda teve o requinte de forças externas levianas tentando se aproveitar da sua crise para destruir sua família, mas mesmo assim não se rendeu.
 
Aquela que viu o filho sofrer bulling desde muito pequeno e que se transformou em redoma. A que chorou sozinha e sofreu por dois, por três, por quatro. As que tiveram seus casamentos desfeitos pelo machismo e a homofobia, ou quase isso, mas que não se dobraram. As que são julgadas pelos arautos da moralidade diariamente, apenas por desempenhar e muito bem o papel que Deus lhes deu: ser mãe. As que aceitaram serenamente, ser excluídas da sua religião junto com os filhos por terem a mais absoluta certeza da sua inocência e não se renderem nem diante de dogmas milenares e ameaças de fogo eterno. Aquela que já viu um adolescente hétero (Oh, God, quanta superioridade) da família (imposta), debochar abertamente do seu filho numa rede social e preferiu quebrar as malditas algemas sociais junto com ele do que fingir que não viu e mais uma vez calar.
 
As que já viram o filho ser constrangido em público. Que viram a filha apanhar na rua. Aquelas, que faço representar aqui por Angélica Ivo e Eleonora Pereira da Silva, que viram os filhos, quase crianças, serem torturados e mortos pela homofobia, e mais que não se renderem, fazem da dor e da lembrança dos seus, combustível e se levantam todos os dias para defender os outros filhos. Aquelas que de tão traumatizadas com a rejeição, desenvolveram síndrome do pânico, depressão, fobia social e todas as outras sequelas da homofobia. As que perceberam que o colo, o carinho, a atenção e o amor deveriam se multiplicar para acolher a grande maioria rejeitada por suas próprias mães (?).
Aquelas que são obrigadas a ler na imprensa que são matrizes de cabras e sementes de espinafre, sendo reduzidas ao mundo animal e vegetal e sendo sumariamente sacadas da raça humana. As que veem os direitos do filho se transformarem em joguete nas mãos de um Poder Legislativo asqueroso e de um Executivo omisso e rendido. As que são obrigadas a conviver com a liberdade de expressão de fundamentalistas e letristas em formato de pastores e seguidores acéfalos que não são capazes de respeitar nem a maternidade, nem a relação mãe e filho e cospem sua intolerância em forma de labaredas de LEVIANDADE!
As que veem os filhos serem resumidos a uma sexualidade e o que fazem na cama se sobrepor a todas as suas qualidades. As que olham nos olhos dos filhos tentando enxergar alguma coisa errada e só conseguem ver doçura. As que aceitam e acolhem o companheiro do filho como se fosse seu próprio filho. As que anseiam pelos netos e colocam úteros e corações a disposição. As que como eu se orgulham dos filhos e até esse sentimento veem questionado. As que não dormem a noite quando os filhos saem às ruas do país campeão mundial em crimes homofóbicos e que escutam a todo o momento que HOMOFOBIA NÃO EXISTE, mesmo quando seu próprio filho foi perseguido por pittboys no meio da Faria Lima, o da sua amiga teve 2 pittbull jogados em cima dele, o amigo do seu filho apanhou na porta do restaurante , um menino levou uma lâmpada nos olhos na avenida mais movimentada da sua cidade , e todos os dias nos chegam noticias de mortes, torturas, espancamentos.
 
Aquelas que conhecem o anseio do coração dos filhos e mesmo assim são obrigadas a vê-los com tarjas e rótulos de doentes, promíscuos, prostitutos e pedófilos. Que olha aquela quase criança colocando a mesa do jantar para ajudar e quando abre o jornal, vê os LEVIANOS, comparando a sua criança a bandidos, assassinos, drogados, zoófilos e necrófilos. Aquelas que veem seus filhos sem direitos civis, sem proteção do estado à mercê dos amoladores de faca e da homofobia que a cada dia é mais assustadora. As que não dormem a noite por verem a integridade física e moral dos filhos, constante e dedicadamente ameaçadas e mais que não se renderem, guardam o medo no bolso, transformam a indignação em luta e honram a palavra.
 
Mãe. Sim… essas mães merecem a minha, a nossa homenagem. São essas guerreiras destemidas que estão abrindo o caminho seguro para os meninos e meninas LGBTT. São Angela Moysés e Luiza Ribeiro Habibe, segurando as velas vigília após vigília. Edith Modesto e seu trabalho pioneiro e maravilhoso junto aos pais de LGBTT. Délia Short, que saiu do armário antes que o filho e faz sua luta diária desesperada e solitária. Lilia Arruda que mesmo doente marca presença nos protestos de microfone na mão. Georgina Martins que se armou de coragem para questionar a escola do filho. Maria Assunção dos Santos Silva e suas orações a Nossa Senhora. Terezinha Ferreira de Lima e Márcia Nunes que acolheram os netos adotivos como seus, nos dando uma lição de puro amor.
A todas que rasgam suas vidas em público na luta LGBTT . E cada uma que a sua maneira está dando sua colaboração para um mundo melhor para todos os nossos meninos e meninas merece a nossa homenagem sincera e comovida. Nós somos sim famílias. Famílias que se mantiveram unidas pelo amor apesar de toda cena adversa. Não somos gaysistas, não somos militantes, somos MÃES. Comunidade LGBTT, sinta-se amada e protegida, vocês tem sim mães lutando por vocês. Nossa luta não será inglória tenham a certeza, porque nossa arma é o amor e a razão. Sim, Lígia Ramos ser mãe do normal é muito mais fácil.
PARABÉNS MÃES COLORIDAS !!!
PS: E já aviso aos letristas , fundamentalistas e homofóbicos frequentadores da minha coluna que, em respeito às nossas famílias , desta vez não vou permitir nenhum comentário homotransfóbico neste espaço.

sábado, 11 de maio de 2013

PLC 122: conheça antes de falar merda!

AVISO AOS NAVEGANTES CRISTÃOS

Antes de sair pelo mundo falando merda sobre o projeto de lei que criminaliza a homofobia,
leia tudo sobre a PLC 122 AQUI.
E não tenha medo, abostado em cristo.
Você não vai tornar-se gay.

Que fedor: Marco Feliciano em diferentes línguas


Papel Higiênico Holly Shit,
patrocinador oficial desta página ungida.

Alemão: Scheiße
Árabe: القرف
Búlgaro: Мамка му
Catalão: Merda
Chinês: 狗屎
Dinamarquês: Lort
Eslovaco: Hovno
Esloveno: Sranje
Espanhol: Mierda
Estoniano: Pask
Finlandês: Paskaa
Francês: Merde
Grego: Σκατά
Haitiano: Poupou
Hebraico: חרא
Hindi: गंदगी
Húngaro: Szar
Indonésio: Kotoran
Letão: Sūdi
Lituano: Šūdas
Malaio: Tahi
Norueguês: Dritt
Polonês: Gówno
Romeno: Rahat
Russo: Дерьмо
Sueco: Skit
Turco: Bok
Ucraniano: Лайно

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Marco Feliciasno tem parte do cérebro guardada no intestino

Texto original pode ser visto aqui

O notório picareta da fé, pastor e deputado Marco Feliciasno foi submetido a um processo cirúrgico delicado e pouco conhecido.

Os médicos do ungido abostado removeram, em 1998, três quartos do seu cérebro desidratado e implantaram a maçaroca inútil em seu intestino.

Feliciasno foi operado após escorregar e bater a cabeça em um púlpito enquanto recebia cheques pré-datados de seus fiéis durante culto em Hell's Canyon, Baixada Fluminense, e chegou a ficar à beira da morte.

Os médicos preferiram adotar procedimento para que o pedaço do cérebro se mantivesse estéril à medida que desinchasse.

Segundo o Estado de Antonina, depois de seis semanas a parte foi reimplantada e a cirurgia foi um sucesso: o cérebro recomposto permanece estéril, inútil e improdutivo feito este blog nauseabundo e as fazendas dos ruralistas.

Aos 36 anos, Feliciasno, que leva leva uma vida normal ao lado da mulher e dos filhos, fundou uma igreja para pagar a cirurgia e anda pelo Brasil a obrar preconceito e discurso de ódio contra negros, contra as mulheres e contra o povo LGBTT, tudo em nome do inexistente patifão esfumaçado que vive nas nuvens.

"Obrigado pelo que você fez, deus do impossível. Você salvou a minha vida, deus das senhas dos cartões!", repete o pilantra em cada culto, pouco antes da passagem da sacolinha ungida. 

Redução da maioridade penal: você está sendo enganado

Copiei de De Olho no Discurso


No último sábado algo raro aconteceu: a cobertura jornalística de uma manifestação na avenida Paulista me impressionou. Os manifestantes carregavam uma faixa com a pergunta “se o crime não tem idade, porque a punição teria?” e exigiam a redução da maioridade penal para 16 anos. A imprensa, quase sem exceção, publicou entrevistas com especialistas e manifestantes, além de fotos de pessoas indignadas, algumas com lágrimas nos olhos, exigindo justiça e paz.

A redução da maioridade penal que tem sido apresentada pelos comentaristas da TV como a solução última para todos os problemas de segurança do país. A revista IstoÉ deu destaque à questão essa semana, estampando na capa um adolescente com um skate em uma mão e uma arma na outra. A capa gerou indignação dos praticantes de skate, que inclusive tem sido convidados a ajudar na revitalização de espaços degradados em São Paulo. No corpo da reportagem o sensacionalismo era ainda maior, e a descrição de alguns recentes crimes violentos vinha seguida de vaticínios tais como “se medidas como essa estivessem em vigor, o universitário Victor não teria cruzado com o jovem criminoso que o matou na porta de casa.”

A questão é colocada como se a maioria dos crimes violentos contra as pessoas fosse praticado por menores de idade quando, na verdade, 90% dos crimes no Brasil são executados por maiores. Dos 10% cometidos por menores de idade somente 8,4% são assassinatos. A maior parte das infrações são roubos e, em seguida, tráfico. Mas se são casos tão minoritários por que, então, a coisa é vendida como se fosse solucionar a segurança pública no Brasil?

Alguns casos recentes em que menores de idade tem assumido a culpa de crimes violentos para limpar a barra de criminosos maiores tem gerado também a indignação de muita gente. Indignação essa, que compartilho. Mas há que se ter cuidado, é preciso impedir que nossa indignação contra os abusos seja usada contra nós mesmos, apropriada pelos lobistas da violência. É realmente urgente impedir que menores de idade sejam usados pelo crime organizado para gerar impunidade, mas é importante fazê-lo, principalmente, para garantir os direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, não o contrário. Corrupção de Menores já é inclusive crime previsto em lei (artigo 244-B do ECA) e, se fosse agravado, provavelmente tornaria o uso de menores nessas situações “mais caro” para o crime organizado.

Alguns dos defensores da redução da maioridade penal tem se aproveitado da situação einduzido as pessoas a confundirem “responsabilidade penal”, que no Brasil é a partir dos 12 anos, e “maioridade penal”, que por aqui é acima dos 18 anos. Para conferir a diferença entre os dois conceitos e para ver dados mais corretos sobre maioridade e responsabilidade penal ao redor do mundo, vale a pena conferir este estudo publicado pelo governo inglês. A idade que temos para nossa maioridade penal não fica acima da maior parte dos países europeus, e nossa responsabilidade penal é das menores.

As PECs de redução da maioridade penal, no entanto, devem encontrar um obstáculo: o artigo 228 da Constituição Federal, que define como inimputáveis os menores de dezoito anos. Não que isso signifique muito para os ex-presidenciáveis José Serra e Geraldo Alckmin, que tem defendido uma solução com cara de gambiarra: na impossibilidade de reduzir a maioridade, propõe-se modificar o § 3.º do artigo 121 do ECA, permitindo que menores fiquem presos por até 10 anos. Mas e depois? O que se pode esperar de uma pessoa educada pelo crime, trancafiada aos 16 anos e mantida nas masmorras medievais que são nossos presídios até os 26 anos? Eu entendo a raiva de quem perdeu um ente querido, mas como afirmou a jornalistaEliane Brum, “o indivíduo pode desejar vingança em seu íntimo, o Estado não pode ser vingativo em seus atos.”

Se a vontade de melhorar a segurança pública é real, os números para os quais deveríamos estar atentos não são quantos dias faltam para os aniversários dos infratores, mas as taxas de reincidência. No Brasil sete a cada 10 libertados voltam ao crime, um índice altíssimo e fruto de nosso sistema prisional. Enquanto nos Estados Unidos a taxa de reincidência está em cerca de 60% e a média européia é de 55%, a Noruega tem conseguido abaixar suas taxas de reincidência aos impressionante 20%, recuperando para a sociedade cerca de 80% dos detentos. Como lembrou Pedro Munhoz aqui, há alguns meses, a questão não é se menores de idade são capazes de fazer coisas terríveis. É claro que são! A questão é que o menor de idade no Brasil ainda não completou seu ciclo educacional formal e possui demandas afetivas, políticas e econômicas diferenciadas. Se quisermos romper com o ciclo de violência, precisamos agir de acordo com isso. Precisamos ser melhores que isso.

Um dos motivos da nossa alta taxa de reincidência é o boicote cotidiano do Estado às leis do país. Uma pesquisa da Conselho Nacional de Justiça comprova que apenas 5% dos processos de jovens infratores possuem dados sobre o Plano Individual de Atendimento, ou seja, estamos falando de 95% de casos onde as medidas socioeducativas não podem ser corretamente acompanhadas porque o Estado não cumpre a lei. Já é de conhecimento comum que as prisões brasileiras são “universidades do crime”, mas se quisermos quebrar o ciclo de criminalidade é preciso que as prisões ensinem outra coisa, além do crime organizado. É preciso garantir a formação profissional aos detentos. Seria preciso garantir também maior eficiência e a valorização da polícia investigativa, que é quem pode realmente encontrar as pessoas por trás das organizações criminosas.

Importante também notar as escolhas discretas do subtexto de cada bandeira levantada. Enquanto os comentaristas da TV escolhem os menores infratores como o maior problema da segurança pública brasileira, esquadrões da morte e milícias formadas por policiais tem assassinado jovens cotidianamente nas ruas do Brasil. Estamos falando de quadrilhas de assassinos formados e financiados pelo Estado, cotidianamente executando cidadãos e ocupando territórios abandonados e leiloados pelo Estado. Mas, de repente, parece que isso é bem menor do que um caso excepcional de um jovem que cometeu um crime violento poucos dias antes de completar dezoito anos.

As escolhas também ficam patentes na hora que se vê como são tratadas as diferentes manifestações de indignação: três dias antes da manifestação pela redução da maioridade, os professores estaduais de Minas Gerais haviam feito uma manifestação em Belo Horizonteexigindo que o estado pagasse o salário que lhes devia desde 2008 e o cumprimento de acordos feitos com o governo. A manifestação faz parte de uma articulação de professores de todo o país, mas quase nada saiu na imprensa e, quando saiu, fizeram questão de colocar em destaque o “tumulto no trânsito” e fotos de engarrafamento. Embora, aparentemente, seja um consenso de que é preciso melhorar a educação pública no país, parece que a maioria não vê como isso poderia ter alguma conexão com o salário e a dignidade dos professores. Os lobistas do medo e da raiva não ignoram somente as mais básicas noções de humanidade e os últimos séculos de avanços no estudo da criminalidade . Por oportunismo político parecem escolher ignorar que, até mesmo em termos de orçamento , seria mais inteligente melhorar o sistema de educação. Precisamos ser melhores do que eles também.

Gleisi Hoffmann: de obrada em obrada, segue a marcha da sua candidatura ao governo do PR

Nós, do Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco, já declaramos que em 2014 votaremos em Gleisi para governadora. 
Sabem a história do "menos pior"? Pois é.
Mas a coisa 'tá ficando feia, meninos e meninas. 
Ela não pára de pisar no tomate e de enfiar o pé na jaca (veja aqui), de modo que estamos aqui postos em relativo sossego e comendo nossas goiabinhas regulamentares e, sempre com nosso cérebro desidratado no modo LIGADO, ficamos a nos perguntar: por que devemos mesmo votar em Gleisi?
Vejam a mais nova e malemolente obrada da nossa bela ministra.
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Copiei de Unisinos


Nota Oficial

A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul - ARPINSUL, vem a público manifestar sua indignação e repúdio pela decisão da Ministra Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, em suspender as demarcações de terras indígenas no Estado do Paraná.

O pedido da Ministra Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, para suspender a demarcação de terras indígenas no Estado do Paraná, que sempre primou pelo diálogo com os Povos Indígenas, coloca um marco negativo nas relações respeitosas que o Paraná exemplarmente desenvolveu com os Povos Indígenas, o que retrata a arrogância do cargo que Gleisi ocupa na cúpula do governo.

A causa da lamentável decisão foi a sua suposta candidatura ao governo do Paraná, onde ela quer ser eleita governadora no próximo ano. As vaias que a Presidente Dilma recebeu quando em visita nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, por movimentos organizados pelo agronegócio que disputa a posse das terras tradicionalmente ocupadas com os Povos Indígenas transmitiu certo peso nas suas intenções políticas. E para ser eleita, tem que fazer as vontades dos fazendeiros que com certeza vão financiar seus gastos de campanha.

Outra condição absurda é submeter a Embrapa uma empresa de pesquisa do governo, a avaliação dos processos demarcatórios das terras indígenas. Isto é no mínimo um ato nefasto, na medida em que coloca por terra o trabalho sério de técnicos do próprio governo, para desavergonhadamente privilegiar o agronegócio!

A Embrapa é tão somente uma empresa de pesquisa e que agora passa a ter o papel de avaliar, a fins inconfessáveis, os estudos em andamento realizados pela Funai, desmerecendo e publicamente desmoralizando um órgão do próprio governo, que chegou ao desgaste que hoje se encontra por desmandos e irresponsabilidades do próprio Executivo, que gradativamente provocou tal desgaste.

A falha não é da Funai, a falha se deve ao conjunto de decisões equivocadas que o Estado Brasileiro tem tomado em relação aos Povos Indígenas, que agora são colocados publicamente como os inimigos do governo e do agronegócio e consequentemente do desenvolvimento. É muito mais fácil encontrar um culpado para os seus sucessivos erros, do que encontrar uma saída negociada e civilizada para a questão indígena, que merece o respeito e a consideração das instituições do Estado.

Mais uma vez os direitos indígenas sofrem um duro golpe daquele que deveria defendê-lo, o Estado Brasileiro, no entanto o agronegócio é o merecedor das recompensas, da solidariedade e da proteção do Estado Brasileiro em detrimento de direitos humanos e fundamentais conquistados a nível nacional e na arena internacional a duras lutas pelos Povos Indígenas, direitos estes jogados no lixo da história pelos colonizadores e pelo Estado, que agora cala a nossa voz em nome do desenvolvimento.

Enquanto o Estado Brasileiro não tratar a questão indígena com o respeito que merece, os conflitos serão constantes e a violação de direitos humanos se intensificará ainda mais, porque não nos calaremos e seremos implacáveis na luta pelos direitos que custaram o sangue dos nossos antepassados!

NUNCA MAIS UM BRASIL SEM OS POVOS INDÍGENAS!

ARPINSUL

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Direto e reto ao cerne da questão: Fora Gleisi Hoffmann!


Ministra Gleisi: principal articuladora e promotora das internações involuntárias
deve deixar governo


A Frente Nacional Drogas e Direitos Humanos: pela Cidadania, Dignidade e Direitos Humanos na Política sobre Drogas, diante das declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, relativas à posição do Governo no que concerne ao Projeto de Lei (PL) 7663/2010, de autoria do deputado Osmar Terra, cuja relatoria é do deputado Givaldo Carimbão, vem denunciar a ministra como a principal articuladora e patrocinadora das internações involuntárias – como recolhimento social – e do financiamento público das Comunidades Terapêuticas (CTs), atendendo a motivações pessoais, eleitoreiras, religiosas e fundamentalistas.
Cabe destacar que, no âmbito do governo federal, várias vozes se manifestaram contrárias a esse PL, por entender que esse projeto contradiz a implementação de diversas políticas públicas em curso pelo governo de Dilma Rousseff.

O Ministério da Saúde, em Nota Técnica, datada de 17.10.2012, afirma:
O projeto de lei em discussão desloca a previsão das modalidades de internação do contexto interdisciplinar constante da lei 10.216/01, reforçado pela resolução nº 448 do Conselho Nacional de Saúde, que prevê o cuidado extra-hospitalar como um papel estratégico para a reinserção familiar e social, e o não isolamento dos indivíduos. Temos na proposta a banalização das internações quando estas são colocadas como ferramenta central para o acolhimento, desconsiderando a diversidade de tratamentos, serviços para os diversos públicos, necessidades e situações”.


O Ministério da Justiça, em Nota Informativa da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, aponta aspectos inconstitucionais presentes no PL, além da possibilidade de ineficácia na sua aplicação, quando este vincula o grau de imposição de pena à classificação farmacodinâmica, farmacocinética e capacidade de causar dependência:
Uma vez que a fixação desses critérios demandam estudos muito sofisticados, de longa duração e por vezes bastante controversos. (…) A adoção dos critérios de classificação mencionados poderia implicar na possibilidade de aplicação não uniforme da norma penal com pessoas condenadas pela prática de tráfico da mesma droga, sob as mesmas circunstâncias e com penas distintas o que representa grave prejuízo à ordem jurídico-constitucional.
(…)
Quanto ao Artigo 11 do PL (…), que trata sobre a internação de usuário ou dependente de drogas e altera o Artigo 23 da Lei 11.343/2006, é necessário apontar que a lógica do tratamento (…) disposta na Lei (…), está pautada no princípio do ‘fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas (art. 19, III)’.
A mudança pretendida pelo PL poderia acarretar em situações de internação compulsória indiscriminada, isentando o usuário e os dependentes de drogas da responsabilidade que lhe compete no esforço de melhora.


O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por meio da Nota Técnica nº 2013/CGRGS/SNAS/MDS, afirma que:
(…) o Substitutivo contraria frontalmente as disposições contidas na Lei Complementar nº 101 de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei nº 12.708 de 2012 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei nº 4.320, de 1964, uma vez que não traz no seu texto a previsão expressa de serem transferido recursos públicos apenas a entidade privada sem finalidade lucrativa, podendo-se entender a permissão a qualquer entidade privada. E, ainda, não define a área de atuação da entidade tampouco, estabelece o cumprimento de outros requisitos legais impostas pelas legislações vigentes.
(…) Assim, as entidades, comunidades acolhedoras (“e”), unidades de terceiro setor (“d”) e outras instituições/entidades trazidas no Substantivo, da maneira posta, cria novo procedimento e não observa os normativos da assistência social, no sentido de adotar critérios que demonstrem a adequação dos projetos e das atividades desenvolvidas pelas entidades à legislação vigente, especialmente, à Resolução CNAS nº 33, de 2012 e à Resolução CNAS nº 145/2004 – Política Nacional de Assistência Social (PNAS), configurando-se um verdadeiro retrocesso para essa política pública.


Por sua vez, a Secretaria Geral da Presidência, na Nota Técnica nº 0023/2012/GLMP/AL/DAI/SE/SG/PR (SGP), aponta o que segue:
10. Neste cenário, o Projeto acaba por instituir um sistema paralelo ao Sistema Único de Saúde – previsto constitucionalmente – e ao Sistema de Assistência Social. O SISNAD constitui, por exemplo, unidades próprias de atendimento e acolhimento, com financiamento específico e não submetidas às regras de fiscalização e atenção psicossocial dos sistemas estruturados e competentes.
11. Embora seja preocupação do Governo Federal o incentivo e a regulamentação do adequado funcionamento de unidades de atenção psicossocial suplementares, como as comunidades terapêuticas, não se pode permitir a criação de um sistema de atendimento paralelo ao SUS, quando, na verdade, deve-se buscar aperfeiçoar a articulação entre os órgãos estatais e referidos entes privados, dentro do sistema existente, a fim de atingir as finalidades concernentes ao tratamento de usuários de drogas.
(..)
15. Destaca-se ainda a proposta trazida pela inserção do Art. 8º-J, IV, que expressamente dispõe sobre a intenção de fomentar as parcerias com instituições religiosas, o que claramente afronta o art. 19, I da Constituição Federal
."


A atitude autoritária da ministra, anunciando a sua posição como sendo a posição do governo, vem silenciar o conjunto das discordâncias para impor uma visão retrógrada, reacionária e eleitoreira, que visa exclusivamente beneficiar a si própria, em função da sua candidatura ao governo do Paraná, haja vista as alianças que mantém com a comunidade religiosa.
Com isso fica explícito o consórcio da ministra com as várias igrejas que tem grande interesse em receber recursos públicos para o financiamento das suas “obras assistenciais”, bem como sua adesão às perspectivas valorativas fundamentalistas que não separam a Igreja do Estado e pretendem impor os seus valores morais como guias de conduta universais para os cidadãos. Tais posicionamentos estão expressos no documento intitulado Carta ao Povo Cristão, de autoria da Ministra Gleisi Hoffmann, quando de sua candidatura ao senado, onde ela desnuda suas convicções:
“Muitas vidas já foram retiradas do álcool, das drogas, da violência e reaproximadas a Deus.(…) Por isso penso que as igrejas, podem e devem ser parceiras efetivas do Poder Público nos projetos sociais” (…) “Os valores e princípios que temos em Cristo, garantem por si só, uma sociedade justa e harmoniosa: amor ao próximo, tolerância e a paz como fundamento das nossas ações.”
Atitudes como essas ferem frontalmente o Estado Laico e a possibilidade da produção de políticas públicas republicanas, democráticas e igualitárias, num cenário em que se configura a construção de um arco de alianças reacionárias e conservadoras, onde o elemento da religiosidade de cunho fundamentalista constitui-se em obstáculo para que as racionalidades técnicas possam orientar a definição das prioridades nas políticas sociais.
Portanto, Gleisi Hoffmann é aliada política do Pastor Marcos Feliciano, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que se orgulha em afirmar a amizade entre ambos. A ministra é patrocinadora da perspectiva do “recolhimento social” dos miseráveis pela via das internações compulsórias. Gleisi Hoffmann é a madrinha do financiamento com dinheiro público das Comunidades Terapêuticas, em detrimento do SUS e do SUAS. Gleisi Hoffmann se posiciona como uma verdadeira inimiga da Reforma Psiquiátrica, do movimento antimanicomial e das suas conquistas!
Diante disso, entendemos que a Ministra Gleisi Hoffmann não reúne mais as condições políticas de se manter à frente da Casa Civil como uma ministra de todos os brasileiros, uma vez que suas convicções religiosas falam mais alto que as suas responsabilidades políticas de ministra de Estado. Então ela deve renunciar imediatamente!
Se a Ministra Gleisi Hoffmann não é capaz de atuar nos estritos limites estabelecidos pela laicidade do Estado, então, cabe à Presidenta Dilma, substitui-la imediatamente. Ademais, se os seus compromissos políticos eleitorais, com bancadas e igrejas, visam mais o seu benefício pessoal na escalada rumo ao Governo do Paraná que os interesses e benefícios de toda a sociedade brasileira, que tanto lutou e luta por liberdade, justiça, democracia, respeito à diversidade religiosa, sexual e étnica, resta, portanto à Presidente Dilma promover a substituição imediata da ministra!
Fora Gleisi Hoffmann! Fora Feliciano!
Contra o financiamento público das Comunidades Terapêuticas!!
Contra a Internação Compulsória!!!
Contra o PL Osmar Terra/Carimbão!!!!

Assinam esta NOTA:
Associação Brasileira de Redutores de Danos (Aborda)
Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme)
Coletivo DAR
Movimento Nacional de População de Rua
Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS)