Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.
O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), cumprimenta os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de Nossa Senhora dos Tsunamis, de São Ahmed dos Terremotos e de do Profeta Mohamed dos Camelos Mancos e pergunta: quem pode levar religiões a sério? Estes lazarentos não tem nada mais importante pra fazer senão intrometer-se na cama e nas fodas das pessoas?
Aliança com Eduardo Campos: as razões de Jarbas Vaconcelos
Por DiAfonso
Estou
cansado desse modo de se fazer política [Aqui e alhures. Outras plagas..
Brasil afora.] Mas não posso deixar de dar meu singelo palpite para os
que nos quer governar, pedindo votos e levantando bandeiras. Bandeiras
que são minhas e de muitos companheiros de estrada. Bandeiras que, ao
sabor dos ventos, são rasgadas por aqueles a quem confiamos nosso
voto.].
Não sou
analista político. Apenas, sou aquele que "vévi" a pensar sobre os
lances dos "profissionais" da política brasileira. Cada acordo me deixa
em maus lençóis comigo mesmo e com aquilo que defendo por defender o
projeto de alguém que defende um projeto que não é só meu, mas de muitos
[Deu para enteder?!?!]
Pergunto-me:
Como posso permitir que um determinado político incorpore [ao seu
bel-prazer... O eleitor que se dane!] um projeto que nunca foi dele?
Projeto meu e de meus companheiros de jornada!
É-me
difícil aceitar, aqui em Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcelos na
Frente Popular [?!?!] por tudo que fez e disse contra o governo Lula.
Antes disso, pela traição a quem sempre lhe deu votos. Traição ao se
emporcalhar com o antigo PFL para conquistar o poder.
É-me
difícil olhar o palanque repleto de Jarba[s] e Eduardo[s] Campos[s]
[Outrora inimigos figadais. A política com fígado está muito mais em
Jarbas.] a se digladiar com o PT-Pernambuco a fim de tomar a prefeitura
da Cidade do Recife.
É-me
difícil ver um candidato, em quem votei para o Senado Federal, abdicar
de seu papel [papel conferido nas urnas por eleitores que nele
confiaram] para se candidatar a prefeito da cidade do Recife, numa
encarniçada briga interna.
É-me difícil ver Lula apertando a mão [não é um simples aperto de mão, mas uns tempinhos a mais na TV] de Paulo Maluf.
Indignado estou.
E
indignado, retiro-me dessa disputa que se avizinha. Não vou poder
reclamar, pois, ao anular meu voto, ficarei impedido de me manifestar.
Torço
pela vitória de Fernando Haddad em São Paulo, apesar do acordo com
Maluf, mas dessa vitória não emitirei um só grito de júbilo.
Torço
pela vitória de Humberto Costa [PT-PE] aqui em Recife, mas ele não terá
uma só postagem a seu favor, de minha parte. Nem ao menos um parabéns
pela possibilidade de vitória.
Silencio nesse tabuleiro de farsas e mentiras que, ao final de tudo, estampa no rosto do cidadão que vota: VOCÊ É UM OTÁRIO!
Meu trabalho: dar assessoria a um candidato a vereador que não é de meu
campo político, mas que agrega alguns valores que defendo. Se ele
cumprirá o que diz, só o tempo dirá...
Finalizo
dizendo que as razões de Jarbas Vasconcelos, ao se aliar a Eduardo
Campos, se resumem a uma: derrotar LULA e o PT. Seja no Oiapoque, seja
no Chui. Jarbas é um senhor que faz política com o fígado. Seu lema é
vigança. Mas, curiosamente, para se vingar de LULA, ele se humilha
diante de quem deu-lhe uma surra eleitora no último pleito.
Talvez
esteja enganado. Talvez não compreenda que para mudar o Brasil, tenha-se
que se "acoloiar" com "almas sebosas" da política brasileira.
Entretanto não posso deixar de afirmar que precisamos acabar com essa
tal de preservar a governabilidade [não é o caso de Pernambuco] e se
aliar a tais e quais.
Quem
arrisca sua saúde neste espaço fedorento conhece, de um lado, a minha
posição em relação a imundície que se reúne na abjeta Frente Parlamentar
Evangélica e, de outra banda, também já viu por aqui minhas críticas ao
governo e ao PT, os quais, de forma despudorada, acocoraram-se diante
desta tropa letal de fundamentalistas religiosos.
A
LGBTT-fobia tem origem no discurso religioso, repetido todos os dias,
sempre com voz macia e sestrosa e gestos suaves, e precisa ser
combatida, e com muito barulho, porque o discurso de ódio e de
intolerância estabelece, a meu ver, uma espécie de aceitação social da
violência mortal que atinge o povo LGBTT e que, portanto, ameaça a vida do meu filho e minha família. De minha parte as coisas serão sempre assim: LGBTT-fobia eu trato a pontapés e do pescoço pra baixo é canela, seus filhos da puta!
Este texto de Idelber Avelar trata com muita propriedade desta questão.
Procurei bastante por aí,
mas não encontrei. Até onde pude averiguar, não há precedente moderno,
em nação democrática, de um Congresso Nacional prestando-se ao ridículo papel de discutir “cura para homossexuais”. Você encontrará, claro, deputados individuais dando declarações que sugerem “cura para gays”, como é o caso do homofóbico costarriquenho Juan Orozco.
Mas não consegui achar, em casa legislativa de país democrático, um
vexame comparável ao que se prestou a Câmara dos Deputados brasileira
nesta quinta-feira. A Câmara se reuniu para um “debate”, uma audiência
pública da Comissão de Seguridade Social e Família, acerca de um pedaço de lixo,
em forma de Projeto de Decreto Legislativo, defecado por João Campos,
evangélico tucano de Goiás e homofóbico-mor do Congresso. O projeto se
arroga o direito de sustar uma resolução do Conselho Federal de
Psicologia que, com muito atraso, em 1999, definiu que os profissionais
da área não patologizarão práticas homoeróticas e não colaborarão com
serviços e eventos que proponham tratamento e cura da homossexualidade.
Como notou Antonio Luiz Costa, da Carta Capital, mais esdrúxulo ainda é
que o pseudo-debate, pasmem, foi convocado por um deputado do Partido
Verde.
O estado de exceção em que vivemos se converteu em
regra a tal ponto que uma monstruosidade dessas é discutida como se se
tratasse de um debate razoável, com duas ou mais posições em comparável
condição de reinvindicar a razão ou a verdade. O fato é noticiado como
se não fosse absurdo. Votações online colocam as opções como se se tratasse de uma escolha entre termos simétricos, e não a justaposição entre uma posição consensualmente científica
e um delírio de psicopatas fundamentalistas. No mundo realmente
existente, claro, não há qualquer discussão, em nenhuma disciplina
séria, sobre se a homossexualidade é ou não é doença, desvio, aberração
ou anormalidade a ser curada. Num país em que se assassina um gay ou
lésbica (ou cidadã[o] confundido[a] com gay ou lésbica) a cada 36 horas –
lembrando sempre que esses números são brutalmente subrreportados –,
aceitar um “debate” nesses termos já é, por definição, sujar as mãos de
sangue.
É evidente que, no interior de uma sociedade
homofóbica, a violência real e simbólica perpetrada contra gays e
lésbicas produzirá sofrimento que, em maior ou menor grau, poderá ter
consequências que se encaixam entre as tipicamente tratadas num
consultório de psicólogo, psicanalista ou terapeuta. Também é evidente
que, nesses casos, o que será tratado ou “curado” – e há toda uma
discussão sobre o que essa palavra pode significar, seu clássico sendo o
Análise Terminável e Interminável, de Freud – não será,
jamais, o desejo, a afetividade ou a prática homoerótica em si, e sim a
condição produzida no sujeito, seja lá ela qual for, a partir da
violência homofóbica. A Resolução de 1999 do Conselho Federal de
Psicologia simplesmente estabelece, como parâmetro ético inegociável
para o exercício da profissão, o reconhecimento desse fato, em
conformidade com resolução análoga da Organização Panamericana de Saúde.
Há que se atentar que a iniciativa homofóbica dos
Deputados João Campos (PSDB-GO) e Roberto de Lucena (PV-SP) vem, toda
ela, embrulhada no discurso da liberdade de expressão. “Deixa a pessoa
ter o direito de ser tratada”, diz a pseudo-psicóloga homofóbica Marisa
Lobo, estrela do “debate” e convidada de Gleisi Hoffmann a eventos
oficiais no Palácio do Planalto (enquanto a tropa de choque governista
nas redes sociais inventa cada vez mais malabarismos para dizer que o
governo não tem responsabilidade no surto de assassinatos homofóbicos). A
baliza ética expressa na resolução do CFP e universalmente aceita entre
profissionais de todas as psicoterapias – a saber, a de que
homossexualidade não é doença a ser “tratada” – é apresentada por João
Campos nos seguintes termos: “É como se o Conselho Federal de Psicologia
considerasse o homossexual um ser menor, incapaz de autodeterminação”.
No mundo realmente existente, claro, é o jovem gay de 15 anos de idade, e
não a corja fundamentalista, que é morto a pauladas na rua. Mas os nossos Deputados acham que é o seu ódio que ainda está sendo cerceado em seu direito de expressão.
Alguns amigos acharam que minha ênfase, ao longo
desta sexta-feira no Twitter, no ineditismo desse fato – um Congresso
nacional discutindo o direito de se “curar” gays – era contraproducente.
Discordo. É importante afirmar: barbárie como esta que está acontecendo no Brasil é raramente encontrada em sociedades democráticas modernas.
O evento desta quinta-feira no Congresso é mais uma reiteração dessa
barbárie. A única postura que cabe em relação a esse “debate” é
denunciar sua própria existência.
Falar do outro é fácil, dizer que devemos aceitar as diferenças,
apoiar e tomar parte dos direitos dos diversos qualquer um diz. Mas e se
fosse contigo, mãe, e contigo, pai? E se algum dia no futuro essa
criança que pode nascer ou não te chamar pra uma conversa só pra te
dizer "eu sou gay"? O que você faria?
1º - Não tente dizer que vai receber a notícia com naturalidade. É mentira.
Pensa bem: nessa hora milhões de coisas vão passar pela sua cabeça.
Muita merda, com absoluta certeza afirmo. Mas é impossível receber uma
notícia assim e responder com um"ok, agora vá fazer seu dever". Você vai
querer saber o que aconteceu, por que ele não te disse antes e desde
quando descobriu sua sexualidade. É nessa hora que você deve redobrar o
cuidado. Sufocar seu filho ou filha debaixo de uma torrente de perguntas
é terrível. Pra você e pra ele. 2º - Você já sabia. Olha, você conviveu com a criatura por uns 14 ou 15 anos (a idade mais
normal pra se assumir) e não percebeu nada? Não falo de nada gritante.
Falo de trejeitos, voz, fala. Deixar isso "rolar" sem chamar a atenção
do seu filho, além de te fazer um não-imbecil de merda, ajuda ele a se
sentir mais confortável e a confiar mais em você. Toda criança pode ser
gay. Homossexualidade não é "falha na criação", é natural. Querer ver em
seu filho um macho-alfa quando ele não é, além de ser maldade, mostra
sua insensibilidade quanto a situação complicadíssima dele. Imagine-se
sem poder estar à vontade em seu próprio lar. Então. É mais ou menos
assim que ele se sente.
3º - Essa é velha e sempre complicadíssima: "sei que o meu filho é gay mas não sei se, e se, como falo isso pra ele" Você não precisa contar. Ele já sabe, acredite. Se acha importante
conversar com ele sobre sexualidade (e é) fale em tom baixo, como uma
conversa comum. Não faça aquele imenso estardalhaço de "ir num cantinho
pra conversar".
Essas são algumas dicas para não tornar o processo de saída do armário uma
odisseia sem fim. Lembre-se sempre que seu filho não é gay porque quis,
ou porque você de alguma forma causou isso. Seu filho é gay porque
nasceu assim, e ele precisa mais do que nunca do seu apoio pra poder
sair desse armário fétido e escuro.
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O Blog do Garoto Diferente é sempre direto, instigante, sem rodeios, e eu o recomendo incondicionalmente. Só acho que ele poderia postar com mais frequência.
Em 1975, Gilberto Gil, que acaba de completar 70 anos, lançou um
belíssimo disco, de nome Refazenda, no qual incluiu uma canção chamada
Pai e Mãe, em que demonstra seu afeto pelos dois e a influência que
exercem em sua vida. Em determinado momento, Gil pede à mãe que diga ao
pai que não se aborreça com ele quando o vir beijar outro homem
qualquer. E completa: “Diga a ele que eu quando beijo um amigo/Estou
certo de ser alguém como ele é/Alguém com sua força pra me
proteger/Alguém com seu carinho pra me confortar/Alguém com olhos e
coração bem abertos pra me compreender”.
A necessidade de o poeta pedir à mãe que explicasse ao pai o
significado do beijo do filho em outros homens fazia total sentido por
se tratar, o pai, de uma pessoa provavelmente da primeira década do
século 20, que poderia se surpreender e ter dificuldades de entender
certos gestos de tempos mais modernos, não necessariamente ligados ao
homossexualismo. Estávamos em meados dos anos 70, com a ditadura comendo
solta, e pouco espaço para a demonstração dos afetos.
O que surpreende é que passados 37 anos do lançamento da canção de
Gil continue a existir uma intolerância e uma irracionalidade que
discrimina e vitima qualquer manifestação de afeto entre homens. Parece
que a sociedade, apesar de toda a luta pela igualdade de direitos, andou
para trás, a ponto de testemunhar barbáries como a recém-acontecida na
Bahia, ironicamente a terra de Gil, em que irmãos gêmeos foram
espancados, um deles até a morte, por andarem abraçados na rua. O jovem
morto, 22 anos, era casado e sua esposa está grávida de quatro meses. O
irmão sobrevivente tem uma filha de quatro anos.
As características do crime covarde, praticado por oito homens,
apontam para homofobia. Um rapaz de 22 anos perdeu a vida por ser
confundido com um gay. Não era o caso. Mas se fosse, o crime continuaria
sendo bárbaro e injustificável. Faz-se necessário um movimento de
pressão para que a reforma do Código Penal em curso não trate mais a
homofobia apenas como injúria. A comissão de notáveis que preparou um
documento para embasar um novo texto, que substituirá o atual, de 1940,
classifica a homofobia como crime inafiançável e imprescritível, como o
racismo. É uma mudança essencial para reduzir e punir devidamente esse
tipo de comportamento.
Embora óbvia e necessária, essa alteração não será aprovada
facilmente pelo Senado e pela Câmara. Entre outros males, o Congresso
brasileiro vem sendo tomado por bancadas de grupos religiosos
retrógrados, contrários a avanços, como o direito da mulher ao aborto, a
eutanásia e a criminalização da homofobia. Chega a pasmar assistir à
manifestação de representantes dessas bancadas, afirmando que punir a
homofobia atenta contra a liberdade de expressão deles. O que querem? O
direito de pregar o preconceito e estimular espancamentos como que acaba
de ocorrer na Bahia?
A sociedade brasileira, fraterna e caracterizada pela tolerância,
precisa combater esses grupos e fazer aprovar um Código Penal que
respeite plenamente os direitos da pessoa humana, sem estar sujeita a
credos. Desde já, apoio qualquer movimento neste sentido, no mínimo pela
liberdade de poder beijar meus filhos adultos na rua, como fazia com
meu pai, sem que isso implique risco de vida.
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Com efeito, esta canção surpreendente tem versos instigadores e belíssimos, e foi muito bem lembrada pelo autor do texto.
Num dos melhores discos de Gil, recheado de canções memoráveis e definitivas (Refazenda, Jeca Total, dentre outras), esta delicada canção é uma das minhas favoritas.
O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), cumprimenta todos aqueles que, distraídos, não se dão conta da ostensiva e barulhenta marcha da tropa do atraso, de origem cristã, que sem nenhum pudor pretende transformar o Brasil num estado dominado pelo fundamentalismo religioso. Depois, quando participar de missa ou de marchas para jesus for ato obrigatório, não reclamem.
Fugindo das ameaças dos aiatolás iranianos, o rapper Shahin Najafi
(foto), 31, se refugiou numa casa perto de Colônia, na Alemanha. Embora
esteja sob proteção policial, as quatro fatwas lançadas contra ele até o
momento pelos principais clérigos iranianos parecem incrivelmente
distantes. Najafi lançou uma música na qual implorava ao décimo imã, Ali
al-Hadi al-Naqi, que voltasse à Terra para solucionar os problemas do
Irã contemporâneo. Os xiitas veneram al-Naqi, que morreu 1.143 anos
atrás e era descendente direto de Maomé. A canção foi baixada mais de
500 mil vezes apenas no Irã e foi assistida mais de meio milhão de vezes
no YouTube. Como é sua rotina no esconderijo em que está?
Leio, escrevo, tenho o violão comigo. Tento não pensar nas ameaças. Alguém o visita?
Não, ninguém. Você é casado aqui na Alemanha. Como sua família está lidando com a situação?
É difícil. Prefiro não comentar. Quando começou a se interessar por música?
Dos 14 aos 18 anos, treinei para me tornar um cantor profissional dos versos alcorânicos. Qual era o aspecto que mais o fascinava?
Eu era um menino muito religioso e, um dia, ouvi a música de um cantor
alcorânico egípcio. A melancolia daquela música me tocou tão
profundamente que me levou às lágrimas. Depois, você frequentou a universidade?
Sim, cursei sociologia, mas não cheguei a me formar - principalmente
porque se tratava de sociologia islâmica. Eu tinha dificuldade para
aceitar os dogmas. Não se tratava de uma ciência, como ocorre no
Ocidente. Fui expulso da universidade. Então, tive de me alistar no
Exército. Foi então que perdi a fé. O que houve?
Até então, eu era um jovem idealista. Vivia no mundo da poesia e das
ideias. Pensava que a vida era apenas arte e filosofia. No Exército,
descobri subitamente o mundo real. Por que foi obrigado a deixar o Irã?
Depois do Exército, toquei em bandas que faziam versões cover de músicas
pop ocidentais. Inicialmente, tocávamos apenas versões instrumentais,
evitando problemas com as autoridades. Mas, a partir de 2003, comecei a
compor, a tocar minhas próprias canções e logo me vi perseguido pelos
agentes do serviço de informações. Em novembro de 2004, fiz minha última
apresentação e fugi para a Alemanha, porque tinha sido sentenciado a 3
anos de prisão e a 100 chibatadas em razão de uma de minhas músicas.
Para um artista, não deve ser fácil viver no exílio. O público desaparece e é difícil conhecer novos ouvintes.
Experimentei bastante e, finalmente, passei a me dedicar ao rap. Na
verdade, não gosto muito do hip-hop. A música é repleta de clichês e a
subcultura, principalmente o lado machista, não me atrai. Mas, ao mesmo
tempo, o rap é uma linguagem simples, direta e forte.
Capa da música Naqi é uma alusão aos
casamentos temporários no Irã
Não chega a ser surpreendente que sua canção 'Naqi' tenha provocado
tamanha reação. Afinal, você evoca um imã considerado importantíssimo
para os xiitas e faz versos falando de himens reconstituídos, corrupção e
sexo. A capa mostra uma mesquita cuja redoma tem a forma de um seio,
sobre a qual tremula uma bandeira do arco-íris. Você não acha que é
difícil ser mais provocativo do que isso?
Sempre soube que minhas canções provocariam o regime. Entre outras
coisas, a capa é uma alusão aos casamentos temporários no Irã. E a
bandeira sobre a mesquita simboliza a pena de morte que é aplicada aos
homossexuais em nome da religião. Ainda assim, admito que não esperava
uma reação tão extrema. Há algo de satírico nas letras de suas músicas.
Sim, sou um sátiro. Os poderosos não gostam de sátiros. Salman Rushdie também poderia ser considerado um sátiro.
Os fundamentalistas não sabem brincar. Nunca aceitam piadas. Querem que obedeçamos cegamente e acreditemos nos seus dogmas. Não se sente horrorizado pela possibilidade de ter de passar muito tempo escondido?
É claro que sim. Sou um músico. Preciso me apresentar. Não posso
desistir. Tenho de ser ainda mais corajoso. Sabemos que temos muitos
inimigos. Não apenas no Irã. Mas nada disso importa. O futuro nos
pertence. Acho que a arte é uma força capaz de transformar o mundo. São palavras nobres.
Na noite passada, vi um vídeo na internet. Nele, dois homens mascarados
me ameaçam, falando em persa com sotaque afegão. Eles perguntam: por que
você insulta nossa fé? Vamos encontrá-lo, não importa onde esteja
escondido. Não estará a salvo em lugar nenhum. E eles também falam
alemão. Talvez morem na Alemanha ou tenham crescido aqui. O que devo
fazer? Desistir? Demonstrar arrependimento? Não farei nada disso.
Acredito na história. Precisamos de tempo. Será preciso tempo para que
as coisas comecem a mudar. Mas elas vão mudar.
Erundina deixou todos petistas constrangidos. Fez o que qualquer petista histórico faria. O PT dos anos 1980, não este pragmático, sem cor, sem cheiro, sem forma. Praticamente matou a candidatura de Haddad. Só uma reviravolta para colocar a militância engajada (da zona leste e sul) na rua.
Os pragmáticos, do PT e PSB, estão furiosos e jogam a culpa na escolha do nome da ex-prefeita. Não se importam com programa ou ideologia. Se importam com vitória, com cálculo de votos. Assim, pautados pela popularidade, se tornam conservadores, fiéis escudeiros do status quo, justamente porque não querem mudanças fundamentais, mas apenas se tornarem populares. Um atalho para a construção da hegemonia gramsciana. Em Gramsci, havia diálogo e costura de múltiplos interesses. Mas o pragmatismo petista de hoje é rebaixado. Não procura costurar interesses a partir de um programa. Faz o contrário: constrói seu programa a partir do cálculo de força eleitoral. Cede. Se rebaixa. Na verdade, não se preocupa com programa algum. Eleito, administra e sai a cata de programas que tenham algum sentido estatal-desenvolvimentista, o que sobrou do modo petista de governar. Aquele modo petista, mesmo difuso e confuso, tinha uma inspiração de transformação social, plasmada no slogan "inversão de prioridades". O participacionismo, outra marca do início dos governos petistas, foi abruptamente abandonado. O motivo parece óbvio: não há como abrir a participação dos de baixo se os cálculos eleitorais exigem acordos com as elites coronelistas de sempre.
Erundina é a última petista. O que deve incomodar profundamente os caciques do PSB e do PT.
Deu-se estes dias que chegamos a
uma encruzilhada inaudita. Assim, os que ousaram se alinhar ao
sentimento de Luiza Erundina, de repúdio à ligação do PT e de Lula a
Paulo Maluf, passaram a ser chamados de “puros”. Assim mesmo, entre
aspas, para que fique claro a conotação de que, uma vez puros, são
também tolos, tristes sonhadores, idealistas cuja atitude pueril não só
transgride as …regras do jogo como, no fim das contas, subverte a ordem
de uma guerra santa. Em meio ao jihadismo estabelecido nas eleições
paulistanas, de demônios tão nítidos quanto malignos, a atitude de
Erundina contra a aliança da esquerda com um bandido procurado pela
Interpol, com o cúmplice ativo dos assassinos da ditadura militar, com o
construtor da vala comum do cemitério de Perus, com a representação do
pior da direita, enfim, tornou-se um ato de traição, de purismo
político, de angelical perversão.
Ato contínuo, os mesmos que dias
antes haviam comemorado a chegada da deputada do PSB à campanha de
Fernando Haddad passaram, de uma hora para outra, a demonizá-la,
curiosamente, pelo viés de um purismo atávico e infantil. Erundina, a
louca idealista, a tresloucada individualista capaz de destruir os
planos de redenção da esquerda por causa de uma foto, uma imagem de
nada, um instantâneo sem relevância nem simbolismo, apenas o registro
banal de um líder da resistência a se confraternizar com chefe da
escória. Ah, os puros, como são tolos! Justo quando deles se exige
fortaleza e dedicação, aparecem esses sonhadores cheios de escrúpulos e
regramentos éticos.
De toda parte, então, passaram a
rugir leões do pragmatismo político, militantes de uma realpolitik
feroz, implacável, a pregar a irrelevância dos puros, dos tolos da
ética, quando não de sua influência nefasta sobre os jovens e, claro, do
enorme desserviço prestado à democracia e ao admirável mundo novo que
se anuncia. Os puros, dizem, nunca ganham eleições. E se não o fazem,
portanto, que não atrapalhem os que as querem ganhar a qualquer custo. É
preciso impedi-los, portanto, de se mostrar em público. É preciso
calá-los, desqualificá-los, torná-los ridículos, patéticos em sua
fraqueza.
Nem que para isso seja preciso
transformar em traidora uma brasileira digna, com 40 anos de vida
pública inatacável, uma heroína da resistência, uma política que passou a
vida levando assistência a favelas e cortiços, uma parlamentar que
dedica seus mandatos a defender a democratização da comunicação e o
resgate da memória dos que foram seqüestrados, torturados e mortos pelo
regime ao qual serviu Paulo Maluf. Este mesmo Maluf contra o qual os
puros, os tolos e os sonhadores da política, vejam vocês, tem a ousadia
de se voltar.
DESABAFO DE UM BABALORIXÁ INDIGNADO: ISTO É UMA VERGONHA!
Eu, Jorge Kibanazambi, na condição de Babalorixa e Presidente da
Associação Beneficente Afro Brasileira São Jeronimo e São Jorge, em
representação da mesma, manifesto meu repudio a mais esse ato de
violência contra a instituição religiosa Tenda de Umbanda Caboclo
Pajelança, situada no município catarinense de Jaraguá do Sul, na qual o babalorixá do terreiro teve sua casa de candomblé
invadida por causa da "DENÚNCIA DO SILÊNCIO" e, como reagiu, falando da
liberdade religiosa, foi preso e saiu algemado de seu terreiro como um
bandido! Eu nunca vi a polícia dentro de uma igreja católica! Eu
nunca vi a polícia dentro de uma igreja católica ou mesmo evangélica (e
olha que o bispo MACEDO já foi filmado até ensinando a roubar os
fiéis!), impedindo-os de fazer seus cultos (e tem cultos evangélicos que
usam instrumentos musicais como um clube e outros que gritam o tempo
todo nos seus cultos!) e suas missas. O que eles estão pensando que
somos? Caso não saibam temos os mesmos direitos para cultuar e professar
nossa fé que qualquer outra pessoa. Chega de intolerância!!!!!!!! Será
que não temos os mesmos direitos que constam da constituição que os
outros povos de outras religiões tem? Estamos aterrorizados com a
atitudes daqueles que deveriam nos proteger, ainda alguns pregam que
temos liberdade, cadê? Nossa convicção é de que sempre que acontecem
violências desse tipo, as autoridades silenciam, seja por vergonha, seja
por cumplicidade.
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O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), cumprimenta os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de Nossa Senhora da Gritaria Religiosa e lembra que, por exemplo, as igrejas evangélicas e a santa madre igreja católica decidiram que têm a porra do direito de fazer o furdunço que que decidirem fazer. Podem incomodar um bairro inteiro com suas cantorias alucinadas, com suas gritarias alucinadas, com suas procissões e passeatas alucinadas, com sua moral alucinada, com seus pastores picaretas, com seus padres picaretas e com suas merdas de gosmentas bandas gospel: afinal, a Constituição Federal - que querem ver substituída pela porra da bíblia - lhes garante o direito de viver sua fé, e seus ritos ridículos, e suas organizadas sessões de arrecadação de grana de gente incauta. Nunca ouvi dizer que uma porra de uma igreja cristã tenha sido invadida por uma tropa de meganhas diante do barulho ofensivo e imoral que fazem todos os dias, em todos os lugares e recantos deste nosso Brasil, isso sem falar das sessões de "cura" e de abjeta mistificação exibidas em cadeia nacional de TV.
Ateu que sou, considero as religiões de origem africana tão enganadoras quanto o cristianismo hipócrita de matriz branca mas, que fique bem claro, apresento aqui minha irrestrita solidariedade ao Jorge Kibanazambi, Babalorixa e Presidente da
Associação Beneficente Afro Brasileira São Jeronimo e São Jorge.
O ultrapragmatismo do que eu sempre chamei de 'lulismo de resultados' está
dando mostras que passou do ponto. Lula, fazendo aliança com Maluf,
passou do ponto. É o equivalente à defesa súbita e intransigente do
Brizola ao então cadente presidente Collor, em 1992. Passou do ponto.
Os líderes populares que fazem interlocução direta com a base social e
eleitoral, sem mediações institucionais, como partidos, imaginário
político-ideológico, movimento social, tendem a ficar com a mão pesada,
no decorrer do tempo. Aconteceu com Brizola, está acontecendo com Lula.
Lula ficou com a mão pesada. Lula re-valorizou um político profissional
que já estava de pijama e pantufas de pelúcia. Não quero, porque não
devo (porque isso é papel da direita), olhar o lado moral de Maluf,
talvez o político profissional mais identificado com a corrupção
horizontal e vertical da cena pública brasileira nos últimos 35 anos.
A questão é política. Trata-se de um erro político que pode abortar a
ascensão de um novo quadro ao primeiro plano da política nacional, como o
ex-ministro Fernando Haddad. Não é à toa que a deputada Luiza Erundina
abandonou pela segunda vez o PT/SP. Outro erro político, mas que fica
subsumido ao erro matricial do ex-presidente Lula nas relações perigosas
com Paulo Maluf.
Uma observação final: acho muito curioso que gente da direita
(especialmente certos jornalistas) fique manifestando estar
escandalizado com a recente manobra de Lula em direção à Maluf. Mera
reprise do que aconteceu na aliança com Sarney. Ora, essas duas
pérolas raras da direita (entre tantas e tantas outras) são patrimônio
exclusivo da própria direita. Se eles querem alugar ou vender seu
discutível capital eleitoral a outro empreendimento, que não o de sua
origem de classe, é outra história. No capitalismo, o empreendedorismo é
livre também para os mercadores de votos e falso prestígio público.
Não sejamos cínicos, a feira eleitoral (como dizia Gramsci) é um mercado como qualquer outro.
El Servicio de Alto Hablantes Ornitorrinco, hoy a hablar su mas perfecto portunhol, saluda los peregrinos en esta más grande quermessa en louvor de Nuestra Virgencita de Las Medidas de Cautela y Prudencia, y avisa a todos: corram, corram, el cura está a camiño, y sobre un caballo e traciendo un miura de mucha fé!
Precioso registro do exato momento em que uma criança, utilizando seu livre-arbítrio, isto é, no pleno exercício das suas prerrogativas, entrega-se a deus.
Padre
Tom Doyle: “O Crimen Sollicitationis prescreve uma política de absoluto
segredo sobre todos os abusos. O que estamos lendo aqui é uma explícita
política de cobertura dos casos de abusos perpetuados pelos padres e
também a punição para aqueles que gostariam de reclamar atenção sobre
estes crimes. O que prova que a hierarquia eclesiástica estão
interessadas, unicamente, no controle da situação. Existe uma clara
evidência que a preocupação é somente controlar e conter o problema. Em
nenhuma parte do documento está escrito como ajudar as vítimas, ao
contrário, a única coisa importante é de aterrorizar as vítimas com a
ameaça de puni-los se falarem do que aconteceu.”
Lula não consegue rir, Haddad força um riso amarelo e Maluf, o filhodaputa, está feliz graças ao PT.
1. Não há quem consiga convencer-me que aliar-se ao pulha do maluf é indispensável.
2. Não há quem consiga convencer-me ser correto ajuntar-se a um sujeito criado e cevado pela ditadura militar que assassinou e fez desaparecer centenas de brasileiros e de brasileiras.
3. Não há quem consiga convencer-me que apoiar e ser apoiado por um filhodaputa tão comprovadamente corrupto - e tanto que tem ordem de prisão expedida pela Interpol e nem pode sair do Brasil - é uma ação política acertada, ou é grande política, ou é a política real, ainda que esta seja a merda da política real.
4. O nome disso é pragmatismo eleitoral do tipo mais abjeto, gosmento e ofensivo, e não a mim mesmo que já estou com o pé na cova, mas aos meus filhos e netos, e ao povo brasileiro.
5. Chico Mendes, Margarida Alves e Nativo da Natividade, dentre outros e outras, que morreram de bala e tiro, deveriam merecer respeito.
6. O PT acabou e seus dirigentes - que nos ofendem com seus sorrisos sestrosos e enganadores - estão fedendo insepultos num lixão a céu aberto, e devemos todos ver o que fazer com o chorume.
7. A dor é infinita, é um punhal fino espetado no peito, o vento entrando, o pó sufocando.
E nada mais havendo a tratar, o Ornitorrinco Ateu da Silva perguntou "mas que merda é esta?" e declarou encerrada a reunião, tendo determinado que eu, Ornitorrinco Ateu de Oliveira, secretário ad hoc, lavrasse esta ata, que registra manifestação do mais sublime amor que só o cristianismo pode produzir, e dela distribuísse cópias entre os pobres, para que aceitem sua sorte e parem com lamurias e pedidos inúteis, bem como entre as autoridades policiais, para que estas, sempre cumprindo os propósitos de deus, baixem a borduna nesta gente insubmissa. Antonina do Deus Nos Acuda, 15 de junho de 2012.
Pois o Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), ao cumprimentar os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de Santo Antão dos Dinossauros Falantes, vai logo avisando: não me venham com a conversa cerca-lourenço de que "deus se manifesta de maneiras misteriosas".
O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO) dirige seu mais cordial cumprimento ao distinto público presente nesta grandiosa quermesse em louvor da Virgencita das Copiadoras e de Santa Neuma do Xerox e anuncia sua promoção de cópias a R$ 0,10.
Para além de qualquer dúvida este homem tem fé e acredita que, logo ali, encontrará um deus, qualquer um dos milhares de deuses e deusas que o homem inventou.
Padres, pastores, rabinos, gurus, mulás e demais enganadores religiosos o incentivarão a andar assim tão bovinamente e tão inutilmente.
Picaretagem nº 1 Leio no excelente Pavablog que "Policiais civis da 14ª DP (Leblon) comemoraram o dia dos namorados
colocando atrás das grades uma quadrilha de estelionatários que aplicava
golpes em pessoas emocionalmente abaladas. Com a alcunha de Pai Bruno
de Pombagira, Edmar Santos de Araújo, de 23 anos, prometia “trazer a
pessoa amada em três horas”. Ele e um comparsa foram presos na noite
desta terça-feira e na madrugada de quarta, aplicando um golpe em um
morador do Arpoador".
O Ornitorrinco comenta: um picareta líder religioso promete trazer a pessoa amada em três horas, desde que o fiel pague pelo serviço. Com tal propósito, o pilantra líder religioso anuncia seus serviços e conta com secretárias para receber as, digamos, encomendas. Este evidente trambiqueiro lider religioso foi preso pelas autoridades.
Picaretagem nº 2 De outra banda, no também imperdível Paulopes, descubro que o STF arquivou ação contra o casal dono da Igreja Renascer, Estevam Hernandes Filho e sua mulher, a bispa Sonia, acusados pelo Ministério Público de formação de quadrilha e de evasão fiscal com o intento de "ludibriar os fiéis, valendo-se de uma
“organização criminosa” para lavar dinheiro", em processo na 1ª Vara Criminal de São Paulo, e que recentemente pagaram cana de 140 dias nos EUA, depois de presos no aeroporto de Miami com quase 60 mil dólares escondidos dentro de uma bíblia.
O Ornitorrinco comenta: um casal de picaretas líderes religiosos promete não apenas trazer a pessoa amada em três horas, mas resolver todos os problemas financeiros e profissionais dos fieis, desde que paguem pelo serviço. Com tal propósito, os pilantras líderes religiosos anunciam seus
serviços em programas de TV, regiamente pagos, e contam com sofisticados e caros esquemas de call centers para receber as, digamos, encomendas. Estes evidentes picaretas só pagaram cana nos EUA. Aqui permanecem em liberdade e vendendo as fumaças coloridas e mentiras de sempre.
Por
coincidência, enquanto preparava esta postagem, carro de som passa aqui no bairro e avisa que "hoje, a
partir das 19 horas", na igreja Deus é Amor, "você poderá receber o seu
milagre", graças a uma pastora e aos desígnios do tal do espírito
santo.
Eu, mais burro que todas as portas aqui de casa, tendo constatado que pai de santo pilantra é prontamente preso, mas pastores e padres picaretas jamais, pergunto: qual a diferença, afinal, entre o pai bruno da pombagira, o apóstolo valdomiro, o bispo edir macedo, o reverendo rr soares e os os padrecos marcelo rossi, fábio melo e reginaldo manzotti? Qual a diferença entre esta tropa de enganadores e b16, o nazistão, e o pai bruno da pombagira?
Ao fim e ao cabo, nenhuma. São todos abjetos enganadores, ou, melhor dizendo, respeitáveis líderes religiosos.
O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco (SAFO), nesta manhã de sol tímido e incerto, cumprimenta os presentes nesta grandiosa quermesse em louvor de São Malafaia da Homofobia e, indo direto e reto ao cerne da questão, avisa que LGBTT-fobia será tratada a pontapés, ainda que metafóricos.
Este católico exemplar tinha deus no coração, que ninguém duvide: feita a confissão a um padreco e devidamente "perdoado", o pulha genocida fecha os olhos, em êxtase, ao receber a hóstia numa missa dominical, depois de mais uma semana de torturas, assassinatos e desaparecimentos de opositores da sua sanguinária ditadura.
1. Temam menos a morte e mais a vida insuficiente.
2. Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram.
3. Perguntas de um Operário Letrado
Quem construiu Tebas, a das sete portas? Nos livros vem o nome dos reis, mas foram os reis que transportaram as pedras? Babilônia, tantas vezes destruída, quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas da Lima Dourada moravam seus obreiros? No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde foram os seus pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares?
A tão cantada Bizâncio só tinha palácios para os seus habitantes?
Até a legendária Atlântida, na noite em que o mar a engoliu, viu afogados gritar por seus escravos. O jovem Alexandre conquistou as Índias sozinho? César venceu os gauleses. Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço? Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha chorou. E ninguém mais? Frederico II ganhou a guerra dos sete anos. Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória. Quem cozinhava os festins? Em cada década um grande homem. Quem pagava as despesas?