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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cantinflas, tequila, tacos, tortillas, burritos, quesadillas e guacamoles, ou o perigo da mexicanização no Brasil

Ai, caramba!

1. Os tucanos-esverdeados permanecem incapazes de alinhar uma única e miserável razão positiva e favorável ao patife do serra.
2. Tutuca publica post para anunciar, eufórico, que o notável brasileiro Hélio Bicudo declarou voto no patife do serra.
3. Da mesma maneira que sei que os tucanos esverdeados aqui de Antonina não são patifes e não tornar-se-ão patifes por votarem no patife do serra, o patife do serra ao receber a declaração de voto de Bicudo não absorve as inegáveis qualidades morais e políticas dele, ou seja, serra é patife e patife permanecerá sendo, meus caros.
4. Pela minha última contagem este deve ser o 500º ex-petista que Tutuca convoca para falar mal do PT, como se essas pessoas se transformassem em santos, mártires, ou sábios superiores tão somente por terem decidido deixar o partido. Os tucanos esverdeados que odeiam o PT precisam sempre de uma mãozinha amiga de ex-petistas para defender um sujeito que, de tão completamente patife, nem eles conseguem defender. Por pertinente, devo dizer que nunca vi um ex-petista filiar-se ao PSDB, e não me venham com o Flávio Arns, que apenas deu uma saidinha pra fumar e voltou logo para o ninho tucano.
5. Mas vamos ao apoio de Bicudo. Começa que ele declara que vota no patife ‘por falta de escolha’, o que não me parece propriamente um apoio lá muito entusiasmado e, de outra banda, ser jurista não confere o monopólio da verdade e do saber a ninguém, deixemos as coisas aqui muito claras. O velhinho comete três asneiras monumentais ao dizer que se Dilma for eleita – o que vai mesmo acontecer -, estaríamos sob risco de uma ‘mexicanização’, e que o ‘continuísmo do PT no poder não é democrático’ e que ‘alternância de poder é uma característica da democracia’.
6. Por partes, vamos por partes, diria o esquartejador petista. Não existe a mais remota possibilidade de repetir-se por aqui a tal mexicanização. Li em algum lugar que o PRI – Partido Revolucionário Institucional – dominou a política mexicana durante décadas porque as instituições políticas e sociais, no início do século passado, não eram sólidas por lá, o que não se verifica aqui no Brasil. Mas o velhote não deixa de ter razão quando fala em possibilidade de ‘mexicanização’. Eu não acredito, mas pode acontecer que os brasileiros comecem a cultivar aqueles bigodões de bandido mexicano de filme americano, e a usar aqueles sombreros, e a falar ai, caramba, e a comer tacos com guacamole, tudo ao som de orquestras de mariachis, ou, e aí sim ele tem completa razão, se o patife do serra ganhar haverá realmente a completa ‘mexicanização’ no Brasil: um país quebrado, tomado por uma onda dramática de violência ligada ao narcotráfico, a completa falência do estado mínimo neoliberal, desemprego, a submissão aos interesses norte-americanos.
7. Bicudo diz que o ‘continuísmo do PT no poder não é democrático’. Deve ser a idade, tanto a dele como a minha, mas não lembro do assustado jurista manifestar tal preocupação em 2002, quando o PSDB tentava emplacar o Serra depois de 8 anos de FHC. Além do mais, parece que o PT não está disputando e vencendo eleições ou que está no poder na marra.
8. Por último, o ex-petista transformado pelos tucanos esverdeados em sábio afirma uma dessas asneiras que somente leitores de Veja e das Seleções Reader’s Digest podem levar a sério. Por si só a alternância de poder não é uma característica da democracia, meus caros, e nunca foi. O que caracteriza uma democracia é a realização de eleições livres, limpas e com regras definidas em legislação pertinente. Se a alternância fosse garantia de alguma coisa melhor era fazer um sorteio para definir a ordem de revezamento dos partidos no poder, não é mesmo? Para quê gastar a dinheirama que a realização de eleições exige? Muito mais simples, muito mais rápido, sem tensões ou discussões, cada partido esperaria sua vez, governaria, e entregaria o poder para o próximo da lista. Quem sabe se no dia 1º de janeiro de 2011 no lugar de Dilma assumisse o nosso querido Eymael, o democrata cristão, ou o Levy Fidelyx, o homem do trem-bala?
9. Paulo Roberto “Old Ornitorrinco” Cequinel e Helio Bicudo constituem provas robustas e de clareza meridiana que idade não confere sabedoria a ninguém. Idade, meus filhos, no mais das vezes apenas nos deixa mais velhos e entrevadinhos, inclusive mentalmente. Ai, que dor nas juntas!

Um comentário:

Antonio disse...

NEUTRA, OMISSA, ESQUECIDA - Crônicas do Motta


Em 1989, o tucano Mario Covas e o trabalhista Leonel Brizola subiram, no segundo turno da eleição presidencial, no palanque do petista Lula para dizer que, mais forte que qualquer divergência que poderia haver entre eles o momento era de juntar forças para atacar o adversário comum, Fernando Collor.
Covas e Brizola tiveram, naquela ocasião, o desprendimento e a altivez dos grandes homens públicos, dos estadistas.
Também sabiam o que uma eleição em dois turnos representa: uma escolha entre dois projetos ideológicos distintos.
Covas e Brizola não se colocaram, diante de uma disputa tão importante para o país, como fez agora a senadora verde Marina Silva, neutros.
A neutralidade não significa nada. Ou melhor, significa que, diante de uma opção absolutamente clara você não escolhe nenhuma. E, ao fazer isso, você se omite.
E o político que se omite, neste momento, como fez a senadora verde sob o cômodo manto da neutralidade, corre célere para se juntar a tantos outros que ficaram esquecidos no lixo da história.


Talvez poucos se lembrem que, no ano 2000, Covas, com câncer, adiou uma delicada cirurgia, para numa cadeira de rodas, prestar seu apoio público à candidata do PT, Marta Suplicy, no segundo turno da eleição municipal paulistana. Do outro lado estava Paulo Maluf, político que cresceu à sombra da ditadura militar que tanto mal fez ao país. No ato, comovente, Covas assim explicou a sua decisão: “Não é apenas uma eleição, é mais do que isso. Votar em Marta é uma afirmação da cidadania."