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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Você vibra com um homem de preto segurando uma arma? Pois vá procurar ajuda, meu amigo

Eu visito VioMundo todos os dias

A tropa de elite e os cucarachas

Por Luiz Carlos Azenha

A “Guerra contra as Drogas” é coisa antiga. Nos Estados Unidos, do tempo de Richard Nixon. Mas foi no governo Reagan que a “Guerra contra as Drogas” realmente começou a ser levada a sério em Washington. Reagan militarizou a interdição do tráfico entre a América do Sul e o território estadunidense. Envolveu até mesmo a Central de Inteligência Americana na parada. Eu, por acaso, era correspondente da TV Manchete nos Estados Unidos.
Portanto, embora tenha acompanhado minha dose de tiroteios no Jacarezinho, quando fui repórter da Globo no Rio de Janeiro, conheço a guerra contra as drogas de muito, muito antes.
Logo que cheguei aos Estados Unidos, aliás, acompanhei como repórter o combate ao que sobrava da Máfia em Nova York. Uma de minhas primeiras reportagens em Manhattan (desembarquei na cidade em 7 de dezembro de 1985, dia do aniversário de minha mãe) foi sobre o assassinato do chefão Paul Castellano, abatido diante da famosa Sparks Stakehouse, um restaurante que servia um belíssimo filé — e que era um dos favoritos do Paulo Francis, então veterano correspondente na cidade.
Cobri o primeiro julgamento de John Gotti, absolvido em um tribunal do Brooklyn da acusação de eliminar Castellano para assumir o “cargo” de chefe dos chefes. Fiz reportagens tanto no Little Italy, onde a Máfia lentamente definhava, quanto em Queens, diante da casa de Gotti. Quando ele ainda não era o todo poderoso, Gotti perdeu um filho perto de casa, atropelado por um vizinho. Uma das acusações contra ele é de que tinha mandado dar um sumiço no atropelador.
Naquela época, quando eu ainda tinha a cabeça pequena e o peito grande, cheguei a bater na porta de ferro do que era tido como o salão de reuniões informais dos mafiosos em Queens (com o Domingos Mascarenhas, cinegrafista da TV Manchete, filmando).
Gotti foi absolvido mais de uma vez das acusações que lhe foram imputadas, pelo trabalho brilhante do advogado Bruce Cutler. Cutler, aliás, esteve no centro de uma polêmica que os Estados Unidos viveram nos anos 80 e que chegou com trinta anos de atraso ao Brasil: até que ponto o advogado pode se envolver na defesa de seu cliente. A promotoria de Nova York, que perseguia febrilmente a condenação de Gotti, pediu o afastamento do advogado alegando que ele tinha se tornado um acessório do crime organizado. Conseguiu. Sem Cutler na defesa, Gotti foi finalmente condenado por liderar a família Gambino (mais tarde morreria de câncer, na cadeia).
Fiz muitas coberturas relativas à chamada “guerra contra as drogas”, dentro e fora dos Estados Unidos.
O que mais me chamou a atenção, à época — e que guardo até hoje, como lição — é que Washington pregava para os outros o que não fazia em casa.
Para os outros e fora dos Estados Unidos, o governo americano pregava a militarização da interdição e do combate às drogas.
Internamente, no entanto, a coisa era diferente.
Nunca vi a Guarda Nacional americana chutando portas atrás de traficantes. Muito menos o Exército.
Em casa, a ênfase era no serviço de inteligência. No trabalho silencioso do FBI.
Tropa de elite, aparentemente, era coisa de cucaracha* (o cartunista Henfil popularizou a palavra usada pelos gringos para definir os hispânicos quando voltou ao Brasil de uma estadia em Nova York e escreveu “O Diário dos Cucarachas”).
Voltarei ao assunto em breve, tratando do general Manuel Noriega e da invasão do Panamá.
* Aliás, essa história de vibrar com homem de preto segurando metralhadora… sei lá.

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