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Por Gunter Zibell (SP)
É tão fácil como seguir uma
receita de bolo!
Um texto assim pode ser feito com o auxílio de
fórmulas-padrão, como as usadas em romances policiais, telenovelas ou livros de
auto-ajuda. Afinal, será um texto dirigido para um público específico e
acrítico e sua função será nublar a discussão, não esclarecer.
Um
intelectual reconhecido deve ser convidado a escrever (serão
sempre os mesmos: F Gullar, A Jabor, M A Villa, F H Cardoso, etc.) É
melhor evitar pessoas de fora de um círculo relativamente reduzido, para evitar
resultados indesejáveis, mas há também economistas e jornalistas que sabem
seguir a receita. (Como exemplo, entre
aspas, frases de F Gullar.)
Os ingredientes básicos que devem
compor o texto:
Lembrar da ausência de educação
superior formal do ex-Presidente, esquecendo do seu aprendizado
ao longo da atuação política (“pena que não fale tão bem português”.) Gafes
devem ser ressaltadas, pontos altos (como os dois discursos em Copenhagen,
em 2009) devem ser esquecidos.
Desqualificar mudanças
programáticas e políticas de Estado com impacto equivalente ao de
reformas (Bolsa-família, Prouni, Reuni, PAC, Brasil Sorridente, Minha
Casa Minha Vida, Agricultura Familiar, novos mercados para exportações, salário
mínimo, redução de juros, políticas antí-cíclicas,
independência diplomática, redução de
desmatamento, acesso à documentação básica,
matriz energética, capitalização de estatais) atribuindo qualquer sucesso
econômico ou à herança (“é só sentar-se e comer o almoço que os outros
prepararam”) ou às condições internacionais, favoráveis sim, porém
sabiamente aproveitadas (“a economia se expandiu e muita gente pobre melhorou
de vida. ...porque as condições econômicas o permitiram?...”)
Superavaliar o Plano Real (na
realidade variante de um programa corriqueiro na América Latina sob o consenso
de Washington, Peru e Argentina utilizaram método semelhante para estabilizar
suas moedas anos antes), que é o único cartão de visitas do governo anterior
(“até a criação do Plano Real, a economia brasileira sofria de inflação
crônica.”) As críticas da oposição da ocasião (Lula, PT, PDT, etc) à exacerbada
(e realmente eleitoreira) taxa de juros devem ser confundidas com críticas à
estabilidade monetária em si. Confundir é o que importa aqui.
Omitir sempre o desastre
econômico dos anos FHC : apenas 1 ano de crescimento (1995) a partir de
utilização da capacidade ociosa (vinda da recessão 1990-1992, com Collor, e
recuperação 1993-1994, com Itamar) e 8 anos de estagnação (1996-2003), nos
quais a renda per capita cresceu apenas 0,5% a.a. Nunca mencionar que em 2002 a
renda per capita era ainda a mesma que em 1989, ou que o desemprego e a
informalidade foram recordes, pois isso tiraria qualquer brilho do
neoliberalismo e privatismo adotados de 1990 a 2002 e ficaria visível que a
política monetária impediu o crescimento econômico (ao contrário de outros
países na mesma época.)
Confundir popularidade efetiva (como a
de Mandela ou de Roosevelt) em ambiente de plenas liberdades para críticas com
popularidade induzida (como a de Médici ou dos governos estaduais paulistas
recentes) em ambiente de restrição a críticas (“O presidente Emílio Garrastazu
Médici também obteve, em 1974, 82% de aprovação.”)
Publicar em algum jornal ou
revista de circulação nacional, variando algumas frases, em intervalos de duas
semanas até setembro de 2014.
Alguns problemas que podem surgir ao se preparar a
receita:
Se fosse para a população brasileira atribuir valor
ao Plano Real, ao modelo de gestão econômica do PSDB/DEM ou mesmo aos seus
quadros mais expressivos (como FHC, Serra), já teria se manifestado
nessa direção, nas urnas, em 2002, em 2006 ou em
2010.
Quanto mais se caminhar para o futuro, mais o acaso
do sucesso relativo do Plano Real ficará distante, com o detalhe que sempre
haverá o período Lula no meio.
O Ornitorrinco pede a palavra para
acrescentar que há quem aprecie, por assim dizer, chegar ao orgasmo
utilizando-se da genitália de terceiros. Para bater no PT, em Lula e na Dilma
nada melhor que um ex-petista falando mal. E tome gente do PSOL, do PSTU, o
Hélio Bicudo, a Heloísa Helena, e por aí vai. E dizem: esses conhecem o "verdadeiro"
PT. E gozam nas calças, e viram os zóinho de prazer, embora, é claro, não votem
em ninguém destas agremiações, até porque estão à esquerda do PT. Um
espanto.
PAULO ROBERTO "LEFTY" CEQUINEL
THE BIG ONE ORNITORRINCO CORPORATION
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