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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Como escrever uma crítica ao governo Lula

Eu visito o Blog do Nassif todos os dias

Por Gunter Zibell (SP)

É tão fácil como seguir uma receita de bolo!
Um texto assim pode ser feito com o auxílio de fórmulas-padrão, como as usadas em romances policiais, telenovelas ou livros de auto-ajuda. Afinal, será um texto dirigido para um público específico e acrítico e sua função será nublar a discussão, não esclarecer.
Um intelectual reconhecido deve ser convidado a escrever (serão sempre os mesmos: F Gullar, A Jabor, M A Villa, F H Cardoso, etc.) É melhor evitar pessoas de fora de um círculo relativamente reduzido, para evitar resultados indesejáveis, mas há também economistas e jornalistas que sabem seguir a receita.  (Como exemplo, entre aspas, frases de F Gullar.)

Os ingredientes básicos que devem compor o texto:

Lembrar da ausência de educação superior formal do ex-Presidente, esquecendo do seu aprendizado ao longo da atuação política (“pena que não fale tão bem português”.) Gafes devem ser ressaltadas, pontos altos (como os dois discursos em Copenhagen, em 2009) devem ser esquecidos.
Desqualificar mudanças programáticas e políticas de Estado com impacto equivalente ao de reformas (Bolsa-família, Prouni, Reuni, PAC, Brasil Sorridente, Minha Casa Minha Vida, Agricultura Familiar, novos mercados para exportações, salário mínimo, redução de juros, políticas antí-cíclicas, independência diplomática, redução de desmatamento, acesso à documentação básica, matriz energética, capitalização de estatais) atribuindo qualquer sucesso econômico ou à herança (“é só sentar-se e comer o almoço que os outros prepararam”) ou às condições internacionais, favoráveis sim, porém sabiamente aproveitadas (“a economia se expandiu e muita gente pobre melhorou de vida. ...porque as condições econômicas o permitiram?...”)
Superavaliar o Plano Real (na realidade variante de um programa corriqueiro na América Latina sob o consenso de Washington, Peru e Argentina utilizaram método semelhante para estabilizar suas moedas anos antes), que é o único cartão de visitas do governo anterior (“até a criação do Plano Real, a economia brasileira sofria de inflação crônica.”) As críticas da oposição da ocasião (Lula, PT, PDT, etc) à exacerbada (e realmente eleitoreira) taxa de juros devem ser confundidas com críticas à estabilidade monetária em si. Confundir é o que importa aqui.
Omitir sempre o desastre econômico dos anos FHC : apenas 1 ano de crescimento (1995) a partir de utilização da capacidade ociosa (vinda da recessão 1990-1992, com Collor, e recuperação 1993-1994, com Itamar) e 8 anos de estagnação (1996-2003), nos quais a renda per capita cresceu apenas 0,5% a.a. Nunca mencionar que em 2002 a renda per capita era ainda a mesma que em 1989, ou que o desemprego e a informalidade foram recordes, pois isso tiraria qualquer brilho do neoliberalismo e privatismo adotados de 1990 a 2002 e ficaria visível que a política monetária impediu o crescimento econômico (ao contrário de outros países na mesma época.)
Confundir popularidade efetiva (como a de Mandela ou de Roosevelt) em ambiente de plenas liberdades para críticas com popularidade induzida (como a de Médici ou dos governos estaduais paulistas recentes) em ambiente de restrição a críticas (“O presidente Emílio Garrastazu Médici também obteve, em 1974, 82% de aprovação.”)
Publicar em algum jornal ou revista de circulação nacional, variando algumas frases, em intervalos de duas semanas até setembro de 2014.
Alguns problemas que podem surgir ao se preparar a receita:
Se fosse para a população brasileira atribuir valor ao Plano Real, ao modelo de gestão econômica do PSDB/DEM ou mesmo aos seus quadros mais expressivos (como FHC, Serra), já teria se manifestado nessa direção, nas urnas, em 2002, em 2006 ou em 2010.
Quanto mais se caminhar para o futuro, mais o acaso do sucesso relativo do Plano Real ficará distante, com o detalhe que sempre haverá o período Lula no meio.

O Ornitorrinco pede a palavra para acrescentar que há quem aprecie, por assim dizer, chegar ao orgasmo utilizando-se da genitália de terceiros. Para bater no PT, em Lula e na Dilma nada melhor que um ex-petista falando mal. E tome gente do PSOL, do PSTU, o Hélio Bicudo, a Heloísa Helena, e por aí vai. E dizem: esses conhecem o "verdadeiro" PT. E gozam nas calças, e viram os zóinho de prazer, embora, é claro, não votem em ninguém destas agremiações, até porque estão à esquerda do PT. Um espanto. 
PAULO ROBERTO "LEFTY" CEQUINEL
THE BIG ONE ORNITORRINCO CORPORATION

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