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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Um banho indescritível

1. Recolha uns 10 litros de água da piscina, e não repare que esteja esverdeada porque  pior, muito pior, seria se estivesse rubro-negra, isso eu garanto. Leve ao fogo e aguarde que ferva fervorosamente, por assim dizer, que é para eliminar vírus, micróbios e, sendo o caso, um ou outro vereador ou deputadão venal.

2. No box do seu banheiro, numa bacia de plástico, das grandes, despeje a água fervida e ajuste a temperatura acrescentando baldes de água fria esverdeada, que a coloração resultante mais a temperatura amornada criarão uma sensação de bem-estar e de esperança em aécio neves, e consolidarão sua crença definitiva em xoques de jestão e porcarias assemelhadas.

3. Você, prezada viuvinha sem-porvir que está sem água desde sábado e consegue, como eu, tomar um banho nesta segunda-feira, não vá iludir-se com o moralismo de fachada do álvaro-esticadinho-dias, não se deixe, viuvinha assanhada, inebriar-se pela tepidez da água.

4. Eu fiz assim: convoquei Sônia, que é doida o suficiente para viver comigo e determinei-lhe que, aos poucos, com um canecão, molhasse meu outrora atlético corpo, e apliquei generosas porções de shampoo de jenipapo selvagem sobre meu cabelo e minha encanecida barba.

5. Oh, o escorrer da água quase fez-me atingir os píncaros da glória espumada e do prazer sexual, oh, que maravilha tomar uma porra de um banho depois de 3 dias na base da toalhinha, meus amigos.

6. E assim fui comandando, oh, agora nas espaldas, oh, agora no largo peitoral, oh, agora na barriga de tanquinho – estufadinha, mas de tanquinho – oh, agora sobre ele, sim, sobre ele que você, Sônia, considera pequeno, mas consistente, oh, que delícia a água escorrendo morna feito um governo de esquerda que se caga de medo de enfrentar os milicões, oh, que delícia, oh, que maravilha.

7. Sônia, aliás muito apropriadamente, lembrou-me que estamos em março, Mês Internacional da Mulher, e que não fica bem ela banhar-me como se escrava núbia fosse, que isso seria levado às instâncias do partido e da Marcha Mundial das Mulheres, de modo que tratei de rapidamente escafeder-me e enxugar-me, antes que as coisas ficassem muito complicadas, se é que vocês me entendem.

8. Não sei o que você sentiria, prezado e desatento internauta que vive na segurança dos grandes condomínios produtores dos beto richa da vida, mas eis o relato aproximado das sensações inebriantes que tomaram conta da minha cacholinha de limitadas luzes apenas por ter conseguido tomar um prosaico banho de cuia.

9. Sei não, aposto que os adoradores de xoques de jestão serão incapazes de entender coisas assim tão simples.

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