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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Conversa mole para cristãos desavisados e bois babões dormirem

Eu visito o Diário Ateísta todos os dias

Até à náusea, a Rádio e Televisão de Portugal vai repetindo a reportagem dos passageiros que chegaram a Lisboa, depois de terem apanhado um valente susto a bordo de um avião da TAP. E a reportagem abre com uma passageira a garantir que nunca sentiu medo, porque confiou em Deus que, por fim, acabou por fazer o milagre, evitando o pior.
Note-se que não tenho qualquer razão para duvidar, nem das palavras da passageira nem do poder de Deus; mas pergunto se não seria mais fácil a Deus evitar a avaria do motor – como, aliás, faz com todos os aviões cujos motores não pegam fogo, graças a Deus. A minha mulher, católica, elucida-me que naquele tempo ainda não havia aviões e, portanto, Deus não sabia nada de engenharia aeronáutica – nem tinha obrigação de saber, principalmente agora, que a idade começa a pesar. Era uma altura em que o Sol andava à volta da Terra, e esta era plana e assente sobre pilares. Acabei por concordar com a aliás imbatível argumentação.
Na verdade, lendo a bíblia não se vê qualquer referência a aviões… Adiante. Fico, pois, vencido e convencido de que a mão de Deus esteve no momento histórico da salvação dos passageiros do avião. E neste momento outra questão se levanta: de que está à espera, a TAP, para levantar um rigoroso inquérito à actuação do piloto e do co-piloto? Porque era a eles que competia levar o avião a bom porto – perdão, aeroporto – e, em vez de cumprirem o seu dever, demitiram-se das suas funções deixando nas mãos de Deus o que a eles competia em exclusivo – isto, claro, de acordo com a referida passageira, cujas palavras não me atrevo a pôr em dúvida.
Despedimento por incompetência, era o mínimo que lhes deveria acontecer. E a prová-lo, está o facto de a RTP não ter dedicado uma única palavra aos pilotos.
José Moreira

O Ornitorrinco que não avoa nem a pau, juvenal, pede a palavra para dizer que, oh, deus nos criou num tempo em que ainda não havia máscaras e aparelhos de mergulho, e tubos de ar, e coletes e coisas assim, de modo que eram tempos de muitos afogamentos entre nosso povo. Nosso amado pastor, que declarou que os ornitorrincos gays são verdadeiramente amaldiçoados por nosso misericordioso deus, nos garantiu, entretanto, lugar no aquoso céu desde que aceitemos em cristo nossos pecados horrrorrrozzos e infames e, é claro, façamos o pagamento do dízimo devido. Oh, estamos agora tão felizes e nos sentimos tão abençoados mas, como sempre, alguns radicais ficam a propor se não seria melhor que nós, os ornitorrincos, mandássemos essa tropa de pastores e padrecos jaguaras para a putaqueospariu.

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