SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

German, quase oito anos, ateu

Tem uns 30 dias, se bem me lembro:
- Vovô, eu sou ateu!
- É mesmo, filho? Por quê?
- Ninguém prova a existência de deus, vovô.

Trato essas coisas com o devido cuidado, não faço proselitismo ensandecido como fazem os católicos e os evangélicos, e os religiosos obtusos, e aguardei German dar o próximo passo.

Há 15 dias ele comunicou-me:
- Vovô, não quero mais participar da oração no início da aula, nem da aula de religião. O que faço?
- Peça licença para sua professora, diga que não quer participar da oração e da aula de religião, que isso é seu direito, e informe que você esta saindo da sala.

Três dias depois ele me disse que permanecia na sala durante a oração por ter medo que a professora o mandasse para a diretoria, de modo que no dia seguinte, bem cedo, fui com ele até a escola, conversei com a direção e as coisas todas estão hoje acertadas: German não participa da oração e, durante a aula de religião, vai para a biblioteca e, ou lê algum gibi ou faz exercícios de caligrafia, conforme minha solicitação. 

Pois a sereníssima decisão do meu menino German já está a produzir doces frutos: um dos seus melhores amigos, filho de muçulmanos, também decidiu não participar das aulas de religião.

Ontem a noite Sonia o fez dormir e contou-lhe uma história, algo sobre uma mulher que matou uma aranha e foi pro inferno, se bem me lembro, e ele ouviu tudo e perguntou:

- Vovó Duda, por que você está me contando esta história se você sabe que eu sou ateu?

Eu e German não vamos para o paraíso, meus caros crentes obtusos, vez que já estamos na terra do hidromel: não temos nenhum medo de um deus apatifado e das suas porcarias, nem das suas ameaças e, melhor ainda, nossos cérebros funcionam perfeitamente longe dos cabrestos da fé. 

Este é o seu problema insolúvel, cristãos e crentes em geral.

5 comentários:

Roanna disse...

Com toda admiração ao German. Mas eu , que acredito em Deus,nunca permiti ou matriculei minha filha em uma escola religiosa. Queria que ela escolhesse independente da minha crença ou de qualquer escola babaca. Não sei se vocês têm essa opção, aqui eu tinha, e hoje ela estuda em escola pública, graças a Deus e graças ao Lula que trouxe o Pedro II para cá, hahahahhaha Sou chaaataaaaaa

PAULO R. CEQUINEL disse...

Lindamente chata, aliás.
As dores melhoraram?
Espero que sim.

Roanna disse...

Melhorando, ando como peneira de tanta acupuntura, mas a coisa tá dando certo. Essa é a primeira crise longa, seria a idade? Não responda , por favor. kkkkkkkkk

PAULO R. CEQUINEL disse...

Não se preocupe, Rô.
Essas crises acontecem, pelo que pude apurar, justamente entre 21 e 25 anos, que é o seu caso, é claro!

Jeff Picanço disse...

CARÍSSIMO:
Esse guri é valente. Certa vez, tive que levarminha filha, que tinha uns 16 anos, no hospital. No pronto antendimento, a enfermeira perguntou a religião e ela respondeu: não tenho, sou atéia. A enfermeira fez uma cara que parecia que minha filha tinha alguma doença contagiosa. Minha filha, claro, ficou espantada com o tratamento e me disse:"pai, como é dificil ser ateu, né?". pois é, a gente cria os caras pra eles serem independentes, construirem eles mesmos seus sistemas de crenças. eles fazem isso e têm que enfrentar caras feias, preconceito, homofobia...é muito duro pra essas crianças, mas acho que elas vão ser muito melhores que nõs. um grande abraço