SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bento Cego, um visitante ilustre

Dei com esta postagem lá no Urublues e, juro, não entendi coisa alguma.
Chamei Sonia e ela, ó, fez cara de paisagem e não me explicou a mensagem que Jeff, o Picanço Doido, está a enviar.
Ficha suja seria um papel desavisado que caiu na lama?
Nepotismo seria um novo esporte olímpico no qual parentes são lançados nas caçapas de cargos comissionados?
Agradeço se algum internauta puder ajudar-me.

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  Copiei do Urublues

Neste último domingo, estava fazendo uns serviços em casa. Temos uma amoreira que está grande, e nesta época ela suja a calçada com seus frutos e nos dá um trabalho danado de limpá-la. Eis que toca o telefone. Vou lá correndo atender: do outro lado, escuto a voz de meu guia espiritual, pai Zinho de Obatalá. Sim, tenho um guia espiritual, o qual, apesar de entendido na metafísica do além, é ainda altamente tecnológico: “liga o Skype!”, me pede ele.
Fui até o escritório, liguei o computador no Skype e nos falamos um pouco. Pai Zinho me avisou que alguém estava querendo falar comigo. “Mas alguém quem?”, perguntei pra ele. Pai Zinho deu um sorriso de Mona Lisa e desligou o Skype, fazendo aquele barulhinho esquisito: birurum-bum!
No canto mais escuro do meu escritório começou a soar uma toada de viola caipira. Que susto! Um preto velho de barba branquinha, chapéu de palha e roupa toda rasgada tocando viola no meu escritório! Que diabos era isso? Mas ele tocava divinamente a viola e cantava uma canção:

Caro senhor Jeffinho
Escute aqui o meu canto
É o cego do Registro
Soltando seu triste pranto!

Nossa! Era Bento Cego, nosso grande cantor e poeta! Nascido no Registro, em Antonina, em 1821 e falecido em Cajuru, São Paulo, em data incerta. Grande cantador que percorreu o sul e o centro do Brasil desafiando os violeiros que encontrava em animados desafios de trovas. E Bento Cego estava ali, em meu humilde cantinho, tocando sua viola! Que honra! Fiquei pasmo de escutar, e ele emendou outra quadrinha:

Eu quero mandar recado
Ao amigo boca suja
Que andou falando na rede
De uma tal dita cuja

Não ligue meu caro amigo
Com o forte destempero
Quando mandam calá boca
É causa de desespero!

Fiquei ali feliz escutando o canto triste de nosso grande e popular cantor. Que riqueza de poesia, que versos mais inspirados! Não conseguia nem falar na presença de tão grande poeta. Ele prosseguiu:

Pode falar nepotismo
Pode falar mãe coruja
Mas quando for falar mesmo
Não fale que é ficha suja!

Ficha suja ainda não é
Pela lei do seu juiz
Perto do tal Cachoeira
Qualquer um é aprendiz!

Que poesia, que encanto! Bento Cego tocava com destreza sua viola e sua musica enchia todo o meu pequeno escritório. Foi tanto encantamento que nem consegui levantar dali pra chamar minha mulher, que estava entretida com as flores do jardim, pra vir ver o Cego cantar. Pensando bem, melhor não. Vai que ela não vê e não escuta nada e diz que estou pirando...

Pode falar do seu padre
E do juiz de lambuja
Só o que não pode mesmo
É chamar de ficha suja

O Cego não sabe das lei
Dos dotores divogado
Mas pra falá “ficha suja”
Fale com muito cuidado!

Por fim, Bento Cego terminou seu canto, largou as mãos da viola e deu um sorriso largo com seus dentes brancos. Sua imagem foi esfumaçando, esfumaçando, e sumiu por entre meus livros. Fiquei ali parado, sem saber pra onde ir, sem ter o que falar. A bela tarde de domingo lá fora, e eu ali parado, com a melodia da viola do Cego na minha cabeça. Que coisa!
Depois de ficar ali matutando qual a razão de tão ilustre visita sem poder atinar por que seria, lembrei que tinha uma calçada pra varrer. Mãos à obra! Se eu não cuidar de minha calçada ela vai pretejar com o sumo das amorinhas. Deus me livre de ficha suja, quero dizer, de ficar suja! E, antes que me esqueça: Viva o canto sem censura de Bento Cego!

4 comentários:

Amigos do Jekiti disse...

sensacional essa do Jeff!!!

Bacucu com Farinha disse...

kkkkkkkkkk

Essa foi boa meu amigo, rachei de rir pela sua sinceridade em dizer que não entendeu nada... rss

...é melhor deixar como está Cequinel..., não me atrevo explicar-lhe... rssss

...caso contrário, seremos dois sentados à frente do homem... ou, três, se houver uma materialização do cancioneiro trovador São Bento Cego do Skype do Jeff...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Só me resta ir ao teste do Robô..., seria Hálim Kuri o nome de um atleta de alcova das Ilhas Galápagos?

... Um abraço meu nobre.

Neuton Pires

Catarina disse...

Um primor....como disse o amigo (a) aí em cima, não me atrevo a usar o córtex frontal! Essa arte tem que ser "sentida"...é uma experiência sensorial!! rsrs
Como faltam mentes inteligentes na imprensa oficial, não é?!
E vivam os blogueiros!!

Ivan disse...

Muito apreciável a postagem -- estou blogando o livro de Nestor de Castro sobre Bento Cego -- comentários serão apreciados igualmente -> http://bcnestordecastro.blogspot.com.br/