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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Promessa para 2013: bando de LGBTT-fóbicos, nós seguimos de pé e lutando


APESAR DE VOCÊS…

Este final de ano tem sido bem surreal para o movimento LGBT. Agora neste finzinho de ano, tivemos muitas campanhas que foram se ligando uma a outra sem nos dar descanso ou folego. Tivemos que lidar com a matéria da Veja das cabras e espinafre, em seguida com a morte de Lucas Fortuna, com a Cura gay no congresso, com a agressão a André Baliera e agora com Paulo Paim como relator da PL122.
Lucas Fortuna e André Baliera nos chamaram a atenção por serem meninos militantes, carismáticos, mas não vamos nos esquecer de todos os anônimos vitimas de homofobia neste ano, e deixo aqui Lucas Fortuna e André Baliera representando a nós todos. Lucas Fortuna, tinha a mesma profissão do meu filho, André Baliera tem  o mesmo nome, os dois quase a mesma idade que ele. Aos pais dos dois, deixo todo meu carinho. Aos pais dos homofóbicos agressores de André Baliera  e aos próprios, digo de cabeça erguida que meu filho é gay, mas tem cérebro, princípios, caráter, respeito ao próximo, sentimentos, um futuro brilhante pela frente e a FICHA LIMPA.
Deixo a vocês minhas condolências por terem colocado monstros acéfalos e insensíveis no mundo. E espero sinceramente do fundo do meu coração que JAMAIS estejam na posição dos pais de André, porque ver um filho ser agredido apenas por existir, é muito complicado. Apesar de todas as intempéries, sinto um movimento muito mais coeso, principalmente na parte que me toca. Tenho visto a cada dia o engajamento dos pais na nossa luta que é diária e ininterrupta e que levaremos para 2013 armados de toda nossa força e nosso amor por nossos filhos.
Quero deixar aqui, meu agradecimento ao meu sempre povo LGBT por esse ano de 2012, a todos, todos que me acompanharam na minha coluna, no face, no twitter, no chat, no telefone, pessoalmente…enfim, vocês, que me deram forças para lutar, que me deram idéias, que me deram as mãos, que me colocaram em campanhas e projetos que só me fizeram crescer, aprender que estiveram ao meu lado nas derrotas e nas vitórias… MUITO OBRIGADO!!! FELIZ NATAL, NATEU, SOLSTÍCIO E UM FELIZ E COLORIDO 2013 PARA TODOS !!!

Deixo com vocês as cartas emocionadas de alguns pais que soltaram a voz e escreveram aos pais dos homofóbicos depois da morte de Lucas e da agressão ao  André…
PAULO ROBERTO CEQUINEL E SONIA FERNANDES DO NASCIMENTO
Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012: significa que 312 famílias vivem a dor infinita da perda e enterram não apenas seus corpos mutilados, torturados e humilhados, mas sepultam seus sonhos e seus projetos. Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012. Há uma matança em curso e nós – que somos uma família LGBTT – temos o dever incontornável de proteger nossos filhos, e estamos a fazer, e do nosso jeito. Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012. Não, não nos peçam tolerância, nem paciência, não nos peçam para falarmos baixinho ali nos cantos, ali nas dobras, e não ousem pedir respeito por sua fé obtusa que é origem da LGBTT-fobia. Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012. Nossos filhos podem e devem andar de cabeça erguida, e são portadores do direito inalienável de viverem sua sexualidade e de serem felizes, e estamos com eles incondicionalmente porque, simples assim, não têm do que envergonhar-se, não são doentes a precisar de “cura”, não são abominações: são seres humanos – imperfeitos como é próprio e inevitável – que querem respeito e não privilégios: quem deve envergonhar-se são vocês, famílias contaminadas pelo ódio doentio e pela LGBTT-fobia que é, sim, doença que carece de tratamento e de cura. Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012 e nós não queremos mais que famílias como a nossa sejam atingidas pela dor infinita da perda e enterram não apenas seus corpos mutilados, torturados e humilhados, mas sepultam seus sonhos e seus projetos. Já são 312 os(as) LGBTT’s assassinados(as) no Brasil em 2012 e esta barbárie precisa ter fim.
DAGOBERTO HAELE ARNAUT E TÂNIA REGINA GROSSI ARNAUT
Quero acreditar que vocês não se deram conta de que estavam criando dois homofóbicos. A homofobia, como de resto todas as formas de preconceito, entra pela mente adentro dos meninos ao observarem o que fazem os seus pais. Afinal, um é o herói do outro. Cada vez que você bateu em seu filho, você, sem se dar conta, ensinou que é legítimo bater no mais fraco. Cada vez que ele chorou e você o chamou de mulherzinha, você ensinou que o homem é mais forte e melhor que a mulher, e ensinou também que um homem com jeito de mulherzinha é desprezível. Eu sei que vocês queriam criar dois homens de bem. A gente sabe que as palavras, o discurso, fazem parte da educação que se dá aos filhos, mas o que determina mesmo o que eles serão quando adultos é o nosso exemplo. O mal está feito. Eles espancaram com violência um jovem que eles julgaram desprezível porque tinha sim um jeito de mulherzinha. Aquele desprezo que foi incutido em suas mentes explodiu de forma trágica. Mas ainda é tempo de ajuda-los a serem homens de bem. Não os apoie na tentativa de dissimular o que fizeram. Não os apoie em inventar uma estória para se apresentarem como vítimas ou mal compreendidos. Chegou a hora de lhes ensinar que um homem que não se responsabiliza pelo que faz é que é desprezível.
MARIA AUXILIADORA FERREIRA
Hoje fiquei sabendo do ataque sofrido pelo jovem André Baliera em uma das ruas mais movimentadas de S Paulo e que graças interferencia de testemunhas ele não foi morto. O que choca ainda mais, é saber que a agressão foi feita por outros dois jovens que se acharam no direito de surrar alguem por sua orientação sexual. Um dos agressores, teve a petulancia de falar , que bateu porque ele respondeu aos seus insultos: “se tivesse seguido seu caminho….”. A irmã de um deles achou que estavamos fazendo alarde “afinal ele nem morreu”. Como toda família, sentimos medo quando nossos filhos homossexuais saem para passear e se divertir, mas sentimos mais medo daquelas pessoas, que posam de bons cidadãos e saem por aí batendo nos outros por não aceitarem que eles tiveram a coragem de enfrentar preconceitos e serem felizes. Não sei o que foi ensinado aos seus filhos, mas com certeza eles não aprenderam, que todo mundo tem os mesmos direitos. Vão ter que aprender na cadeia e servir de exemplo para outros homofóbicos de plantão. Sou uma “Mãe pela Igualdade” e vamos lutar sempre para que nossos filhos tenham os mesmos direitos de todos. Direito de estudar, trabalhar, se divertir e amar quem eles escolherem. Não vamos deixar a homofobia matar nossos jovens. Voces choram porque seus filhos estão presos. Muitas mães choram até hoje por não terem mais seus filhos, porque foram brutalmente mortos por homofóbicos. Homofobia tem que ter fim.
CLARICE CRUZ PIRES
Senhores pais e mães dos homofóbicos. Vou resumir minha trajetória de vida ao criar meus filhos sozinha. Tenho um filho homossexual. Com um mês e meio da minha gravidez quase perdi meu filho, foi uma luta constante, hospital, casa, repouso, hospital, casa, repouso, durante 7 meses até meu filho nascer, prematuro. Quando ele tinha 30 dias de vida contraiu pneumonia, aquele ser tão pequeno, tão frágil, tão magrinho, lutou, lutou, lutou e conseguiu sobreviver. Fiquei viúva com 3 filhos, com idade de 11, 9 e 4 anos, e uma situação financeira péssima. Lutei para criar meus filhos com amor ensinando a eles o respeito principalmente pelo ser humano. Consegui com a ajuda de Deus, somente ter no meu lar 3 homens honestos, e principalmente homens que respeitam o próximo. Senhores pais, tenho certeza que os senhores não gostariam de estar no meu lugar, passando noites sem dormir quando meu filho sai, achando que poderá encontrar um homofóbico em qualquer lugar e só pelo fato de ser homossexual, apanhar ou até perder a vida, que tanto ele, os médicos e eu lutamos pela sua sobrevivência. Sei que seus filhos não são monstros como estão dizendo, ainda é tempo de parar e pensar.
GEORGINA MARTINS
Mensagem que enviei à mãe do Diego Mosca: Sra Elaine, gostaria de lhe dizer que também sou mãe como a Sra, tenho três filhos e um deles é gay, como o rapaz que foi agredido pelo seu filho. Por causa de pessoas assim como o seu filho, eu tenho muito medo que o meu saia de casa, tenho muito medo que ele seja agredido pelo fato de ser gay , porque pessoas como o seu filho andam pelas ruas agredindo homossexuais. Por que isso Sra Elaine? Não consigo entender porque a sexualidade do meu filho e de tantos outros gays possa incomodar tanto assim o seu filho. Na minha casa, desde muito pequena aprendi com meus pais que não devemos fazer com o outro aquilo que não queremos que faça conosco, e acho isso tão simples, tão fácil de seguir. É assim que ensinei aos meus três filhos: dois heteros e um gay, dos quais tenho muito orgulho. Gostaria que a senhora se colocasse no lugar da mãe do rapaz agredido para poder entender a dor dela, o medo dela de saber que seu filho, como tantos outros, pode não voltar pra casa só porque é gay. Talvez a senhora não tenha culpa dessa atitude violenta do seu filho, mas penso que ainda pode tentar corrigi-la; penso que ainda há tempo de transformar o seu filho em um homem de verdade; penso isso porque acredito no humano, penso isso porque quero acreditar que seu filho não é um monstro.
Majú Giorgi
Uma Mãe pela Igualdade

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