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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Terá o Aliançalão consequências?

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco saúda os presentes nesta grandiosa e patética quermesse em louvor de Nossa Senhora do Gosmento Pragmatismo Petista e, por pertinente, divide com seus quase 9 (nove) ouvintes esta afiada análise de Gunter Zibell.
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Copiei de Jornal GGN

Essa é a questão que os comentaristas governistas não gostam de abordar.

Primeiro vamos aos fatos históricos:

- o PT promoveu, desde 2009, diversos recuos na pauta de interesse LGBT e muito poucos avanços (http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/2014-a-ultima-parada-gay);

- o PT fez isso para conseguir o tempo de TV de alguns partidos de programa fundamentalista, religioso e/ou conservador moral (nomeadamente PP, Pros, PSC, PR, PRB);

- não cabe dizer que é responsabilidade da "coligação" e da "governabilidade" porque todos os recuos concretos foram de executivos, ministros ou legisladores do partido. Os senadores do PT não colocaram o PLC 122 em votação porque não quiseram, posto que tinham o mando para isso (presidência da CDH e autoria e relatoria do projeto);

- não dá para dizer que a oposição é pior no assunto: os recuos apresentados como consequência de parlamentares e executivos da oposição são mínimos: os projetos de João Campos (PSDB) causam riso e constrangimento dentro do PSDB, mas nenhum é levado a votação. O pastor Eurico (PSB) vetou em comissão um projeto simpatizante do PT, mas este partido não reclamou.

Os fatos irrefutáveis são esses. Aí pode-se argumentar a favor ou contra das atitudes.

Um dos critérios para se ver se valeu a pena será o retorno eleitoral em 2014.

Poderá haver ganhos e perdas, como em qualquer processo político.

A FAVOR DO PT:

Por óbvio, o maior tempo de TV para fazer propaganda.

EM CONTRA:

As consequências em termos de imagem ou perda de eleitores.

Para a eleição presidencial, quase nada. Perde-se um pouco de eleitores LGBTs e/ou secularistas, que podem ser compensados pelos eleitores conservadores morais.

Há também alguma perda de imagem junto as classes médias ou mais instruídas. A imagem de defensor de direitos humanos saiu arranhada, tanto por este episódio como por outros ligados a direitos indígenas, recriminalização de usuários de drogas, remoções de sem-terra, etc. E quanto mais se sobe em renda ou educação, menor o percentual de eleitores fundamentalistas.

Vimos na imprensa, ou mesmo na blogosfera, artigos elogiando as medidas do governo? Não, apenas justificativas (e aí apenas na blogosfera governista) em torno do tempo de TV e da 'governabilidade' (que ninguém nunca sabe mesmo para que serve.) 

Mas como ficam as eleições estaduais?

No DF temos Agnelo que contava angariar a simpatia dos evangélicos locais com a revogação da lei antihomofobia. Deve haver poucos evangélicos no DF (ironic mode off), posto que o ótimo/bom dele está em 9%. Alguém acha que se reelege?

No RJ temos Lindbergh, que desde o começo de 2012 cultiva boas relações com Malafaia e outros pastores, frequenta a Marcha para Jesus, critica a parada gay em plenário. Só que ele está em uma eleição onde os maiores antagonistas por um lado são 'pastores de marca' e por outro lado há os possíveis candidatos de pequenos partidos secularistas (como o PSoL.) Ganhará votos por onde?

No PR temos Gleisi versus Richa e/ou Dias. Gleisi já se declarou publicamente, em março/2011 contra o PLC 122/06. No demais prefiro nem comentar. Para o eleitorado local (que nunca foi majoritariamente pró-PT) há candidatos mais autenticamente conservadores. Para os defensores do secularismo não há caminho no estado.

Na BA e no RS não há grandes problemas. Tarso até é tido como 'simpatizante'. Mas também não há ganhos.

SP se torna um caso interessante. Os partidos fundamentalistas que apoiam o governo federal também apoiam o governo estadual (tipo Afif.) Só que lhe dão o tempo de TV de graça, no caso, sem pedir concessões. De Alckmin não se cobra nenhum retrocesso, tanto que a legislação pró-LGBT do estado é das melhores, senão a melhor, do país.

O tempo de TV é para a contenda federal, na estadual não. Os pastores políticos prometem discursar a favor de Dilma, mas isso não é um compromisso com Padilha. Os fundamentalistas pobres continuarão votando em Alckmin, portanto. (E haver versão estadual de kit-gay, que inclusive inspirou o Escola sem Homofobia, nunca incomodou ninguém por aqui. Em SP já houve 5 cerimônias comunitárias, patrocinadas pelo Estado, de Casamento LGBT ou União Civil Homoafetiva, e nem Malafaia nem CNBB nem Feliciano falaram um pio a respeito. O que faz pensar se o PT não está se precipitando nas suas concessões em nível federal ou estadual.)

A classe média, que já não é lá tão simpática ao PT local, é a que em pesquisas é a mais favorável a direitos de LGBTs (e várias outras coisas em valores desde que não envolvam tamanho do Estado). E a base local de LGBTs, antes tão disposta a elogiar Marta Suplicy, para onde foi mesmo?

Eu acho que o PT está comemorando uma vitória de Pirro ao celebrar o recuo no PLC 122 e outras coisas mais.

Ganhará mais tempo de TV, é fato. Possivelmente celebrará a reeleição de Dilma (mas tendo aberto um novo flanco para a oposição, que não é mais apenas o discurso udenista) e só. Só que a eleição de Dilma já é dada como certa por outros motivos, ou não? Notadamente a situação econômica.

No âmbito estadual parece que há pouco a comemorar.

E, no longo prazo, a imagem do PT como partido que faz qualquer aliança pra se eleger, vai pegar.

Se alguém acha que não, que frequente redes sociais onde haja comparecimento de todos os lados, não apenas da torcida pelo PT.

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