Copiei do meu querido amigo Walter Silva
Eu fui para São Paulo com meus pais quando era criança, refazendo o caminho doloroso da migração, assim como milhares de outros, antes e depois.
Moramos poucos anos em um barraco próximo de um córrego sujo que inundava tudo durante as chuvas, chegando muito perto de nós. Nos dias de sol forte, meu pai molhava o teto de zinco, tentando diminuir o calor sufocante.
Lembro da grande metrópole vagamente, as imagens rasgadas e desbotadas, flutuando nas profundezas da mente, de vez em quando evocadas.
As montanhas cilíndricas de concreto, o céu cinza escuro, o chafariz na praça, o zoológico, o dia da feira com flores, pastéis e um suco de uva artificial vendido dentro de um bicho de plástico. E lembro dos tiros de madrugada.
Não era uma vida feliz, não era uma vida próspera, então meu pai decidiu voltar conosco.
Eu me lembro do retorno; ainda vejo as lágrimas de despedida da minha avó, lágrimas do último dia. Ela ficava lá, tinha emprego fixo.
Senti uma emoção estranha e doce naquele evento; tristeza e ansiedade, eu tinha oito anos?
Voltamos; eu enjoei e passei mal durante a viagem terrível de três dias de ônibus. Então chegamos.
Eu me lembro do lugar cercado de luz, do oceano de luz, do céu azul de turmalina, do rochedo orgulhoso e matuto. Eu me lembro da coroa serrana abraçando o povoado.
Eu me lembro da floração do ipê amarelo e roxo, e da canção de balir das cabras.
O ângelus das seis horas.
O vento do oeste trazendo o cheiro da tacaca. O povo dançando alegre nas festas sob as estrelas ou em pavilhões de folhas de palmeira.
Aqui eu passei fome, eu morri e renasci várias vezes.
Não existe nenhum lugar do mundo que eu queira maior amor.
Não existe nenhum lugar do mundo em que eu queira estar.
Eu fui para São Paulo com meus pais quando era criança, refazendo o caminho doloroso da migração, assim como milhares de outros, antes e depois.
Moramos poucos anos em um barraco próximo de um córrego sujo que inundava tudo durante as chuvas, chegando muito perto de nós. Nos dias de sol forte, meu pai molhava o teto de zinco, tentando diminuir o calor sufocante.
Lembro da grande metrópole vagamente, as imagens rasgadas e desbotadas, flutuando nas profundezas da mente, de vez em quando evocadas.
As montanhas cilíndricas de concreto, o céu cinza escuro, o chafariz na praça, o zoológico, o dia da feira com flores, pastéis e um suco de uva artificial vendido dentro de um bicho de plástico. E lembro dos tiros de madrugada.
Não era uma vida feliz, não era uma vida próspera, então meu pai decidiu voltar conosco.
Eu me lembro do retorno; ainda vejo as lágrimas de despedida da minha avó, lágrimas do último dia. Ela ficava lá, tinha emprego fixo.
Senti uma emoção estranha e doce naquele evento; tristeza e ansiedade, eu tinha oito anos?
Voltamos; eu enjoei e passei mal durante a viagem terrível de três dias de ônibus. Então chegamos.
Eu me lembro do lugar cercado de luz, do oceano de luz, do céu azul de turmalina, do rochedo orgulhoso e matuto. Eu me lembro da coroa serrana abraçando o povoado.
Eu me lembro da floração do ipê amarelo e roxo, e da canção de balir das cabras.
O ângelus das seis horas.
O vento do oeste trazendo o cheiro da tacaca. O povo dançando alegre nas festas sob as estrelas ou em pavilhões de folhas de palmeira.
Aqui eu passei fome, eu morri e renasci várias vezes.
Não existe nenhum lugar do mundo que eu queira maior amor.
Não existe nenhum lugar do mundo em que eu queira estar.
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