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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Eu o Zé do Chapéu

Em 1989 estivemos eu e Gilmar Carneiro (notável dirigente dos bancários de SP e Secretário-Geral da CUT Nacional) numa reunião com ele, onde hoje é a sede do HSBC (o Palácio Avenida), mas não recordo do que tratamos.
Em janeiro de 1990, Collor eleito, um dos nomes cogitados para o Ministério do Trabalho era justamente o Zé do Chapéu. Pois a TV Iguaçu (cujo dono era o Paulo Pimentel) me chamou para uma entrevista no jornal do meio-dia (eu era Secretário-Geral da CUT/PR).
Lembro que falei enfaticamente que era uma provocação aos trabalhadores que o Collor nomeasse para Ministro do Trabalho logo o dono do banco que era o vice-campeão nacional de reclamações trabalhistas (só "perdia" pro Bradesco).
Antes da entrevista fui devidamente maquiado, encheram minha cara de pó-de-arroz e, terminado o programa, mandei-me apressado até uma loja de CDs usados, a Raridade Discos, da qual eu era freguês.
Pois o dono olhou espantado minha cara maquiada e eu entendi o mico, fui até o banheiro e lavei o rosto.
Depois, um jornalista da TV Iguaçu me disse que o Paulo Pimentel determinou que eu nunca mais fosse chamado.
Para que tudo fique muito bem estabelecido, devo dizer que o Zé do Chapéu foi e sempre será um completo filho da puta.


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Copiado do ContextoLivre

Do jornalista José Maschio, em seu Facebook:

O ex-ministro Zé Eduardo de Andrade Vieira, o Zé do Chapéu, nunca perdoou o ex-presidente FHC pela perda de seu banco, o Bamerindus, para o HSBC. Esse ressentimento o levou a denunciar o esquema de Caixa 2 na reeleição de FHC. Eu chegava de viagem e, ainda no aeroporto de Londrina, sou comunicado pela direção do jornal (Folha de S. Paulo) que a pauta do dia era procurar Vieira. O assunto era a batalha do ex- ministro para recuperar o seu Bamerindus.
No trajeto do aeroporto até minha casa, na roça em Cambé, Vieira me atendeu por telefone. Gentil, não se negou a falar sobre as lutas para recuperar o banco e mais: contou o esquema de Caixa 2 na reeleição de FHC.
Cheguei em casa e liguei de volta para o jornal. Bateu desespero em Cleusa Turra, na época da Secretaria de Redação da Folha. A entrevista, por celular, não havia sido gravada. Turra temia que Vieira não reiterasse as denúncias depois de a matéria ser publicada.
Com a reportagem pronta, liguei novamente para Vieira e fui até a sede da Folha de Londrina, jornal que ele dirigia. Não só me atendeu como acrescentou novas informações e aceitou gravar novamente a entrevista feita antes por telefone. No outro dia, a manchete da Folha era o Caixa 2 do tucano.
Essa historinha mostra um pouco da personalidade do Zé do Chapéu, que morreu ontem aos 76 anos. Amado por uns, odiado por outros, arrogante, e às vezes suave, Vieira era um retrato da nossa classe dominante. Em julho de 2012, fiz minha última entrevista com Vieira, para o boletim da Faep, sobre os 20 anos do Senar.
Debilitado, não era nem sombra do Zé do Chapéu político. E, ao final da entrevista, fomos conhecer o seu orgulho na fazenda em Joaquim Távora (PR), a criação de bovinos de leite. Vieira aproveitou que Milton Dória (o Miltinho) estava a fotografar distante de nós, para perguntar. Eu conheço esse rapaz, quem é ele? Milton Dória havia sido, por anos, seu editor de fotografia na Folha de Londrina. Aliás, havia sido demitido pelo próprio Vieira, que achava um absurdo jornalista ganhar mais que bancário.
(No Tijolaço)
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O jornalista Palmério Dória, no best-seller “O Príncipe da Privataria” relata no capítulo 8, “Sobra de campanha: 130 milhões de reais”, descreve como Serjão, o Sergio Motta, tucano, líder da campanha de Fernando Henrique, tomou dinheiro de José Eduardo:
“A gente tem despesas. Temos um grupo político”.
“Tá bom Serjão”, concorda José Eduardo enfim. “De quanto vocês precisam?”
“Uns 100 milhões pra começar”.
“Serjão, sabe quanto é que essa campanha vai custar? Todinha?… No máximo 40 milhões. Se você repete essa história para alguém vai ficar mal pra você.”
Depois, numa entrevista, Andrade Vieira confirmou:
“Foram 30 milhões de caixa oficial e cerca de 100 milhões de reais de contribuições extra-oficiais, ou seja, sem recibo.”
Onde foi parar o dinheiro?
“Provavelmente no exterior. Debaixo do colchão é que não está,” disse Andrade Vieira.
Vieira disse ainda que Sergio Motta cuidava das “compras e pagamentos do presidente”.
Os tucanos jamais processaram Andrade Vieira.
Cujo banco, o Bamerindus, foi trucidado pelo Presidente Fernando Henrique, provavelmente em retribuição.
Portanto, os necrológios do PIG sobre Andrade Vieira incorreram nessa irrelevante lacuna: como ele contribuiu com o Caixa Dois dos imaculados tucanos.
Não fosse o PiG, eles, os tucanos, não passavam de Resende…
Mudando de assunto, completamente: de que vive o Cerra?
(Conversa Afiada)

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