Tamiris é minha sobrinha e seus textos sobre sua mente me impactam e me emocionam. O título acima é meu.
Escrevi para a Isa, pode ser útil a mais pessoas do face e skype, nos quatro dias que antecederam minha injeção de antipsicótico dialoguei com muitas pessoas, e tive muitas iniciativas para iniciar diálogos, o que é muito atípico, em geral respondo ao me abordarem, o desejo de abordar pessoas para expressar qualquer coisa é muito raro em mim.
Ainda não tive tempo de ler o que escrevi para ti na crise que gerou o internamento. Escrevi de madrugada, virei noite com dor e enjôo da enxaqueca e em mania/psicose em função da dose muita alta de antidepressivo. A psicose foi leve dessa vez (é a terceira vez que entro em mania em função de doses altas de antidepressivo para tratar enxaqueca, estresse pós trauma ou sonolência), não houve delírio e cheguei à mania de forma mais lenta que nas outras duas (foram dois meses de sertralina seguido de três meses de escitalopram), em mai/2014 cheguei a esse quadro com vinte dias usando amitriptialina, em ago/2015 novamente cheguei à mania com psicose com apenas vinte dias usando razapina... a psicose, dessa vez... foi apenas fala excessiva compulsiva e uso esquisito de vocabulário, esquecimento de que a linguagem deve ser utilizada pensando no significado que ela tem para o outro... minhas falas e textos soavam inteligíveis para mim mas não para os outros, relê-las tem sido interessante, elas continuam inteligíveis para mim (embora muitas vezes precise de longa reflexão para compreendê-las) mas para explicar ao outro o que eu tentava dizer com elas preciso de muito mais palavras, muito mais tempo. Eu estava acelerada, aglutinando ideias similares com uma facilidade absurda, com frequência rindo de aglutinações absurdas que aconteciam de forma espontânea, tentando me comunicar numa linguagem simples e rápida demais, inadequada ao conseguir comunicar ao outro a sequência lógica e o porquê de existir as ideias que surgiam. Existiram diálogos, mas eu tinha tantas ideias e elas surgiam de forma tão rápida que para dar um feedback a alguém eu usava 90% do dialogo falando e dez ouvindo. Eram tantas ideias surgindo que não havia capacidade de analisar cada ideia que surgia, verificar se ela era ou não adequada ao contexto do dialogo, reprimir a fala de pensamentos pouco relevantes à construção do dialogo e formatar os pensamentos numa "linguagem-universal" antes de expô-los. Não havia capacidade de parar o surgimento de tantas ideias para refletir sobre alguma delas. O momento mais risível foi quando minha fala começou a ser métrica e rimada, no ritmo de alguns versos de Gonçalves Dias, os últimos que eu lera, dias antes de entrar em mania. Escrevi minha justificativa pelos blocos de Kumon não terem sido preenchidos em função dos quatro dias seguidos de enxaqueca atípica usando essa fala cheia de rima e métrica rsrsr, horas antes do horário do Kumon eu já estava no hospital recebendo uma injeção de antipsicótico (falo pouco com a instrutora do Kumon, quando não faço os atividades de casa apenas deixo a justificativa anexa aos blocos não preenchidos na mesa dela e começo a fazer a atividade que ela deixa na pasta, seguindo a ordem da pilha que ela constrói dias momentos antes do horário da aula). E quando fiz um desabafo explicando porque eu abandonara as seções do Planetário do Colégio Estadual do Paraná, explicitando meu tédio durante as seções, a aparente ausência de preocupação dos organizadores daquilo de usarem o tempo da seção de modo mais objetivo, explicando mais fenômenos numa mesma seção, tornando o estar lá tão produtivo quanto ler qualquer coisa sobre astronomia na Scientific American, meu desabafo foi parar na Secretaria de Educação e nos emails dos dirigentes do curso de astronomia oferecido pelo CEP rsrss.
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Copiei do FB de Tamiris BelliEscrevi para a Isa, pode ser útil a mais pessoas do face e skype, nos quatro dias que antecederam minha injeção de antipsicótico dialoguei com muitas pessoas, e tive muitas iniciativas para iniciar diálogos, o que é muito atípico, em geral respondo ao me abordarem, o desejo de abordar pessoas para expressar qualquer coisa é muito raro em mim.
Ainda não tive tempo de ler o que escrevi para ti na crise que gerou o internamento. Escrevi de madrugada, virei noite com dor e enjôo da enxaqueca e em mania/psicose em função da dose muita alta de antidepressivo. A psicose foi leve dessa vez (é a terceira vez que entro em mania em função de doses altas de antidepressivo para tratar enxaqueca, estresse pós trauma ou sonolência), não houve delírio e cheguei à mania de forma mais lenta que nas outras duas (foram dois meses de sertralina seguido de três meses de escitalopram), em mai/2014 cheguei a esse quadro com vinte dias usando amitriptialina, em ago/2015 novamente cheguei à mania com psicose com apenas vinte dias usando razapina... a psicose, dessa vez... foi apenas fala excessiva compulsiva e uso esquisito de vocabulário, esquecimento de que a linguagem deve ser utilizada pensando no significado que ela tem para o outro... minhas falas e textos soavam inteligíveis para mim mas não para os outros, relê-las tem sido interessante, elas continuam inteligíveis para mim (embora muitas vezes precise de longa reflexão para compreendê-las) mas para explicar ao outro o que eu tentava dizer com elas preciso de muito mais palavras, muito mais tempo. Eu estava acelerada, aglutinando ideias similares com uma facilidade absurda, com frequência rindo de aglutinações absurdas que aconteciam de forma espontânea, tentando me comunicar numa linguagem simples e rápida demais, inadequada ao conseguir comunicar ao outro a sequência lógica e o porquê de existir as ideias que surgiam. Existiram diálogos, mas eu tinha tantas ideias e elas surgiam de forma tão rápida que para dar um feedback a alguém eu usava 90% do dialogo falando e dez ouvindo. Eram tantas ideias surgindo que não havia capacidade de analisar cada ideia que surgia, verificar se ela era ou não adequada ao contexto do dialogo, reprimir a fala de pensamentos pouco relevantes à construção do dialogo e formatar os pensamentos numa "linguagem-universal" antes de expô-los. Não havia capacidade de parar o surgimento de tantas ideias para refletir sobre alguma delas. O momento mais risível foi quando minha fala começou a ser métrica e rimada, no ritmo de alguns versos de Gonçalves Dias, os últimos que eu lera, dias antes de entrar em mania. Escrevi minha justificativa pelos blocos de Kumon não terem sido preenchidos em função dos quatro dias seguidos de enxaqueca atípica usando essa fala cheia de rima e métrica rsrsr, horas antes do horário do Kumon eu já estava no hospital recebendo uma injeção de antipsicótico (falo pouco com a instrutora do Kumon, quando não faço os atividades de casa apenas deixo a justificativa anexa aos blocos não preenchidos na mesa dela e começo a fazer a atividade que ela deixa na pasta, seguindo a ordem da pilha que ela constrói dias momentos antes do horário da aula). E quando fiz um desabafo explicando porque eu abandonara as seções do Planetário do Colégio Estadual do Paraná, explicitando meu tédio durante as seções, a aparente ausência de preocupação dos organizadores daquilo de usarem o tempo da seção de modo mais objetivo, explicando mais fenômenos numa mesma seção, tornando o estar lá tão produtivo quanto ler qualquer coisa sobre astronomia na Scientific American, meu desabafo foi parar na Secretaria de Educação e nos emails dos dirigentes do curso de astronomia oferecido pelo CEP rsrss.
Um comentário:
O título é engraçado rsrsrssr. Não é assim que se voa. Voar é com os opióides, tramal para enxaqueca faz fluuuuuuuuuuuu-tuuuu-aaaaaaar... a dor cessa e tudo fica tão suave, tão calmo, tão meigo, tão doce, tão leve... risinhos. O corpo repousante perde o peso... Só foi prescrito duas vezes, usando tramal eu não conseguia fazer nada além de me divertir deitada escrevendo e flutuando, caminhar era pesado e difícil.
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