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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Evelin Cavalini: das mulheres que amei

Copiei do FB de Evelin Cavalini

Das mulheres que amei

A moça do armário foi meu primeiro amor, amor de jabuticaba, amor de uniforme escolar, amor de olhar comprido na esquina, amor de meio fio. Beijo tinha gosto de chiclete ploc e os olhos dela eram verdes! Eu te amei tanto que nem sabia que te amava. Ela ficou no armário, mas não cabia nós duas lá.

Quando a menina que olhava as estrelas me olhou, foi como cair do penhasco, e continuar caindo e caindo e caindo. Embaçamos os vidros do carro, embaralhamos as pernas, burlamos a lei do silencio. Porém a menina que olhava as estrelas enxergou outras constelações, em outro fuso horário, e eu finalmente cheguei ao chão.

Eu ainda estava no chão quando ouvi a voz da sereia, ela fez poções magicas que curam joelhos e almas. Ela me alimentou, lavou meus cabelos, secou minhas lagrimas. Mas ela é do mar e eu sou do ar, voa ela me disse - voei.

Enquanto contava os carros na rua debaixo do sol de novembro, eu vi ela chegar, cavalgando sua moto com seus cabelos de fogo, era como uma profecia! Amamos um amor pagão, rubro, denso de longas madrugadas cultuando nuas deuses de outrora, lutamos guerras inteiras de mãos dadas, tendo somente nossa pele como escudo contra o mundo, sangramos vermelho cru, todo mundo se machucou. Ela voltou pro olimpo. Eu voltei pra casa.

A Inominável me tomou de assalto, me perdi nos cachos do seu cabelo, ela se perdeu no meio das minhas pernas, foi desastre de avião, foi erupção de vulcão, foi gol da Alemanha. Eram duas almas perdidas tentando se perder ainda mais, era obvio! era certo! passaríamos mil anos juntas. A multidão aclamava nossos nomes e eu suspirava o nome dela. Mas Como tsunami me desabou e foi embora. Findou-se o infinito! parou o som, parou o tempo, cessou o riso...

Agora estou aqui, olhando pro mar que já se acalmou e tentando enxergar de que lado virá a próxima musa mitológica a me arrebatar.

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