Eu visito o Blog do Len todos os dias
(link na Mixórdia de Blogs)
Eu não sei mais se sinto pena ou
desprezo pelo leitor da Veja. Eu consigo separar seus leitores em alguns
grupos: tem aqueles que se acham super intelectuais, mas que na verdade
jamais entraram em contato com o contraditório, são os maridos traídos
últimos a saber; tem aqueles que são completamente alienados, mas
compram a revista para deixar no revisteiro de casa ou da empresa como
símbolo de status, só vêem as figuras, e tem aqueles conservadores que
odeiam o PT, e independente da lavagem que lhe enfiarem goela adentro,
vão se esbaldar, são as viúvas inconsoláveis. Todos eles têm uma coisa
em comum, ajudam a financiar o jornalismo desonesto, vergonhoso e
“quanto tempo dura?”que a revista se propõe a fazer.
Com a intenção de salvar a pele de
Daniel Dantas, grande financiador da revista, Roberto Civitá escala o
que existe de mais venal na sua folha de pagamentos para criar mais uma
farsa que a empresa se especializou em produzir nos últimos anos. A
farsa jornalística tinha a dupla função de desmoralizar a operação
Satiagraha, onde o banqueiro foi preso, e ao mesmo tempo afastar do
caminho Paulo Lacerda, um dos responsáveis pela realização da operação.
Só que a revista estava com o prestígio desgastado depois de barrigas
anteriores, então eles iriam precisar da participação das “vítimas” do
crime falsificado pela revista.
O lance era arriscado. Não tinham uma
prova sequer das suas acusações, não tinham como apontar uma fonte, já
que a história estava baseada em uma farsa. Não creio na inocência do
senador Demóstenes Torres, nem do ministro Gilmar Mendes. Ambos tiveram
reação virulenta desproporcional que é comum a quem tenta dar
credibilidade a um depoimento, tomando como verdadeiras as alegações da
reportagem sem que houvesse qualquer investigação apontando a
credibilidade da hipótese levantada, o que é muito estranho em se
tratando de um Procurador da Republica e o presidente do poder
judiciário. O ministro Gilmar Mendes quase criou uma crise institucional
por desrespeito ao chefe de um outro poder ao afirmar que iria chamar o
presidente da república às falas, e por causa de uma reportagem que não
apresentou uma única prova da acusação que fazia.
A farsa montada pela revista Veja e
endossada pelo presidente do STF e por um senador da república serviu
para que fosse afastado da ABIN o correto delegado Paulo Lacerda, e
serviu de desculpa para uma pregação coordenada da velha mídia no
sentido de que existia no Brasil insegurança jurídica e que teriam
ocorridos excessos na investigação que prendeu o banqueiro, justificando
as ações de um juiz ligado a Gilmar Mendes, Ali Mazloum, de suspender a
condenação de Daniel Dantas, perseguir o juiz de Sanctis e bloquear os
efeitos da Operação Satiagraha.
Nessa semana a Polícia Federal concluiu,
depois de meses de investigação, que não houve grampo no episódio,
comprovando o que esse e vários outros blogs e publicações de respeito
afirmaram que a farsa montada pela revista não passava de ficção. Por
causa da blindagem vergonhosa que a velha mídia faz com assuntos que as
empresas que a compõem não se interessam em divulgar, não veremos ou
ouviremos quaisquer explicações dos envolvidos nos próximos dias, embora
a farsa montada possa ser considerada como comunicação falsa de crime,
com pena prevista no código penal, com o agravante da participação de
autoridades públicas.
Se nós tivéssemos em nosso país uma
imprensa livre e independente em vez dessa corporação que age por
interesses escusos, no dia seguinte teríamos uma campanha vigorosa para
que o Procurador Geral da República iniciasse uma ação para impeachment
do ministro Gilmar Mendes, perda do mandato do senador Demóstenes Torres
e responsabilização legal da editora que publica a revista por
participarem dessa fraude e tentarem sabotar a segurança nacional, mas
em vez disso teremos o mais ensurdecedor silêncio conivente, afinal a
velha mídia vem se especializando em fraudes jornalísticas e não é mais
uma exclusividade da revista Veja, como no caso da fraude que a TV Globo
montou para salvar a pele do Serra no vergonhoso episódio da bolinha de
papel. Como no Brasil o Ministério Público Federal é fortemente pautado
pela velha mídia, esse caso caminha lamentavelmente para a impunidade
de seus envolvidos, o que dá inevitavelmente o sentimento de injustiça e
a perspectiva que o uso desse recurso desonesto provavelmente vai
continuar a ser usado.