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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Comendo minhas goiabinhas e pensando um pouco

Retornando de Curitiba, engarrafamento, muito frio e chuva, carregando minha frustração pessoal e, no banco de trás, minhas previsões não completamente, mas bastante furadas. Admito que já vivi segundas-feiras bem melhores. O engomadinho levou, o que significa, dentre outras coisas, uma  guinada para a direita no que diz respeito à relação com os movimentos sociais e volta das práticas dos tempos de Jaime Lerner, do qual Richa é herdeiro, que ninguém se esqueça disso. Tadeu Veneri, Requião e Gleisi foram eleitos, mas  Roni Anderson não vai para Brasília, o que me obriga a reconhecer que se dependesse dos meus vaticínios meu povo passaria fome. 

Mas o pior mesmo, é claro, é que haverá segundo turno entre Dilma e Serra. Desde que me desliguei do PT, em 2004, não tinha mais me envolvido tão intensamente como fiz nestas eleições de 2010. Os ataques mentirosos, as fraudes da imprensa, a baixaria do PSDB, o ódio irracional contra o petismo e os petistas me mobilizaram e, como sou mesmo derramado, entrei de cabeça na discussão que correu na web.

O saco é que teremos que suportar quase um mês de mais baixarias e mentiras, de ofensiva midiática, de ataques insanos contra a honra de pessoas, um verdadeiro vale tudo. No sábado eu estava dando graças pelo fim da campanha, mas a disputa nos deixará sob tensão até o final do mês. Dilma ganha, não tenho dúvidas, e afirmo  isso. Não fiquem muito animados, tucanos-esverdeados.

No Paraná, o fato de Gleisi ter feito cerca de 150 mil votos a mais que Richa me faz pensar se a coligação com Osmar, que ficou até os últimos dias abanando o rabão para o Serra, não tenha sido um baita erro. São eleições diferentes a de governador e de senador, eu sei, mas no mínimo, podemos afirmar que as esquerdas tinham uma candidata competitiva por aqui. Pelo menos, elegemos dois senadores que prestam e fizemos uma boa bancada federal, o que será interessante para o governo Dilma.

Na assembléia, devemos lamentar a volta de algumas figuras carimbadas, como o Nelson Justus, mas, em compensação, tranqueiras como Luiz Carlos Martins, Belinati, Jair Cezar, Jocelito Canto e as imundícies dos irmãos Simões estão fora, mas fizemos uma boa bancada de oposição, realmente necessária porque – anotem o que estou falando – Copel e Sanepar estão sob grave risco com o governo modernoso do engomadinho. ,

Gostei do desempenho de Roni Anderson, o piá lá do Sindicato dos Petroleiros, por considerar que 20 mil é uma excelente votação para uma campanha que eu sei ter sido cumprida com muita dificuldade, com poucos recursos.  Quando falo de Roni lembro de Stica, cuja candidatura a vereador, creio que em 1992, foi uma decisão coletiva do Núcleo dos  Petroleiros Petistas. Com apenas 11 mil votos obtidos nesta eleição, creio que ele encerra uma jornada que se havia desviado faz tempo dos compromissos assumidos lá no começo. Roni, no meu ver, credencia-se como uma nova liderança e espero que o piá não se deslumbre.

Gostei muito de saber que Artur Virgílio (AM), Tasso Jereissati (CE) e Marco Maciel (PE) não foram reeleitos para o Senado, e que Collor perdeu a eleição para o governo de Alagoas.

Não tenho nenhuma ilusão com o outro  engomadinho, o Aécio Neves, até por conta do que ele fez com a imprensa mineira. Nele não confio, a começar pela voz sestrosa e peluda.

Porque Dilma não ganhou no primeiro turno? Bem, ninguém me perguntou, mas eu dou lá meus pitacos.

1. A velha e aguerrida militância, na hora da definição, não compareceu, mas isso hoje é uma enorme dificuldade. Envelhecemos, muitos se mandaram, muitos ficaram decepcionados com os rumos do partido, embora eu tenha percebido que muitos companheiros, assim como eu, sacudiram a poeira por conta da guerra aberta contra o PT e os petistas, mesmo que algumas alianças tenham sido, sejamos francos, inaceitáveis.

2. Creio que os ataques, as mentiras e a guerra midiática não foram suficientemente respondidos de forma mais dura e rápida. O problema é que hoje em dia quem manda em campanha política é marqueteiro. No meu governo, prometo que mando fuzilar essa gente toda.

3. Não acredito em onda verde como muita gente está a falar. O PV tem sido nos últimos tempos uma espécie de legenda de aluguel um pouco mais chique, apenas isso. Não tem estrutura, não tem base social, não tem militância, não tem propostas além de um slogan, o desenvolvimento sustentável. A votação de quase 20% é resultado, em minha opinião, não de uma súbita explosão de consciência ecológica, mas de um movimento silencioso de voto religioso - que a campanha parece não ter percebido, nem os institutos de pesquisas - por conta das mentiras assacadas contra Dilma (ser favorável ao aborto, o que ele desmentiu um monte de vezes, ou por ter dito coisas que jamais disse, ou por seu passado na luta armada, ou até que fecharia igrejas, vejam só).  A boataria foi organizada nos porões de algumas igrejas e confissões, tanto evangélicas quanto católicas. Eu já devia estar acostumado, isso é recorrente contra o PT, mas quem organiza é gente que aposta no atraso, no obscurantismo, no medo e no preconceito. E são capazes, depois, de vir falar em deus. São uns hipócritas. Juro que gostaria de acreditar na existência de um inferno para que essa gente torpe e atrasada ardesse por lá.

4. Não se esqueçam, tucanos-esverdeados: houve 2º turno em 2002 e em 2006 e, em 2010 não vai ser diferente: demora só um pouco mais, mas a gente vence.  

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