Retornando
de Curitiba, engarrafamento, muito frio e chuva, carregando minha frustração
pessoal e, no banco de trás, minhas previsões não completamente, mas bastante
furadas. Admito que já vivi segundas-feiras bem melhores. O engomadinho levou, o
que significa, dentre outras coisas, uma guinada para a direita no que diz respeito à
relação com os movimentos sociais e volta das práticas dos tempos de Jaime
Lerner, do qual Richa é herdeiro, que ninguém se esqueça disso. Tadeu Veneri,
Requião e Gleisi foram eleitos, mas Roni
Anderson não vai para Brasília, o que me obriga a reconhecer que se dependesse
dos meus vaticínios meu povo passaria fome.
Mas o
pior mesmo, é claro, é que haverá segundo turno entre Dilma e Serra. Desde que
me desliguei do PT, em 2004, não tinha mais me envolvido tão intensamente como
fiz nestas eleições de 2010. Os ataques mentirosos, as fraudes da imprensa, a
baixaria do PSDB, o ódio irracional contra o petismo e os petistas me
mobilizaram e, como sou mesmo derramado, entrei de cabeça na discussão que
correu na web.
O
saco é que teremos que suportar quase um mês de mais baixarias e mentiras, de
ofensiva midiática, de ataques insanos contra a honra de pessoas, um verdadeiro
vale tudo. No sábado eu estava dando graças pelo fim da campanha, mas a disputa
nos deixará sob tensão até o final do mês. Dilma ganha, não tenho dúvidas, e
afirmo isso. Não fiquem muito animados,
tucanos-esverdeados.
No
Paraná, o fato de Gleisi ter feito cerca de 150 mil votos a mais que Richa me
faz pensar se a coligação com Osmar, que ficou até os últimos dias abanando o
rabão para o Serra, não tenha sido um baita erro. São eleições diferentes a de
governador e de senador, eu sei, mas no mínimo, podemos afirmar que as
esquerdas tinham uma candidata competitiva por aqui. Pelo menos, elegemos dois
senadores que prestam e fizemos uma boa bancada federal, o que será
interessante para o governo Dilma.
Na
assembléia, devemos lamentar a volta de algumas figuras carimbadas, como o
Nelson Justus, mas, em compensação, tranqueiras como Luiz Carlos Martins,
Belinati, Jair Cezar, Jocelito Canto e as imundícies dos irmãos Simões estão
fora, mas fizemos uma boa bancada de oposição, realmente necessária porque –
anotem o que estou falando – Copel e Sanepar estão sob grave risco com o
governo modernoso do engomadinho. ,
Gostei
do desempenho de Roni Anderson, o piá lá do Sindicato dos Petroleiros, por considerar
que 20 mil é uma excelente votação para uma campanha que eu sei ter sido
cumprida com muita dificuldade, com poucos recursos. Quando falo de Roni lembro de Stica, cuja
candidatura a vereador, creio que em 1992, foi uma decisão coletiva do Núcleo
dos Petroleiros Petistas. Com apenas 11
mil votos obtidos nesta eleição, creio que ele encerra uma jornada que se havia
desviado faz tempo dos compromissos assumidos lá no começo. Roni, no meu ver,
credencia-se como uma nova liderança e espero que o piá não se deslumbre.
Gostei
muito de saber que Artur Virgílio (AM), Tasso Jereissati (CE) e Marco Maciel
(PE) não foram reeleitos para o Senado, e que Collor perdeu a eleição para o
governo de Alagoas.
Não
tenho nenhuma ilusão com o outro engomadinho,
o Aécio Neves, até por conta do que ele fez com a imprensa mineira. Nele não
confio, a começar pela voz sestrosa e peluda.
Porque
Dilma não ganhou no primeiro turno? Bem, ninguém me perguntou, mas eu dou lá
meus pitacos.
1. A
velha e aguerrida militância, na hora da definição, não compareceu, mas isso
hoje é uma enorme dificuldade. Envelhecemos, muitos se mandaram, muitos ficaram
decepcionados com os rumos do partido, embora eu tenha percebido que muitos
companheiros, assim como eu, sacudiram a poeira por conta da guerra aberta
contra o PT e os petistas, mesmo que algumas alianças tenham sido, sejamos
francos, inaceitáveis.
2.
Creio que os ataques, as mentiras e a guerra midiática não foram
suficientemente respondidos de forma mais dura e rápida. O problema é que hoje
em dia quem manda em campanha política é marqueteiro. No meu governo, prometo
que mando fuzilar essa gente toda.
3.
Não acredito em onda verde como muita gente está a falar. O PV tem sido nos
últimos tempos uma espécie de legenda de aluguel um pouco mais chique, apenas
isso. Não tem estrutura, não tem base social, não tem militância, não tem
propostas além de um slogan, o desenvolvimento sustentável. A votação de quase
20% é resultado, em minha opinião, não de uma súbita explosão de consciência
ecológica, mas de um movimento silencioso de voto religioso - que a campanha parece
não ter percebido, nem os institutos de pesquisas - por conta das mentiras
assacadas contra Dilma (ser favorável ao aborto, o que ele desmentiu um monte
de vezes, ou por ter dito coisas que jamais disse, ou por seu passado na luta
armada, ou até que fecharia igrejas, vejam só). A boataria foi organizada nos porões de
algumas igrejas e confissões, tanto evangélicas quanto católicas. Eu já devia
estar acostumado, isso é recorrente contra o PT, mas quem organiza é gente que
aposta no atraso, no obscurantismo, no medo e no preconceito. E são capazes,
depois, de vir falar em deus. São uns hipócritas. Juro que gostaria de
acreditar na existência de um inferno para que essa gente torpe e atrasada ardesse
por lá.
4.
Não se esqueçam, tucanos-esverdeados: houve 2º turno em 2002 e em 2006 e, em
2010 não vai ser diferente: demora só um pouco mais, mas a gente vence.
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