1. Eu visito Brasilia, Eu Vi todos os dias, ainda que Leandro Fortes não seja lá muito assíduo em seu próprio espaço virtual.
2. No que me diz respeito é como se eu estivesse lá, amanhã, fazendo perguntas ao Lula.
3. Estrebuchem, tucaninhos-esverdeados, estrebuchem.
Amanhã, quarta-feira, dia 24 de novembro, terei a honra de participar
do grupo de blogueiros progressistas convidado pelo Palácio do Planalto
para entrevistar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da última vez
que entrevistei Lula, eu era um garoto de 23 anos e ele estava no meio
de uma guerra: as eleições presidenciais de 1989, as primeiras desde o
fim da ditadura, em 1985.
Eu era repórter do Jornal da Bahia e havia sido mandado para uma
coletiva com Lula, em Salvador, na sede do Sindicato dos Bancários, no
centro da cidade. Lembro de ter perguntado sobre a dificuldade dele e do
PT de arranjar empresários que ajudassem a financiar a campanha contra
Fernando Collor de Mello, o José Serra de então: bajulado pelo
empresariado, apoiado pela mídia e sustentado pelo conservadorismo da
Igreja e da classe média. Também quis saber de Lula a opinião sobre os
boatos de que, uma vez eleito, ele iria tomar os apartamentos dos
bairros nobres das capitais e entregar aos pobres. Era esse o nível
daquela campanha. Lula, ainda um homem jovem de barbas muito negras,
cansado e bem humorado, disse que havia desistido de conquistar a
simpatia de empresários e que a história dos apartamentos devia ser
creditada a quem tinha medo da democracia.
Dali, saí correndo para fazer outra entrevista incrível, na sede
baiana do PDT, com Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, então
com 90 anos, que estava em Salvador para declarar apoio a Lula. Com
essas duas matérias, voltei à redação para me reportar ao meu chefe da
época, João Santana, o “Patinhas”, que viria a ficar famoso, anos
depois, por ter sido o marqueteiro que reelegeu Lula em 2006 e, agora,
por ter garantido a eleição de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do
Brasil. A Bahia é mesmo um lugar interessante.
A entrevista com Lula será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/)
e por outros sites e blogs que queiram transmiti-la. Haverá também
possibilidade de participação por meio do twitter. Além de mim, também
participarão da entrevista os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro),
Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes
(Vi o Mundo), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Pierre Lucena
(Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna
(Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).
Esse mesmo grupo foi chamado por Serra, no auge da baixaria da
campanha eleitoral, de representantes de “blogs sujos”, uma referência
nervosa a um tipo de mídia que pegou o tucano, uma criatura
artificialmente sustentada pela velha mídia corporativa, no contrapé.
Nem Serra, nem ninguém na velha direita brasileira estavam preparados
para o poder de reação, análise e crítica da blogosfera e das redes
sociais. Matérias falsas, reportagens falaciosas, discursos hipócritas,
obscurantismo religioso e a farsa da bolinha de papel, tudo, tudo foi
desmontado em poucas horas dentro da internet. Chamar-nos de “sujos” nem
de longe nos alcançou como ofensa, pelo contrário. Nós, os “sujos”
fizemos a história dessa eleição. Serra e seus brucutus terceirizados
sumiram no ralo virtual.
O fato de o presidente mais popular e melhor avaliado da história do
Brasil se prontificar a nos receber, no Palácio do Planalto, para
responder, sem reservas, aos nossos questionamentos (detalhe: nem todos
são jornalistas), demonstra a dimensão exata de nossa participação no
atual processo político.
De minha parte, me sinto muito honrado com o convite.
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