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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Amanhã, O Ornitorrinco estará com Lula

Amanhã, quarta-feira, dia 24 de novembro, terei a honra de participar do grupo de blogueiros progressistas convidado pelo Palácio do Planalto para entrevistar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da última vez que entrevistei Lula, eu era um garoto de 23 anos e ele estava no meio de uma guerra: as eleições presidenciais de 1989, as primeiras desde o fim da ditadura, em 1985.
Eu era repórter do Jornal da Bahia e havia sido mandado para uma coletiva com Lula, em Salvador, na sede do Sindicato dos Bancários, no centro da cidade. Lembro de ter perguntado sobre a dificuldade dele e do PT de arranjar empresários que ajudassem a financiar a campanha contra Fernando Collor de Mello, o José Serra de então: bajulado pelo empresariado, apoiado pela mídia e sustentado pelo conservadorismo da Igreja e da classe média. Também quis saber de Lula a opinião sobre os boatos de que, uma vez eleito, ele iria tomar os apartamentos dos bairros nobres das capitais e entregar aos pobres. Era esse o nível daquela campanha. Lula, ainda um homem jovem de barbas muito negras, cansado e bem humorado, disse que havia desistido de conquistar a simpatia de empresários e que a história dos apartamentos devia ser creditada a quem tinha medo da democracia.
Dali, saí correndo para fazer outra entrevista incrível, na sede baiana do PDT, com Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, então com 90 anos, que estava em Salvador para declarar apoio a Lula. Com essas duas matérias, voltei à redação para me reportar ao meu chefe da época, João Santana, o “Patinhas”, que viria a ficar famoso, anos depois, por ter sido o marqueteiro que reelegeu Lula em 2006 e, agora, por ter garantido a eleição de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil. A Bahia é mesmo um lugar interessante.
A entrevista com Lula será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/) e por outros sites e blogs que queiram transmiti-la. Haverá também possibilidade de participação por meio do twitter. Além de mim, também participarão da entrevista os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Vi o Mundo), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).
Esse mesmo grupo foi chamado por Serra, no auge da baixaria da campanha eleitoral, de representantes de “blogs sujos”, uma referência nervosa a um tipo de mídia que pegou o tucano, uma criatura artificialmente sustentada pela velha mídia corporativa, no contrapé. Nem Serra, nem ninguém na velha direita brasileira estavam preparados para o poder de reação, análise e crítica da blogosfera e das redes sociais. Matérias falsas, reportagens falaciosas, discursos hipócritas, obscurantismo religioso e a farsa da bolinha de papel, tudo, tudo foi desmontado em poucas horas dentro da internet. Chamar-nos de “sujos” nem de longe nos alcançou como ofensa, pelo contrário. Nós, os “sujos” fizemos a história dessa eleição. Serra e seus brucutus terceirizados sumiram no ralo virtual.
O fato de o presidente mais popular e melhor avaliado da história do Brasil se prontificar a nos receber, no Palácio do Planalto, para responder, sem reservas, aos nossos questionamentos (detalhe: nem todos são jornalistas), demonstra a dimensão exata de nossa participação no atual processo político.
De minha parte, me sinto muito honrado com o convite.

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