SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu sei porque votei em Dilma

"A presidenta eleita da República, Dilma Rousseff, convidou o economista Guido Mantega para permanecer à frente do Ministério da Fazenda, a engenheira e coordenadora do PAC, Miriam Belchior, para assumir o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e o economista Alexandre Tombini, atual Diretor de Normas, para presidir o Banco Central. A indicação de Tombini será submetida ao Senado Federal para aprovação.
A presidenta eleita determinou que a nova equipe assegure a continuidade da bem sucedida política econômica do Governo Lula - baseada no regime de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal - e promova os avanços que levarão o Brasil a vencer a pobreza e alcançar o patamar de nação plenamente desenvolvida."


O ORNITORRINCO pede a palavra para dizer que destaquei a parte final desta nota, divulgada hoje, que poderia ser considerada formal e anódina, porque Dilma está falando não para acalmar o tal do mercado. Ao contrário, com clareza solar, fala de pessoas, de gente. Entenderam, tucaninhos-esverdeados em geral, porque votei em Dilma? 

Um comentário:

Fortunato disse...

Sr. Ornitorrinco, olhe o que chupei(êpa..) no blog Crônicas do Motta, por isso que também votei na Dilma.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O rato que ruge

A Irlanda hoje é a Geni do noticário: todos jogam pedras nela. Mas nem sempre foi assim. Há alguns anos, o país era dado como exemplo de como o neoliberalismo era o modelo econômico e social perfeito, o único caminho fácil e rápido para o sucesso, a panaceia para todos os males.
Os porta-vozes do livre mercado não cansavam de elogiar o "tigre celta", aquele pequeno e a vida toda pobre país, que teve a coragem de seguir de maneira estrita a receita da moda para, em pouco tempo, alcançar resultados extraordinários.
Como se vê agora, o tigre era de papel, que, no primeiro vento forte se rasgou completamente. O panegírico fácil ao seu "sucesso" poderia ter se perdido na memória, não fosse a internet e essa máquina do tempo que é o Google.
Uma meia dúzia de clicadas e pimba! - a Irlanda ressurge em todo o seu esplendor. Vale a pena ler de novo o que escreviam dela alguns integrantes do Instituto Milleniun, clube que reúne a fina flor do pensamento neoliberal tupiniquim.
É constrangedor, mas imperdível:


"A Irlanda vem experimentando um choque liberal há anos, com redução de gastos públicos, abertura comercial e maior liberdade econômica. O país já está em terceiro lugar no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation, perdendo apenas para Cingapura e Hong Kong. A economia apresentou crescimento superior a 7% ao ano desde 1993. O país conta com uma das mais favoráveis políticas para investimentos estrangeiros do mundo, assim como ambiente bastante amigável para os negócios. Os impostos corporativos foram reduzidos para 12,5%, um dos mais baixos da Europa. A Irlanda se tornou um enorme ímã de investimentos de americanos e ingleses, que são também os maiores parceiros comerciais do país. A tarifa média ponderada para importação é de apenas 1,3%, bastante inferior a do Brasil, acima de 13%. Não existe controle de preços por parte do governo. A proteção à propriedade privada é forte, e o sistema legal é transparente. Em resumo, a Irlanda é um ótimo exemplo das reformas defendidas pelos liberais."

"Como ficou claro, a Irlanda de Bono está na contramão do Brasil de Lulla. Aqui, o Estado é cada vez maior, mais inchado e mais interventor. Falta muito para chegarmos ao grau de abertura comercial da Irlanda. Falta muito para chegarmos ao ambiente amistoso para os negócios. Falta muito para termos um império da lei que respeite as propriedades privadas. Enfim, falta muito para o Brasil virar uma Irlanda."

"Em resumo, a grande virada da Irlanda na última década não tem muito mistério, tampouco se explica por algum milagre qualquer. O país simplesmente resolveu encarar a dura realidade, adotar o capitalismo global como modelo, receber de braços abertos os investimentos estrangeiros, especialmente americanos, e reduzir drasticamente o peso do governo na economia. O resultado é uma das maiores rendas per capita do mundo!"