Eu visito Viomundo todos os dias
Por Luiz Carlos Azenha
Encontro um velho amigo, que nos bons tempos poderia ser confundido com um cripto-comuno-bolivariano.
Hoje, calvo e alquebrado, conformou-se com a vida de pequeno burguês.
Não perdeu a ternura, nem a capacidade crítica.
Está preocupado com o que define como papel de “zelador do
neoliberalismo” assumido pela esquerda brasileira, especificamente pelo
PT.
Digo a ele que não é tão trágico assim, que houve avanços concretos dos mais pobres, que é isso o que importa.
Mas ele retruca que, no caso brasileiro, percebe um certo complexo de
inferioridade da esquerda no poder, como se ela precisasse de licença
dos realmente poderosos para governar.
E lamenta que para justificar o não fazer o argumento é sempre “a tal correlação de forças”.
Abrir os arquivos da ditadura?
– Correlação de forças.
Punir os torturadores?
– Correlação de forças.
Implementar o PNDH?
– Correlação de forças.
Regulamentar os capítulos da Constituição que regem a comunicação?
– Correlação de forças.
Implementar as decisões da Conferência Nacional de Comunicação?
– Correlação de forças.
Debater o aborto?
– Correlação de forças.
– Mas no salário mínimo, onde havia vários comunistas escondidos atrás dos 560 reais… aí não teve correlação de forças.
Pano rápido, muito rápido.
O Ornitorrinco pede a palavra para dizer que poderia muito bem dormir sem essa adequada, oportuna e precisa cacetada na moleira dos petistas todos. De todo modo, vestirá confortável pijama e retirar-se-á para seus inacreditáveis, nababescos e superfaturados aposentos, deixando claro aos oportunistas de direita e as viuvinhas sem-porvir que não fiquem aí muito animadinhos, meninas e meninos. Da esquerda aceito e discuto críticas, todas as críticas. Da direita, não. Acalmem o fogaréu e orem para o empoeirado das minas gerais ou, quiospariu, para o engomadinho do paraná. É o que lhes resta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário