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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Palmas para Jesus!

Eu visito DeusILUSÃO todos os dias
Valmidêmio Barros informa: criei este 
blog em seis minutos. No sétimo, descansei.

Como todo mundo sabe, Deus é tudo de bom, muito mais poderoso do que o Super-Homem e tal. Mas não move uma palha para ajudar suas incontáveis igrejas aqui na Terra. Ele, que tudo controla, não se dá nem ao trabalho de desviar os raios das suas edificações, que são os seus templos sagrados. E haja para-raios pra espetar nessas igrejas todas!
Pois bem, como Deus é duro, o missionário R.R. Soares não faz cerimônia para pedir ajuda terrena mesmo. São os “patrocinadores”.
— Deus chamou você para ser um patrocinador?
Se sim, se Deus chamou, é só fazer um sinal, que, nessa hora do culto, a igreja fica coalhada de “obreiros” (pelo menos é a terminologia usada na IURD) com as mãos repletas de boletos do Bradesco. Enquanto os fiéis são… digamos… estimulados a pegar uma fichinha de depósito daquelas, o R.R. Soares sempre apresenta alguma coisa. Dia desses, ele convidou os que já faziam contribuições regularmente a darem algum “testemunho” (outro termo técnico muito usado) de como Deus estaria “operando” (mais um) nas suas vidas; tipo assim, para motivar futuros patrocinadores, já aproveitando que os boletos bancários estavam ali roçando as caras deles.
O que me chamou à atenção foi logo o primeiro depoimento de um casal de idosos. Só a mulher falou: Deus tinha operado um milagre na vida dela e na do marido. O missionário ficou muito alegre e pediu para que ela divulgasse o tal do milagre. A senhora disse que o marido apresentou um problema muito grave no coração. Foi socorrido às pressas a um hospital, onde passou por tratamentos intensivos, medicação constante, atenção médica, exames e coisas do gênero. No fim do relato, que me deixou certo de que eles dois deveriam ter um ótimo plano de saúde, a velhinha revelou o milagre:
— Depois de 12 dias no hospital, ele está aqui.
Ok. Eu não posso ser tão burro assim. O “ele”, obviamente, é o marido; o velhinho, a prova do milagre. Quando ela completa “ele está aqui”, está apenas se valendo de um eufemismo, ou seja, ela quis dizer: “ele ainda está vivo, apesar da idade e do problema que teve”. Isso mesmo. Vivo, depois de ter tido um problema grave no coração. Depois dos 12 dias de internação e cuidados médicos especializados. Pois é. Não parece que tá faltando alguma coisa? Eu, pelo menos, não consegui achar onde aquela senhora escondeu o milagre que fez o R.R. Soares pedir palmas para Jesus.
Eu, que queria tanto aplaudir.

O Ornitorrinco pede a palavra para dizer que não precisa dizer coisa nenhuma e para fechar rapidamente as cortinas.

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