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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

São Bernardo Campo, 23/08/1983: nasce a Central Única dos Trabalhadores

A imundície da Ditadura Militar ainda existia, embora já nos extertores e Figueiredo, generalzão pra lá de escroto, era o presidente.
Homens e mulheres, nas cidades e no campo, a generosa entrega de quem ousou a luta armada, os movimentos de base, os panelaços nas periferias contra a carestia, a briga pela anistia, as organizações de luta contra o desemprego, as oposições sindicais contra a pelegada, jovens das Comunidades Eclesiais de Base, estudantes, intelectuais, esses rios todos de caudalosa e incontrolável correnteza desembocaram na sua foz natural, São Bernardo Campo, e pronto: nós, os trabalhadores do Brasil, fundamos a CUT, a Central Única dos Trabalhadores, em 23 de agosto de 1983.
Eu não estava lá no Congresso, era apenas um modesto militante da Oposição Sindical dos Petroleiros do Paraná mas, fundada a CUT, havia uma tarefa concreta e imediata: organizar a Greve Geral para, se bem me lembro, começo de  novembro/83. Dessas atividades todas eu participei, e lembro que fui entrevistado por um jornal (que já não existe), um troço espantoso para um sujeito sem nenhuma importância como eu, e lembro das reuniões e das plenárias.
Em Curitiba nosso QG era ali no CAHS, o Centro Acadêmico Hugo Simas, na Marechal Floriano, bem no centro, quase em frente ao posto de gasolina que tinha lá uma estátua de um piá mijando, lembram disso?
O prédio era velho pra cacete, precário, e as reuniões revolucionárias aconteciam no primeiro andar, acessado por uma interminável e rangedeira escada de madeira, e lá aconteciam as plenárias, as palavras de ordem, os sonhos, a valentia, a entrega e, para mim, a descoberta da militância, do fazer as coisas, da urgência, das certezas inabaláveis.
Abro parentesis. Se aquela precária e instável parte superior do CAHS desabasse, e não falo no sentido metafórico, até porque depois das nossas atividades todos os cupins, organizados na CUC, a Central Única dos Cupins, se reorganizavam e voltavam a devorar aquelas estruturas todas, bem, estaríamos aqui no Paraná uns dez anos atrasados em relação à construção da CUT e do próprio PT, meus caros. Hoje, o prédio está restaurado e tem boas condições, pelo que sei. E fecho parentesis.
Cito nomes de companheiros e companheiras daqueles tempos, e desculpem se minha caduca memória falha, e ela falha.
Ceará, Arlindo (que seria, na minha opinião, um dos nossos mais formidáveis quadros, e que faleceu num acidente em 1985) e Vanhoni, da Oposição Sindical dos Bancários; Nelly, César Sanson; Gilberto Carvalho; Davi e o povo todo do Sindicato da Construção Civil, e da sua puta greve histórica de 1979; Salomão e Carlinhos, jornalistas malucos; Edésio Passos e seus advogados que só defendiam trabalhadores; Amadeu Fernandes, Natálio Stica, Geraldo Mendonça, Gaspar da Costa Moraes e Enio dos Reis, e os demais companheiros petroleiros da Oposição que venceram as eleições em 1984 e mandaram a pelegada nomeada pelos milicos em 1964 para a puta-que-os-pariu e, muito modestamente, apostaram na construção da CUT no Paraná e o fizeram de forma desabrida, e sei do que falo, não por mim, mas pela diretoria do Sindipetro PR/SC que ousou liberar-me em tempo integral para a CUT-PR, e aqui permito-me lembrar ao companheiro Roni Anderson, petroleiro e atual presidente da CUT-PR, que a a nossa Central Única dos Trabalhadores não foi criada para apoiar e sustentar governos, mesmo os governos que nós, como militantes, tratamos de eleger, mas, que isso fique sempre bem claro, nosso compromisso permanente é com a defesa dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores.
O PT e o governo que se virem, meus caros.
A CUT foi fundada para, de forma autônoma, independente e livre de governos e dos patrões, defender os trabalhadores.
O resto, meus caros, atende pelo nome de Força Sindical e, bem recompensada, rebola e vira os zóinho.

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O Ornitorrinco Desmemoriado pede a palavra para reconhecer que quando toma duas ou três cervejas Alzheimer dá nisso: é capaz de bater na bunda da CUT quase uma semana antes do parto! 

De todo modo, declaro que se fui eu não me lembro, estou fora de si mesmo, chamem meu advogado e meu terapeuta porque, quiospariu, a gloriosa CUT foi fundada em 28 de agosto de 1983, carajo!

Um comentário:

luiz disse...

Caro Caulo Uoberto Tequinel.

Este domingo pude almoçar com uma galera que creio que vc conhece.
Wilson Ramos(XIXO), Miríam, Mauro e outros que vieram depois, Escritório de Defesa dos Trabalhadores, na Mal Floriano, no mesmo prédio do Cláudio Ribeiro.
Lembro inicio da minha militância, final anos 80 quando conheci um barbudo mal encarado atrás de uma mesa na sede da CUT acho que na Almirante Tamandaré, não imaginava que um dia esse barbudo, seria meu companheiro e meu vizinho.
Depois o Collor e minha demissão da Rede Ferroviária Federal.
Viva a Luta Sindical, Viva a CUT.
Viva o Novo Brasil, Parabéns, vcs fizeram a hist´ria do País.

Luiz Antonio de Souza
Militante Petista.
Demitido Governo Collor
Retorno Governo Lula