Eu visito o Blog da Cidadania todos os dias
Famílias midiáticas estão na cola do Amaury. Saiba por quê
Há anos que o senhor X, vez por outra, fornece informações de dentro
do ventre do dragão midiático. Ele trabalha em um desses prostíbulos dos
barões da mídia. Mas, como muitos que ali ganham o pão de cada dia,
garanto que não faz “programa”, pois se dedica tão-somente a tarefas
decentes, o que o obriga a se manter longe da cobertura política.
As notícias que tenho para o jornalista Amaury Ribeiro Jr. não são
boas – ainda que ele ao menos já intua o que revelarei, se é que não
sabe mais do que vou dizer a seguir: está aberta a temporada de caça ao
autor de A Privataria Tucana.
As redações da imprensa golpista enveredaram por uma busca frenética
de elementos que possam ser usados contra ele devido ao fato de que
agora que se sabe que a filha de Serra também responde a inquérito a
acusação de que o jornalista está sendo investigado por supostamente ter
feito dossiê contra Serra no ano passado não basta para
desqualificá-lo. É preciso mais. Bem mais.
Mas, enfim, o post não é só sobre isso. É, também, para explicar a
razão pela qual a mídia quer distância do tema Privataria Tucana. E para
que se possa entender por que, voltemos a diálogo travado em 1998 entre
o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o seu ministro das
Comunicações, o Mendonça de Barros, no auge da privataria:
—–
Mendonça de Barros – “A imprensa está muito favorável, com editoriais…”
Fernando Henrique Cardoso – “Está demais, né? Estão exagerando, até.”
—–
A conversa, registrada em gravação, foi noticiada aqui quatro anos depois, na coluna da ombudsman da Folha.
Essa conversa foi gravada ilegalmente, mas veio à tona à época e foi
largamente reproduzida pela imprensa, tendo levado à queda do ministro.
FHC jamais foi cobrado pela imprensa que disse que lhe era tão
“favorável” que até “exagerava”. E exagerava mesmo. O apoio da mídia ao
governo FHC foi escandaloso.
Enquanto isso, a mesma mídia dizia que o PT, agora na oposição, era
adepto do “Quanto pior, melhor”. Hoje em dia, diz que a oposição está
apenas cumprindo com seu papel “republicano”. Ou seja: o PT era
inaceitável para Globo, Folha, Veja e Estadão até quando era oposição. O
PT, para esses veículos, simplesmente não deveria existir. Deveria ser
posto na ilegalidade.
Mas por que a mídia defendia – e continua defendendo – tanto a
privataria tucana? Simples, porque enquanto publicava editoriais aos
quais FHC e Mendonção se referiram naquelas gravações, tratava de fazer
bons negócios com o que estava sendo vendido a preço de banana.
Veja a seguir, leitor, cada negócio que esses barões da mídia tão
zelosos com o dinheiro público fizeram na época da privataria tucana
enquanto a defendiam sem informar aos seus leitores que tinham interesse
direto no que estava sendo doado pelo governo ao setor privado.
A família Mesquita, do Estadão, saiu do processo de privatização como
sócia da empresa de telefonia celular BCP (atualmente, Claro) na região
Metropolina de São Paulo. O Grupo OESP (Estadão) ficou com 6% do
consórcio, o Banco Safra com 44%, a Bell South (EUA) com 44% e o grupo
Splice com 6%.
Já a família Frias, dona da Folha de São Paulo, aproveitou a
liquidação da privataria para adquirir opção de compra de 5% do
consórcio Avantel Comunicações – Air Touch (EUA) 25% e grupo Stelar mais
25% -, que ficou com 50% da telefonia paulistana, tendo a construtora
Camargo Correa comprado mais 25% e o Unibanco os 25% restantes.
Finalmente, a família Marinho. Mergulhou fundo na Globopar, empresa
de participações formada para adquirir parte da privataria, tendo
comprado 40% do consórcio TT2, que disputava a telefonia celular nas
áreas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, ficando
o resto com a americana ATT, que comprou 37%, com o Bradesco, que
comprou 20%, e com a italiana Stet, que se contentou com 3%.
Os Marinho também abocanharam o consórcio Vicunha Telecomunicações,
que envolvia telefonia celular na Bahia e em Sergipe. A Stet (Itália)
ficou com 44%, o Grupo Vicunha com37% e a Globopar e o Bradesco com 20%.
Abaixo, a tabela de participação de cada empresa no processo de
privataria da telefonia, o apetitoso Sistema Telebrás, que os barões da
mídia defenderam no Estadão, no Globo e na Folha sem informarem aos seus
leitores que estavam envolvidos nos negócios que adviriam da venda de
patrimônio público.
Quem quiser conferir melhor essa divisão do saque ao patrimônio
público que o livro A Privataria Tucana denuncia, pode acessar o estudo “INVESTIMENTO E PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL: DOIS VETORES DA MESMA ESTRATÉGIA”. Não contém opiniões, contém fatos – quem comprou o quê durante o processo de privatização do governo FHC.
Como se vê, a mídia tem todas as razões do mundo para temer uma
investigação que, para ser totalmente franco, deveria ter sido aberta
pelo governo Lula no primeiro dia de 2003, tão logo o poder finalmente
mudou de mãos no Brasil. Mas a grande maioria do governo do PT achou que
evitaria uma guerra com a mídia e a oposição se prevaricasse e não
investigasse nada.
Deu no que deu.
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O Ornitorrinco Jingle Bells, tomado pelo espírito de natal (blearghhh!!!), pergunta às viuvinhas sem-porvir de são josé serra atingido, de santa marina esverdeada e de santa heloísa helena do trotsquismo-udenista: e então, meninas, como é que ficamos? Façam as contas e comparem o mensalão (que teve investigação, denúncia do MPF e tem hoje réus, alguns até muito graúdos, sendo submetidos ao devido processo legal) e o escândalo da privataria. Silêncio profundo, as meninas dormiram ou estão ocupadas com presépios, canções natalinas e mensagens de paz e amor.
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