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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Eu e o saco do padreco minúsculo

Detalhe do saco do padre
Como muitos antoninenses durante aqueles dias posteriores a 11 de março, quando alagamentos e deslizamentos de encostas atingiram dezenas de famílias, eu, Sonia e Jean procuramos ajudar na medida das nossas possibilidades.

Não fizemos mais ou melhor do qualquer outra pessoa, apenas trabalhamos e, é bom que fique claro, sob as vistas do padreco marcos de merda, vez que estivemos ajudando na Igreja São João Batista, local para o qual dezenas de voluntários, homens e mulheres, acorreram.

Falo isso porque o patifezinho marcos de batina, sem citar meu nome, proclamou na Câmara Municipal que sou "um aposentado que recebe o seu todo mês e não está nem aí para o bem comum, mas apenas cuida dos seus interesses".

Mas não estou aqui para falar de minha desimportante, maléfica e aposentada pessoa.

Lembro que era já fim do dia e chovia um pouco quando chegou um caminhão com uma carga de donativos. Imediatamente fizemos uma corrente de homens para descarregar as coisas e eu era o primeiro da fila, estava junto ao caminhão.

Mas, para meu azar, coube-me o "prêmio" daquela carga: uma porra de um saco de batatas, de 60 kg, prezados.

Eu não tinha como pegar e passar para o seguinte da fila, então não teve jeito: obriguei-me a carregar o saco nas costas.

Nada de extraordinário, é claro. Caminhei, se tanto, uns dez metros e larguei o saco por ali, e tudo seguiria seu curso se uma pessoa não tivesse prestado completa atenção na cena.

Vera Andreotti, nossa formidável e guerreira presidenta da nossa Associação de Moradores, querida amiga e companheira de lutas, ria sem conter-se e dizia "não adianta negar, eu vi você carregando o saco do padre! O ateu carregou o saco do padre, eu vi!"

Eis, sem tirar nem por, a verdade que tentei esconder desde aqueles dias terríveis: sim, este ateu admite que já carregou o saco de um padre, e não de um que tenha compostura, infelizmente, que o peso me seria muito menor. 

O destino fez-me carregar, quiospariu!, precisa e exatamente o saco do minúsculo padre marcos

Não tem jeito: havendo um, tenho vaga nos camarotes VIP do paraíso meus caros. 

Meus pecados estão pagos. Com juros de agiota.

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