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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A culpa nunca é da vítima

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco informa que, depois de replicar este certeiro texto de Tamara, descobriu hoje seu imperdível blog e, ao ensejo, cumprimenta os devotos presentes nesta grandiosa quermesse em louvor da hipocrisia e do machismo e, de inhapa, lembra que a culpa nunca é da vítima, inclusive aqui em Antonina. 
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 Copiei de Tamara Freire

 
Estou pensando em mandar fazer uns adesivos com a frase: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA e sair colando por aí.
Porque, de repente, o que está faltando é repetição, para ver se todo mundo aceita que A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA.
E, de repente, eu também faça um cartaz para levantar toda vez que alguém vier discutir casos de estupro comigo.
“Ah, mas a mulher estava bêbada” a pessoa pode dizer. E daí eu nem preciso responder nada, só levanto a plaquinha com um A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA em letras bem garrafais.
Talvez role também de mandar fazer uns carimbos pra sair marcando cada notícia de jornal em que as pessoas ousem discutir a postura de uma vítima de estupro.
Logo em cima da linha que disser: “a mulher usava roupas chamativas” eu carimbo um A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA em uma tinta tão forte que talvez até suje o peixe que o jornal irá embrulhar no outro dia.
Porque eu prefiro acreditar que é por ignorância, e não por maldade, que as pessoas fiquem sabendo de uma notícia como a das duas meninas estupradas por 10 integrantes de uma banda na Bahia e tenham o despacho de dizer que elas provocaram os caras, que elas não deveriam ter ido ao show, que elas não deveriam ter ido ao ônibus tirar fotos com seus ídolos, que a relação foi consensual e elas estão mentindo pra conseguir fama, que elas são faladas na cidade, então não merecem crédito, ou qualquer outra babaquice que relativiza a culpa dos ÚNICOS culpados pelo crime: os estupradores.
Em casos de estupro, existem vítimas, as pessoas que foram estupradas, e existem agressores, as pessoas que as estupraram, e eu não entendo a dificuldade em se aceitar isso de forma definitiva. Você pode ser virgem ou não. Pode estar usando uma minissaia ou uma burca. Pode estar dentro de casa assistindo novela ou em uma festa bebendo com os amigos. Nenhuma dessas coisas é crime e qualquer pessoa tem o direito de fazê-las. Não é a sua conduta que determina se alguém irá te estuprar, mas sim a conduta dessa pessoa. Para que um estupro não aconteça, basta que ninguém estupre ninguém. E aí, a pessoas pode estar com a roupa que for, que a violência não vai acontecer. Então, o que determina o fato: a postura da vítima ou do agressor?
Chega de impunidade. Chega de culpabilização da vítima. E, para aproveitar o post, chega de “piadas” com estupro também, não é mesmo? Certamente, pessoas como os cantores da Bahia acham elas muito engraçadas, mas não é o caso de quem tem consciência do grave problema que ainda é a violência sexual. E aí, fecha nesse pacto comigo?

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