O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco informa que, depois de replicar este certeiro texto de Tamara, descobriu hoje seu imperdível blog e, ao ensejo, cumprimenta os devotos presentes nesta grandiosa quermesse em louvor da hipocrisia e do machismo e, de inhapa, lembra que a culpa nunca é da vítima, inclusive aqui em Antonina.
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Copiei de Tamara Freire
Estou pensando em mandar fazer uns adesivos com a frase: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA e sair colando por aí.
Porque, de repente, o que está faltando é repetição, para ver se todo mundo aceita que A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA.
E, de repente, eu também faça um cartaz para levantar toda vez que alguém vier discutir casos de estupro comigo.
“Ah, mas a mulher estava bêbada” a pessoa
pode dizer. E daí eu nem preciso responder nada, só levanto a plaquinha
com um A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA em letras bem garrafais.
Talvez role também de mandar fazer uns
carimbos pra sair marcando cada notícia de jornal em que as pessoas
ousem discutir a postura de uma vítima de estupro.
Logo em cima da linha que disser: “a
mulher usava roupas chamativas” eu carimbo um A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA
em uma tinta tão forte que talvez até suje o peixe que o jornal irá
embrulhar no outro dia.
Porque eu prefiro acreditar que é por ignorância, e não por maldade, que as pessoas fiquem sabendo de uma notícia
como a das duas meninas estupradas por 10 integrantes de uma banda na
Bahia e tenham o despacho de dizer que elas provocaram os caras, que
elas não deveriam ter ido ao show, que elas não deveriam ter ido ao
ônibus tirar fotos com seus ídolos, que a relação foi consensual e elas
estão mentindo pra conseguir fama, que elas são faladas na cidade, então
não merecem crédito, ou qualquer outra babaquice que relativiza a culpa
dos ÚNICOS culpados pelo crime: os estupradores.
Em casos de estupro, existem vítimas, as
pessoas que foram estupradas, e existem agressores, as pessoas que as
estupraram, e eu não entendo a dificuldade em se aceitar isso de forma
definitiva. Você pode ser virgem ou não. Pode estar usando uma minissaia
ou uma burca. Pode estar dentro de casa assistindo novela ou em uma
festa bebendo com os amigos. Nenhuma dessas coisas é crime e qualquer
pessoa tem o direito de fazê-las. Não é a sua conduta que determina se
alguém irá te estuprar, mas sim a conduta dessa pessoa. Para que um
estupro não aconteça, basta que ninguém estupre ninguém. E aí, a pessoas
pode estar com a roupa que for, que a violência não vai acontecer.
Então, o que determina o fato: a postura da vítima ou do agressor?
Chega de impunidade. Chega de culpabilização da vítima. E, para aproveitar o post, chega de “piadas”
com estupro também, não é mesmo? Certamente, pessoas como os cantores
da Bahia acham elas muito engraçadas, mas não é o caso de quem tem
consciência do grave problema que ainda é a violência sexual. E aí,
fecha nesse pacto comigo?
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