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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nossa Senhora dos Preconceitos Obtusos, rogai por nós!

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco cumprimenta os devotos presentes nesta triste quermesse em louvor de Nossa Senhora dos Preconceitos Obtusos, e divide com os quase 9 leitores deste blog insalubre este texto de Walter Silva que, à maneira de Muhammad Ali, com elegante simplicidade, aplica precisos ganchos e diretos na cara dos preconceituosos, e tantos que o árbitro já abriu contagem.
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Copiei de Walter Silva

Os conservadores na Espanha brigaram pela "posse" da palavra "casamento".
Eles se recusam a aceitar que as uniões do mesmo sexo possam assim ser nomeadas.
Há que se chamar de qualquer outra coisa este arranjo, eles vociferam, mas não "casamento", expressão reservada somente para a relação entre um homem e uma mulher.
Mas o que é que define um casamento? A diferença de gênero que resultará em
filhos?
Em inúmeros textos do ocidente pré- moderno o casamento é descrito freqüentemente como um relacionamento não biológico de longo prazo, íntimo e exclusivo, de partilha de bens, juramentos de fidelidade e sacrifícios de amor em prol do outro, além dos filhos é claro.
Todas essas características, no entanto, são encontradas em casais do mesmo sexo.
No "Simpósio" de Platão, o professor de Sócrates, Diotima, argumenta que casais do mesmo sexo também são procriadores; com efeito, casais gays podem dar nascimento a livros, idéias, instituições e obras de arte que os tornarão imortais, beneficiando a humanidade por muito tempo, assim como os pais heterossexuais tornam-se imortais nos filhos, perpetuando a espécie.
Será que o amor entre casais do mesmo sexo é porventura um "amor menor"?
Alan Bray documentou em seu livro "The Friend" inúmeros exemplos de casais do mesmo sexo ao longo dos séculos que decidiram ser enterrados juntos na mesma tumba, uma prática reservada para os familiares consangüíneos; estes túmulos revelam a profunda afeição e amor duradouro entre esses casais.
Na igreja dos dominicanos, em Istambul, por exemplo, repousam os corpos de Sir William Neville e Sir John Clanvowe, enterrados ambos no ano de 1391; "The Westminster Chronicle" informa que Neville morreu de tristeza apenas quatro dias após Clanvowe, "a quem ele amava mais do que a si mesmo".
No túmulo de mármore, os brasões das armas são idênticos, e há um par de elmos simulando um beijo.
Ou será que os gays pretendem imitar os heterossexuais com essa história de "casamento", conforme apontam os críticos opositores (incluindo aí certos teóricos queer)?
Há uma longa tradição ignorada de rituais públicos de abençoamento do mesmo sexo, de troca de votos, presentes, banquetes, gestuais de intimidade tais como mãos dadas e testemunhas invocando poderes humanos e divinos. Existem também boas evidências de que os rituais que celebram o amor e a amizade do mesmo sexo influenciaram profundamente o matrimônio do sexo oposto.
O "saptapadi" é um importante ritual hindu de casamento, comumente chamado de Gandharva; os noivos dão sete passos juntos em torno de um fogo e a cada passo dado um verso védico é recitado.
Os filhos não são mencionados nestes versos, que enfocam o casamento como um fim em si mesmo, e não um meio para a procriação; no sétimo passo, que completa o ritual, o noivo se dirige à noiva como "sua amiga" e pede que ela seja sua "saptapada", aquela que deu sete passos com ele e recitou sete versos. Fica evidente que o ritual de casamento para unir homem e mulher é uma construção baseada na relação de amizade romântica do mesmo sexo; no épico sânscrito Ramayana, quando o rei Rama e o macaco Sugriva se tornam amigos, ambos formalizam a união do mesmo sexo trocando votos, guirlandas e caminhando juntos de mãos dadas ao redor do fogo sagrado, que é originalmente a testemunha da união.

Informações extraídas principalmente de Love’s Rite, Ruth Vanita

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