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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Se eu moro num apartamento de 62m2, por que um índio deve ter direito a 87 ha?

Por Allan Patrick
Uma latifundiária, nos dizeres de spam que circula por correio eletrônico e nas redes sociais.
Um dos tantos spams (mensagens eletrônicas, não-solicitadas, enviadas em massa) que circulam por aí demonstra grande indignação porque o cidadão X, que paga seus impostos e reside num apartamento de 62m2 numa grande cidade brasileira, deve tolerar que um povo nativo do Brasil (no popular, índios), ocupe imensas áreas como reservas. O texto segue argumentando que, na Raposa Serra do Sol, em Roraima, há 20 mil índios para 1.743.089 hectares, ou seja, 87,15 hectare por cada nativo! Um verdadeiro absurdo, “um imenso latifúndio”, conclui o texto.
Será mesmo? A comparação está correta, 62m2 do “cidadão de bem” urbano versus 87 hectares do índio “arruaceiro” e “improdutivo”?
Vamos fazer alguns cálculos. O cidadão urbano toma, todo dia, um belo e gostoso banho usando seu chuveiro elétrico de 5 KW. Vamos supor que a energia utilizada para fazer funcionar esse chuveiro venha da usina hidrelétrica de Balbina, localizada na Amazônia. O lago de Balbina ocupa 2.600 km2 (algumas fontes apontam para 2.360 km2, outras informam que pode chegar a 4.438 km2). Em condições ideais, com potência máxima, a usina gera 250 MW, embora a potência média gerada seja de 120 MW e a potência firme (nas condições mais adversas), seja de apenas 63 MW. Isso significa que, em condições quase ideais, temos:
250 MW de potência para 2600 km2 de área ocupada, ou seja, 0,09615 MW/km2, que, para facilitar a leitura, podemos converter para 96,15 KW/km2. Se o parâmetro for, como já sugerimos, um chuveiro elétrico mediano de 5 KW de potência, chegaremos ao número fatídico de que cada km2 de área inundada suporta apenas 19,23 chuveiros. Ou, para deixar esse dado ainda mais claro, cada chuveiro ligado corresponde a uma área inundada de 52 hectares.
Então, a questão que eu faria é: se nós, seres urbanos, podemos chegar a ocupar 52 hectares só pra tomar um banho, qual o mal em um brasileiro dos povos originários ocupar 87 hectares para todas as necessidades de sua vida?
P.S.: adicionalmente, Balbina gera 10 vezes mais CO2 que uma usina a carvão de mesma capacidade.

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