SOBRE O BLOGUEIRO

Minha foto
Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 12 de maio de 2013

No Dia Das Mães, homenagem a Sonia Fernandes do Nascimento e a todas as Mães Pela Igualdade

Para Sonia Fernandes do Nascimento
IMG_0984.JPG
Jean, Nayre e Sonia
---xxx---
Copiei de Maju Giorgi, Mãe Pela Igualdade

Sonia Fernandes do Nascimento, Angela Moysés, Luiza Ribeiro Habibe, Lilia Arruda, Maria Auxiliadora Ferreira, Délia Short, Graça Cabral, Georgina Martins, Sônia Santochi, Nena Goulart, Márcia Nunes, Angélica Ivo, Edith Modesto, Tânia Regina Grossi Arnaut, Eleonora Pereira da Silva, Hélia de Miranda Glória, Sônia Fernandes do Nascimento, Maria Claudia Canto Cabral, Eliana Simões Furquim Horch, Leila Novak, Marise Felix da Silva, Licia M. Carvalho, Silvana Machado, Mirna Gonçalves, Maria das Graças Cardoso,Clarice Cruz, Rosani Silveira, Maria Luiza Leão Antonucci, Terezinha Ferreira de Lima, Monica Baszynski, Angela Maria, Elizabeth Barcelos, Maria Assunção dos Santos da Silva, Maria Cristina Hollanda, Lilian Guarino, Vania Careli, Maria de Lurdes Teles, Marília dos Santos, Ecclécia Maria da Penha Capeletto, Paola Zini Vieira, Angela Albertina Frend Vargas Pareto, Doralice Fonseca, Pérola Rosana De Lucca, Beatriz Engel, Maria de Jesus Cruz, Diva Melo.

“Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele” (Martin Luther King)

Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela sua sexualidade.


 
Esses dias, minha amiga Lígia Ramos, que não é mãe de gay, mas que tem a lógica e a justiça a flor da pele disse: SER MÃE DO NORMAL É MUITO FÁCIL !!! Verdade, Lígia, não sei se é fácil, mas tenho certeza que é infinitamente mais fácil que ser mãe do diferente. É óbvio que vou homenagear neste dia das mães, a mãe dos LGBTT.
A mãe de um LGBTT é aquela que percebeu a sexualidade do filho já na inocência da infância e para qual ninguém precisou avisar que sexualidade é condição. Aquela que apesar da certeza absoluta da inocência, lê tratados de genética, psiquiatria, psicologia e direito diariamente para saciar sua fome por justiça e para se armar com uma cartucheira de argumentos. É aquela que viu seu lar, sua família, sua estabilidade, ameaçados, que se viu entre pai e filho, entre filhos e muitas vezes ainda teve o requinte de forças externas levianas tentando se aproveitar da sua crise para destruir sua família, mas mesmo assim não se rendeu.
 
Aquela que viu o filho sofrer bulling desde muito pequeno e que se transformou em redoma. A que chorou sozinha e sofreu por dois, por três, por quatro. As que tiveram seus casamentos desfeitos pelo machismo e a homofobia, ou quase isso, mas que não se dobraram. As que são julgadas pelos arautos da moralidade diariamente, apenas por desempenhar e muito bem o papel que Deus lhes deu: ser mãe. As que aceitaram serenamente, ser excluídas da sua religião junto com os filhos por terem a mais absoluta certeza da sua inocência e não se renderem nem diante de dogmas milenares e ameaças de fogo eterno. Aquela que já viu um adolescente hétero (Oh, God, quanta superioridade) da família (imposta), debochar abertamente do seu filho numa rede social e preferiu quebrar as malditas algemas sociais junto com ele do que fingir que não viu e mais uma vez calar.
 
As que já viram o filho ser constrangido em público. Que viram a filha apanhar na rua. Aquelas, que faço representar aqui por Angélica Ivo e Eleonora Pereira da Silva, que viram os filhos, quase crianças, serem torturados e mortos pela homofobia, e mais que não se renderem, fazem da dor e da lembrança dos seus, combustível e se levantam todos os dias para defender os outros filhos. Aquelas que de tão traumatizadas com a rejeição, desenvolveram síndrome do pânico, depressão, fobia social e todas as outras sequelas da homofobia. As que perceberam que o colo, o carinho, a atenção e o amor deveriam se multiplicar para acolher a grande maioria rejeitada por suas próprias mães (?).
Aquelas que são obrigadas a ler na imprensa que são matrizes de cabras e sementes de espinafre, sendo reduzidas ao mundo animal e vegetal e sendo sumariamente sacadas da raça humana. As que veem os direitos do filho se transformarem em joguete nas mãos de um Poder Legislativo asqueroso e de um Executivo omisso e rendido. As que são obrigadas a conviver com a liberdade de expressão de fundamentalistas e letristas em formato de pastores e seguidores acéfalos que não são capazes de respeitar nem a maternidade, nem a relação mãe e filho e cospem sua intolerância em forma de labaredas de LEVIANDADE!
As que veem os filhos serem resumidos a uma sexualidade e o que fazem na cama se sobrepor a todas as suas qualidades. As que olham nos olhos dos filhos tentando enxergar alguma coisa errada e só conseguem ver doçura. As que aceitam e acolhem o companheiro do filho como se fosse seu próprio filho. As que anseiam pelos netos e colocam úteros e corações a disposição. As que como eu se orgulham dos filhos e até esse sentimento veem questionado. As que não dormem a noite quando os filhos saem às ruas do país campeão mundial em crimes homofóbicos e que escutam a todo o momento que HOMOFOBIA NÃO EXISTE, mesmo quando seu próprio filho foi perseguido por pittboys no meio da Faria Lima, o da sua amiga teve 2 pittbull jogados em cima dele, o amigo do seu filho apanhou na porta do restaurante , um menino levou uma lâmpada nos olhos na avenida mais movimentada da sua cidade , e todos os dias nos chegam noticias de mortes, torturas, espancamentos.
 
Aquelas que conhecem o anseio do coração dos filhos e mesmo assim são obrigadas a vê-los com tarjas e rótulos de doentes, promíscuos, prostitutos e pedófilos. Que olha aquela quase criança colocando a mesa do jantar para ajudar e quando abre o jornal, vê os LEVIANOS, comparando a sua criança a bandidos, assassinos, drogados, zoófilos e necrófilos. Aquelas que veem seus filhos sem direitos civis, sem proteção do estado à mercê dos amoladores de faca e da homofobia que a cada dia é mais assustadora. As que não dormem a noite por verem a integridade física e moral dos filhos, constante e dedicadamente ameaçadas e mais que não se renderem, guardam o medo no bolso, transformam a indignação em luta e honram a palavra.
 
Mãe. Sim… essas mães merecem a minha, a nossa homenagem. São essas guerreiras destemidas que estão abrindo o caminho seguro para os meninos e meninas LGBTT. São Angela Moysés e Luiza Ribeiro Habibe, segurando as velas vigília após vigília. Edith Modesto e seu trabalho pioneiro e maravilhoso junto aos pais de LGBTT. Délia Short, que saiu do armário antes que o filho e faz sua luta diária desesperada e solitária. Lilia Arruda que mesmo doente marca presença nos protestos de microfone na mão. Georgina Martins que se armou de coragem para questionar a escola do filho. Maria Assunção dos Santos Silva e suas orações a Nossa Senhora. Terezinha Ferreira de Lima e Márcia Nunes que acolheram os netos adotivos como seus, nos dando uma lição de puro amor.
A todas que rasgam suas vidas em público na luta LGBTT . E cada uma que a sua maneira está dando sua colaboração para um mundo melhor para todos os nossos meninos e meninas merece a nossa homenagem sincera e comovida. Nós somos sim famílias. Famílias que se mantiveram unidas pelo amor apesar de toda cena adversa. Não somos gaysistas, não somos militantes, somos MÃES. Comunidade LGBTT, sinta-se amada e protegida, vocês tem sim mães lutando por vocês. Nossa luta não será inglória tenham a certeza, porque nossa arma é o amor e a razão. Sim, Lígia Ramos ser mãe do normal é muito mais fácil.
PARABÉNS MÃES COLORIDAS !!!
PS: E já aviso aos letristas , fundamentalistas e homofóbicos frequentadores da minha coluna que, em respeito às nossas famílias , desta vez não vou permitir nenhum comentário homotransfóbico neste espaço.

Nenhum comentário: