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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Brasil, Nação Chororô

Copiei de Recordar, Repetir e Elaborar

O assunto deixou de ser as biografias. O assunto agora é outro: nosso eterno e indignado chororô way of life.

No Brasil, ninguém é famoso nem tem espaço na mídia. Pergunte a quem Procura Saber. Ninguém ali tem prestígio, poder, reconhecimento nem tampouco dinheiro para contratar excelentes advogados. São todos pobres artistas da música popular à mercê de biógrafos inescrupulosos que certamente não perderão a chance de caluniá-los.

No Brasil, ninguém é rico. Experimente perguntar àquele seu conhecido bem de vida que tem um BMW na garagem e dois apartamentos de um milhão cada. Ele lhe dirá que rico mesmo é o Antonio Ermírio de Moraes. Ele, não. Ele acorda todo dia às seis da manhã para pegar no batente e não tira férias há dois anos. Ele é apenas esforçado e trabalhador. Rico é outra coisa.

No Brasil, ninguém é latifundiário. Pergunte a qualquer deputado da bancada ruralista. Ele é apenas um produtor rural que tenta fazer o seu trabalho honestamente num pedacinho insignificante de terra. Latifundiários mesmo são os índios, que detêm 30% das terras do Brasil e são menos de 1% da população.

No Brasil, ninguém é racista. Aqui, não precisa perguntar a mais ninguém: basta perguntar a si mesmo. Eu? Como assim eu sou racista? Racistas são o Feliciano, o Walcyr Carrasco e o Bolsonaro, que tem um sogro “quase negão”. Já eu tenho amigos que são negões de verdade!

No Brasil, em suma, ninguém é privilegiado. Somos uma nação de coitadinhos sacaneados e vilipendiados – pelos biógrafos que não deixam nossa privacidade em paz, pelos índios que não nos deixam fazer hidrelétrica e plantar soja, pelos negros que não nos deixam passar no vestibular. E olha que nem cheguei a falar dos gays que não nos deixam ter orgulho hétero e das mulheres que não nos deixam fazer fiu-fiu!

Espero que os orixás não tenham piedade nenhuma de nós.

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