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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Eu sou gay. Entenderam ou tenho que desenhar mais uma vez?

Indispensável. Divido com meus praticamente 9 leitores este texto magnífico de Ely Veríssimo, que copiei de Maju Giorgi, inoxidável amiga e Mãe Pela Igualdade.

Eu sou gay. Não sinto atração física por pessoas do mesmo sexo que eu, mas sou gay. Não sofro todos os dias ofensas e risinhos dos colegas de trabalho, mas sou gay. Não corro o risco - ou talvez corra - de ser surrado nas ruas de madrugada por ser homossexual, mas sou gay. Não tive que explicar, constrangido, pro meu pai ou minha mãe, que gosto de pessoas do mesmo sexo e que isso é apenas a minha forma de amar, que não há nada de anormal nisso, mas sou gay. Nunca tentaram me levar pra uma igreja neopentecostal e expulsar de mim o demônio do pecado pra que eu fosse curado do homossexualismo, mas sou gay. Nunca fui chamado de afeminado e de jogador de frescobol, mas sou gay. Nunca disseram, em voz alta na sala de aula e com voz melosa o meu nome, mas sou gay. Nunca tentaram passar a mão na minha bunda pra saber seu eu iria gostar ou reagir, mas eu sou gay. Nunca fui cercado por um grupo de machões - na verdade, homossexuais enrustidos, e com medo de que eu os revelasse por ser igual a eles - e espancado até a beira da morte, mas eu sou gay. Nunca tive que explicar para um policial que fui surrado por ser gay e ter que suportar dele o riso de deboche, enquanto ignorava completamente minha queixa e adulava meus agressores, mas eu sou gay. Nunca tive vontade de dar cabo minha vida porque não podia ser o que eu sou, sem sofrer todo tipo de execração pública de grupos políticos e religiosos sectários e que tentam infundir em mim e naqueles iguais a mim, uma vergonha tão grande de ser, que a morte parece uma saída melhor e mais doce, mas eu sou gay. Eu não sofri estas coisas na pele, mas eu as sofro todos os dias na alma ao ver estes absurdos cometidos por gente que se diz servo de Deus, guardiões da moral e da família, defensores dos bons costumes, contra pessoas que só querem o direito de amar e serem amados. Eu sou gay.

Ely Veríssimo, Diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça Federal

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