SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sábado, 29 de novembro de 2014

Santa Anfilóphia da Governabilidade, rogai por nós!

Copiei a imagem daqui
Nem pense nisso!

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Copiei de Maria Fernanda Arruda

Se ninguém percebeu, o fanatismo governista criou um novo critério para o absurdo. Deixou-se de considerar uma coisa absurda por ser "contrária à razão", como nos ensinaria o titio dicionário. Absurdo, agora, é um adjetivo que denota a origem da medida e não a racionalidade dela. Em outras palavras, o que vem do governo jamais será tido como absurdo. Absurdo é o outro, absurda é toda alternativa.

Há um mês, Kátia Abreu e Joaquim Levy seriam nomes absurdos para o ministeriado. Pareceriam oriundos de uma lista que petistas lançaram com falsos nomes de possíveis ministros de um governo Aécio(na verdade, Kátia Abreu é ainda mais estrionicamente ruralista que o Eduardo Sciarra, que estava em tal lista, e Armínio Fraga e Levy se equivalem em muitos e muitos sentidos). Mas, uma observação mais aprumada nos mostra que não são nomes absurdos, afinal, vieram do governo. O governo deveria, aliás, fornecer um carimbo de não-absurdecência, a ser marcado nas testas dos novos ministros, um "selo inmetro de concessão autorizada pelo discurso da governabilidade". Facilitaria os blogs petistas saberem o que dizer sobre o ministeriado.

A opinião deixa de ser um espaço construtivo e torna-se um espaço reativo. "Você é contra ou a favor de X?" "Espera um pouco, deixa eu googlear o que a Dilma pensa sobre o assunto" virou uma conversa plenamente plausível nos dias de hoje. O juízo deixou de ser uma atividade investigativa de nosso íntimo para ser uma busca pela fonte governamental da razão. Pensar passou a ser a busca pela opinião do governo. E graças aos céus, temos o google para nos ajudar a pensar.

Ou, ou, ou, talvez, quem sabe, absurda seja outra coisa. Precisamos comprometer os petistas a declararem, afinal, qual o limite intransponível da direitice. Qual medida, mesmo que tomada pela Dilma, é absurda num governo que se diz de esquerda? Qual o reductio ad absurdum tão absurdo que supere qualquer possibilidade de justificação de origem? Por incrível que pareça, tem gente afirmando que o fim do auxílio desemprego é uma medida de esquerda! Tem que ter um critério, não é possível. Até o mais anti-moralista dos humanos, aquele que nega com todas as forças a bipolaridade "bem vs mal", sabe que atropelar uma criancinha carregando um bebê-foca é algo maligno. Em suma, qual o atropelamento de bebê-focas das medidas de governo?

Não, não se trata de uma luta para transformar a sociedade. É apenas uma disputa para manter-nos capazes de conversar com nossos amigos petistas.

Desabafo!

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