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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Nota Pública sobre as reincidentes tentativas de criminalização da Professora Marlei Fernandes de Carvalho por Beto e outros membros do governo


Copiei da APP

"O mundo ao avesso nos ensina a padecer a realidade ao invés de transformá-la, a esquecer o passado ao invés de escutá-lo e a aceitar o futuro ao invés de imaginá-lo: assim pratica o crime, assim o recomenda. Em sua escola, escola do crime, são obrigatórias as aulas de impotência, amnésia e resignação." [1]

Somos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, somos cidadãos e cidadãs vivendo num estado democrático, cumpridores/as de nossos deveres e cientes de nossos direitos. E um desses direitos é o de participar livremente da vida política, sindical e partidária, que a Democracia pela qual lutamos tanto, nos garante.

Negamos-nos a sofrer a realidade de desigualdade e injustiças históricas em nosso País, por isso nos organizamos e trabalhamos para transformá-la, por isso organizamos sindicatos, partidos, que possam, mesmo em situação absolutamente assimétrica de disputas, participar dos processos eleitorais buscando fazer com que as demandas da classe trabalhadora, daqueles que vivem do trabalho, tenham eco e lugar nos espaços de poder legislativo. Queremos leis que ampliem direitos, que garantam Justiça Social e igualdade entre todo o povo brasileiro.

Somos legalmente filiados a sindicatos e nossos sindicatos são legalmente filiados a centrais sindicais. A APP-Sindicato é filiada a Central Única dos/as Trabalhadores/as – CUT, por decisão legal e legítima de sua categoria desde 1995. Que trabalhadores e trabalhadoras disputem eleições gerais em nosso País é fato relativamente novo em nossa democracia tão recente e tão tardia.

País de tradição colonizada e escravocrata ainda nos debatemos com elites que são antinacionais e anti-povo e que ainda guardam reminiscências e muita nostalgia dos tempos relativamente recentes da Casa Grande e da Senzala. Elites que não lidam bem com a  participação do povo nas decisões importantes que afetam sua vida, que não lidam bem com a democracia a qual dizem respeitar mas só no discurso. Discurso sempre negado por suas práticas.

O governador do Paraná, Carlos Alberto Richa tem reiteradas vezes afirmado que os confrontos das duas greves que tivemos, em 2014 e agora em 2015, devem-se a um suposto incorformismo da Professora Marlei, que, sendo filiada ao Partido dos Trabalhadores/as e tendo sido candidata a deputada federal e não ter sido eleita, usaria os trabalhadores da educação como massa de manobra para vingar sua não-eleição. O deputado Romanelli chega a afirmar que toda essa mobilização das duas dezenas de sindicatos que compõem o FES, teria a mesma motivação e que “alguém teria que parar a Marlei”, segundo afirmou.

Essa tentativa de criminalização, que parte do governo (mas também de setores da esquerda que veem na criminalização do PT uma tática amplamente ancorada no discurso da mídia golpista como meio de ampliar seus espaços de poder), só revela e reafirma ainda mais o caráter autoritário, elitista e preconceituoso desse governo. Seus ataques negam o direito de nossas lideranças sindicais de trabalhadores podermos disputar eleições. E fazem isso ao mesmo tempo em que ampliam a participação de famílias inteiras das oligarquias do Estado do Paraná nas estruturas do Legislativo, do Judiciário e do  Executivo. Partem do princípio de que trabalhador/a, sobretudo os/as com forte consciência de classe, não devem ser candidatos/as. No entanto, se forem lideranças sindicais de entidades patronais, com certeza será reconhecido como algo belo, bom e justo. Por isso não se veem criticas a ex-presidentes da Fecomércio ou Fiep,  Fiesp candidatos ao poder executivo e legislativo e presentes no judiciário.

Vimos publicamente repudiar esse método fascista de ataques pessoais, tentativas de desqualificar e de criminalizar atos praticados dentro da mais absoluta legalidade e garantidos pela Constituição Brasileira. O elitismo do governo Beto Richa, que tem a família inteira instalada no Poder, não consegue disfarçar seu mal estar e seu desprezo pela participação das lideranças de trabalhadores nas disputas eleitorais.

De bom grado essas oligarquias voltariam aos tempos do voto censitário e da proibição de voto para as mulheres, para os negros e para os pobres. Vimos publicamente reafirmar o direito pleno de todo/a trabalhador/a a se candidatar, a votar e ser votado. E reafirmamos nossa disposição de lutar por uma Reforma Política que garanta Financiamento Público de campanha, voto em lista e paridade de gênero dentre outras reformas pelas quais lutamos a nossa vida.

Manteremos viva nossa memória do passado que não queremos que retorne, e não aceitaremos o futuro que os donos do capital oferecem para os/as trabalhadores/as. Seguiremos em marcha e em luta para transformar essa realidade, transformar nosso País. E seguiremos mantendo viva nossa utopia apesar da sua tentativa de criminalizar nossos direitos e criminalizar a participação dos trabalhadores nos processos eleitorais também como candidatos e não apenas como eleitores. Vocês não nos representam, representam nada mais que seus próprios interesses de classe. 

Não esperem de nós nem impotência, nem amnésia e nem resignação. Nossa luta será para ampliar nossa participação nos espaços de poder e mais que isso: para transformar esses espaços, para democratizá-los, para que de fato representem a maioria da população: aqueles que vivem do trabalho, os que produzem a riqueza da sociedade, que constroem o Brasil: a Classe Trabalhadora.

Cada vez que vocês  criminalizam e culpabilizam a Professora Marlei, mais nos fazem lembrar do quanto nos querem longe de certos espaços de decisão. Nossa resposta é essa: repudiamos essa campanha difamatória, pois não há nenhuma ilegalidade e nenhum desvio ético em ser sindicalista, estar num sindicato filiado a uma Central Sindical e disputar eleições numa Democracia. É a saudade do passado escravista que os impede de reconhecer e respeitar esse fato. Escravismo e misoginia:

“En la vigilia y en el sueño, se delata el pánico masculino ante la posible invasión femenina de los vedados territorios del placer y del poder; y así ha sido desde los siglos de los siglos”.[2]

Pois que respeitem nosso direito e acostumem-se: a classe trabalhadora vai avançar em processo de consciência e ocupar, cada vez mais, o lugar que lhe cabe na História e na vida política do País que é de todos. E de todas.

[1] Eduardo Galeano, "De Pernas para o Ar - A Escola do Mundo ao Avesso"

[2] Eduardo Galeano, “De pernas pro ar: A Escola do Mundo ao Avesso”.

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