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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Merda no ventilador: violência, gênero, lesbofobia

Copiei de Luana Costa
1. Vou tentar tirar todas as dúvidas que a mim tem sido direcionadas nos últimos dias. Eu tava tentando me esconder, contando pela metade, sentindo sei lá - vergonha do jeito que as pessoas na rua olhavam pra mim. E na real: foda-se. Eu não tenho que sentir vergonha desse olho (que garanto, pessoalmente ta infinitamente mais bizarro com uns bagulho estourado na esclerótica). E aí vou tentar juntar tudo aqui pra compartilhar com minhas manas, minha família, todas as companheiras que senti vontade de abraçar e os macho escroto gggg que eu to ligada que precisam de um choque de real Emoticon heart 

2. Minha virada de ano foi incrível: acompanhada de pessoas que gosto com uma energia maravilhosa. Até eu me sentir livre o suficiente para, depois de pular minhas 7 ondinhas, entrar no mar acompanhada e entender que, na verdade, não. Que na verdade não, acham que o meu corpo não é meu, e se eu não me pertenço, minha liberdade sexual é, no mínimo, uma falácia.
E é isso: passaram dois caras. Pararam. Acharam massa incomodar... Apareceram mais quatro.
"Se você quer ser homem, vai apanhar como um", ela ouviu como já ouviu durante muito tempo e como já apanhou durante muito tempo. Eu me enfiei na frente, não queria que ela ouvisse. Não de novo. Apanhei junto. Puxei quatro deles pra conversar e ela não ouvir mais. Ela apanhou mais.
Um casal de amigas que estavam conosco entrou no rolê e se fodeu também - uma delas levou na cara. Mais uma. Só mais uma.
E o que muda agora?

3. Sim, depois de dois dias, a gente criou coragem e se preparou pra um possível tratamento de merda na delegacia da mulher. E não é que, opa, não foi tão ruim assim?!
"Vocês acham que o que aconteceu foi relacionado a orientação sexual de vocês?", "Qual o seu gênero, >andreógena<, feminino, masculino...?", "E qual sua orientação sexual? Lésbica?! Ah, homossexual...", "E além disso, aconteceu alguma outra coisa?"

4. Sei lá, sabe, eu poderia escrever MUITA coisa a respeito do que rolou e como eu to me sentindo em relação a isso. Mas to ligada que a merda poderia ter sido MUITO maior, e tem mana que passa por coisa mais fodida, não pode nem se autoafirmar, todos os dias, em todos os lugares... É só foda. Foda demais.
Então assim: não, não ta tudo bem.

5. E aí, àquele escroto que acertou a gente e me falou que "o problema não é você, linda", eu queria dizer que sim, o problema também sou eu. Eu sou tão lésbica quanto ela. E que linda, a primeira mina que ele acertou, é muito. É linda demais, e eu tô extremamente agradecida por, já que isso teve que acontecer, ter rolado com ela: sapatão convicta, lésbica resistente, mina que apanhou enquanto mina, levantou enquanto mina, cuidou de mim com o braço fodido na tala enquanto mina, e que é muito dona de si pra que digam o que ela é ou deveria ser. E ela só é incrível.

6. Quanto ao silenciamento: espero que entendam porque eu bato tanto nessa tecla em qualquer espaço político que eu ocupo. Não é à toa que eu decidi jogar essa merda no ventilador. 

AVANTE, SAPATÃO!

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