SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Anotações sobre a utilidade dos meus poemas

Meus poemas já foram úteis

Hoje escorrem lentos
Pelas frestas da vida
Gotejando tédio e sangue

Hoje andam abúlicos
Pelas vielas dos mortos
Tropeçando em bêbados

Hoje olham vazios
As sujeiras humanas
Morto olho de vidro

Hoje murmuram signos
Nos murais da aldeia
Ninguém lê ou entende

Hoje silenciam murchos
Como velhos rotos
E suas memórias de vento

Hoje rezam devotos
Nas igrejas de cura
Inútil fé apodrecida


Hoje assentam tijolos
Paredes incertas
Erguidas para a queda

Hoje pintam quadros
Mortas as naturezas
E tudo fede

Hoje estripam-se
Vísceras expostas
Mas os olhares desviam

Hoje meus poemas são inúteis

Um comentário:

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Amigo, todos poemas são úteis. Todos versos são proféticos. Gosto da sua produção ácida e verdadeira. Também escrevo e de vez em quando entre os meus versos me encontro sem daída. Pulo muros, abro buracos na parede, mas não desisto! Abraços!