Copiei do Blog de Um Sem-Mídia
NOTA DO MOVIMENTO MÉDICOS UNIDOS
Inicialmente prestamos nossa homenagem a Dona Marisa Letícia, falecida hoje no Hospital Sírio e Libanês em São Paulo, expressando nossa solidariedade a toda a sua família e inúmeros amigos e antigos companheiros.
Dona Marisa foi uma ilustre cidadã brasileira, operária, sindicalista, militante política, mãe de família e dona de casa, primeira-dama do Brasil durante 8 anos.
Como médicos, também nos solidarizamos com sua família e lamentamos sua partida precoce, aos 66 anos, vitimada por um acidente vascular cerebral, provavelmente atribuível, pelo menos em parte, ao enorme processo de estresse pessoal a que a paciente vinha sendo submetida nos últimos dois anos. Assistimos com estarrecimento à manifestação e comportamento de diversos colegas de profissão durante o triste episódio da internação e morte de Dona Marisa.
A médica que divulgou imagens da tomografia cerebral da paciente; o médico que se manifestou em redes sociais dissertando sobre o método que garantiria o fracasso da terapêutica e aceleraria a morte; redes sociais de médicos fazendo troça com a imagem do defeito físico do marido da paciente, o ex-presidente Lula, comprazendo-se com o momento de dor do familiar.
Os exemplos são, infelizmente, inúmeros, constituindo um triste monumento iconográfico ao ódio, à intolerância e à absoluta incapacidade ética e humanista para tais profissionais exercerem a medicina. A medicina não é uma profissão melhor que nenhuma outra. Todo trabalho humano é digno, e capaz de produzir o sentimento de orgulho e pertencimento ao esforço comum dos seres humanos em melhorar a vida e buscar a felicidade. Por isso, é preciso respeitar, proteger, dignificar o trabalho, nas inúmeras esferas da atividade humana.
Não sendo melhor que nenhuma outra, a medicina tem, entretanto, especificidades que lhe são essenciais. O médico escolhe esta profissão em nome da defesa da vida, não da morte. Da reabilitação, não da desqualificação e do estigma. Da dignidade do paciente, qualquer que seja ele, não do desrespeito e ofensas.
Justamente por lidar com o cuidado a pessoas fragilizadas pela situação de doença, não se concebe um médico que não tenha uma visão humanista e solidária, empática, com o sofrimento.
Isto não tem relação com a posição política do médico. Como qualquer cidadão, ele terá suas escolhas ideológicas, sua visão de mundo, suas perspectivas de projeto de vida, sua filiação a segmentos partidários. De direita, de centro ou de esquerda. De apoio a projetos autoritários de condução da política. De desacordo radical com o modo de conceber a política dos partidos de esquerda. É um direito de todos terem e manifestarem suas posições políticas.
Mas não se deve reconhecer o direito, em nenhum cidadão ou cidadã, de nenhuma profissão, de expressarem suas posições políticas através do ódio, preconceito e intolerância. Isto se torna mais grave quando o cidadão que é médico lança mão de argumentos de sua profissão para expressar este ódio.
Vivemos no Brasil um caldo de cultura de ódio e intolerância, acentuados vertiginosamente a partir de 2014, e vinculados a um debate político que não se dá no plano da política, mas sob a forma de guerra, confronto, desqualificação das diferenças do outro.
Esta cultura do ódio e intolerância é nutrida e sustentada pela inaceitável coalização de parte de instituições do Estado (Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal) com os grupos dominantes da mídia, sob liderança do conglomerado Globo de rádio, TV e jornais.
Ações espetaculares de exposição vexaminosa de pessoas sob investigação, e o fornecimento de material sigiloso para ampla divulgação em telejornais são ferramentas de disseminação da intolerância e alienação.
A narrativa, repetida obsedantemente, de desqualificação da política e do pensamento de organizações de esquerda e dos movimentos sociais, produz as condições materiais e objetivas sem as quais os efeitos da psicologia de massas do ódio e da intolerância não teriam emergido da forma tão assustadora como vem ocorrendo no Brasil.
Mas os determinantes políticos e institucionais da disseminação da cultura do ódio e intolerância não absolvem os indivíduos da responsabilidade por seus atos. Os médicos que disseminam e propagam esta cultura são responsáveis pelo que fazem. Infringem a ética das relações humanas, e a ética da profissão médica.
Cabe aos Conselhos Regionais e Nacional de Medicina saírem de sua posição contemplativa, e assumirem a responsabilidade de zelar pela ética da profissão médica.
Porém, mais do que uma tarefa de conselhos profissionais, cabe a todos nós, médicos e cidadãs e cidadãos brasileiros, iniciarmos um amplo movimento de reconstrução das bases solidárias e humanistas da sociedade.
Antes que seja tarde demais.
Rio de Janeiro, 03 de fevereiro de 2017
MOVIMENTO MÉDICOS UNIDOS
NOTA DO MOVIMENTO “MÉDICOS PELA DEMOCRACIA” EM DEFESA DA ÉTICA E HUMANISMO NA MEDICINA
(Em repúdio a atitudes intolerantes e agressivas de colegas médicos relativas ao padecimento, agonia e morte de Dona Marisa Letícia Lula da Silva)
Nós, Médicos pela Democracia, defendemos que a Medicina seja exercida com ética, humanismo e compaixão ativa no cuidado com o ser humano. Para isto é preciso observar quatro princípios da Bioética: a autonomia, respeitando as escolhas do paciente, sempre que possível, ou da família, quando de sua incapacidade de decidir; beneficência, que se refere à obrigação ética de maximizar o benefício do ato médico e minimizar o prejuízo; não-maleficência, que proíbe infringir dano deliberado, evitando agravos à saúde do paciente; justiça, que é a obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é correto e adequado e dar a cada um o que lhe é devido.
Temos que observar um quinto princípio fundamental, previsto no Código de Ética Médica-2009: “o médico guardará sigilo a respeito das informações que tenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em Lei”.
Defendemos, portanto, que o exercício da Medicina seja uma celebração à vida, às relações humanas solidárias, numa prática amorosa da compaixão ativa, na busca da superação do sofrimento físico e psíquico das pessoas que suportam agravos à sua saúde.
Por defendermos estes princípios é que, nós Médicos pela Democracia repudiamos veementemente a postura de intolerância, desprezo pela vida e injúria moral por parte de alguns colegas médicos, feitas publicamente em Redes Sociais, ao debochar da cidadã brasileira Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do ex-presidente Lula, quando do seu adoecimento grave, agonia e morte.
Estes colegas, lamentavelmente, expuseram ideias fascistas, zombaram de uma pessoa em grave sofrimento, sendo que um deles propôs omissão de socorro e conduta lesiva que causaria a morte. Que mal Dona Marisa causou a estes raivosos, desumanos e intolerantes médicos?
Nossa indignação e repúdio às atitudes destes colegas nos faz pedir formalmente ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo para iniciar imediatamente processo ético contra estes colegas, por infração ao Código de Ética Médica, assegurando o direito de ampla defesa:
1 – G.A.M. – Reumatologista do H. Sírio Libanês – por divulgar dados sigilosos
2 – P.P.S.F – por repercutir informações de G.A.M. e divulgar Tomografia comentada que seria de Dona Marisa
3 – R.F.H. – Neurocirurgião que propôs “romper o procedimento. Daí já abre a pupila. E o capeta abraça ela”.
Omitimos os seus nomes por exigência do Código de Ética Médica, que recomenda discrição para que a denúncia seja cabalmente aceita e examinada, mas os três são facilmente identificáveis pelas noticias dos jornais de São Paulo.
Em defesa da Ética, do Humanismo e da Compaixão ativa no exercício da Arte da Medicina
Em defesa de uma sociedade justa, fraterna e de paz!
#SomosTodosPelaVida
#MenosÓdioMaisAmor
03 de Janeiro de 2017
Movimento “Médicos pela Democracia”
NOTA DO MOVIMENTO MÉDICOS UNIDOS
Inicialmente prestamos nossa homenagem a Dona Marisa Letícia, falecida hoje no Hospital Sírio e Libanês em São Paulo, expressando nossa solidariedade a toda a sua família e inúmeros amigos e antigos companheiros.
Dona Marisa foi uma ilustre cidadã brasileira, operária, sindicalista, militante política, mãe de família e dona de casa, primeira-dama do Brasil durante 8 anos.
Como médicos, também nos solidarizamos com sua família e lamentamos sua partida precoce, aos 66 anos, vitimada por um acidente vascular cerebral, provavelmente atribuível, pelo menos em parte, ao enorme processo de estresse pessoal a que a paciente vinha sendo submetida nos últimos dois anos. Assistimos com estarrecimento à manifestação e comportamento de diversos colegas de profissão durante o triste episódio da internação e morte de Dona Marisa.
A médica que divulgou imagens da tomografia cerebral da paciente; o médico que se manifestou em redes sociais dissertando sobre o método que garantiria o fracasso da terapêutica e aceleraria a morte; redes sociais de médicos fazendo troça com a imagem do defeito físico do marido da paciente, o ex-presidente Lula, comprazendo-se com o momento de dor do familiar.
Os exemplos são, infelizmente, inúmeros, constituindo um triste monumento iconográfico ao ódio, à intolerância e à absoluta incapacidade ética e humanista para tais profissionais exercerem a medicina. A medicina não é uma profissão melhor que nenhuma outra. Todo trabalho humano é digno, e capaz de produzir o sentimento de orgulho e pertencimento ao esforço comum dos seres humanos em melhorar a vida e buscar a felicidade. Por isso, é preciso respeitar, proteger, dignificar o trabalho, nas inúmeras esferas da atividade humana.
Não sendo melhor que nenhuma outra, a medicina tem, entretanto, especificidades que lhe são essenciais. O médico escolhe esta profissão em nome da defesa da vida, não da morte. Da reabilitação, não da desqualificação e do estigma. Da dignidade do paciente, qualquer que seja ele, não do desrespeito e ofensas.
Justamente por lidar com o cuidado a pessoas fragilizadas pela situação de doença, não se concebe um médico que não tenha uma visão humanista e solidária, empática, com o sofrimento.
Isto não tem relação com a posição política do médico. Como qualquer cidadão, ele terá suas escolhas ideológicas, sua visão de mundo, suas perspectivas de projeto de vida, sua filiação a segmentos partidários. De direita, de centro ou de esquerda. De apoio a projetos autoritários de condução da política. De desacordo radical com o modo de conceber a política dos partidos de esquerda. É um direito de todos terem e manifestarem suas posições políticas.
Mas não se deve reconhecer o direito, em nenhum cidadão ou cidadã, de nenhuma profissão, de expressarem suas posições políticas através do ódio, preconceito e intolerância. Isto se torna mais grave quando o cidadão que é médico lança mão de argumentos de sua profissão para expressar este ódio.
Vivemos no Brasil um caldo de cultura de ódio e intolerância, acentuados vertiginosamente a partir de 2014, e vinculados a um debate político que não se dá no plano da política, mas sob a forma de guerra, confronto, desqualificação das diferenças do outro.
Esta cultura do ódio e intolerância é nutrida e sustentada pela inaceitável coalização de parte de instituições do Estado (Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal) com os grupos dominantes da mídia, sob liderança do conglomerado Globo de rádio, TV e jornais.
Ações espetaculares de exposição vexaminosa de pessoas sob investigação, e o fornecimento de material sigiloso para ampla divulgação em telejornais são ferramentas de disseminação da intolerância e alienação.
A narrativa, repetida obsedantemente, de desqualificação da política e do pensamento de organizações de esquerda e dos movimentos sociais, produz as condições materiais e objetivas sem as quais os efeitos da psicologia de massas do ódio e da intolerância não teriam emergido da forma tão assustadora como vem ocorrendo no Brasil.
Mas os determinantes políticos e institucionais da disseminação da cultura do ódio e intolerância não absolvem os indivíduos da responsabilidade por seus atos. Os médicos que disseminam e propagam esta cultura são responsáveis pelo que fazem. Infringem a ética das relações humanas, e a ética da profissão médica.
Cabe aos Conselhos Regionais e Nacional de Medicina saírem de sua posição contemplativa, e assumirem a responsabilidade de zelar pela ética da profissão médica.
Porém, mais do que uma tarefa de conselhos profissionais, cabe a todos nós, médicos e cidadãs e cidadãos brasileiros, iniciarmos um amplo movimento de reconstrução das bases solidárias e humanistas da sociedade.
Antes que seja tarde demais.
Rio de Janeiro, 03 de fevereiro de 2017
MOVIMENTO MÉDICOS UNIDOS
(Em repúdio a atitudes intolerantes e agressivas de colegas médicos relativas ao padecimento, agonia e morte de Dona Marisa Letícia Lula da Silva)
Nós, Médicos pela Democracia, defendemos que a Medicina seja exercida com ética, humanismo e compaixão ativa no cuidado com o ser humano. Para isto é preciso observar quatro princípios da Bioética: a autonomia, respeitando as escolhas do paciente, sempre que possível, ou da família, quando de sua incapacidade de decidir; beneficência, que se refere à obrigação ética de maximizar o benefício do ato médico e minimizar o prejuízo; não-maleficência, que proíbe infringir dano deliberado, evitando agravos à saúde do paciente; justiça, que é a obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é correto e adequado e dar a cada um o que lhe é devido.
Temos que observar um quinto princípio fundamental, previsto no Código de Ética Médica-2009: “o médico guardará sigilo a respeito das informações que tenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em Lei”.
Defendemos, portanto, que o exercício da Medicina seja uma celebração à vida, às relações humanas solidárias, numa prática amorosa da compaixão ativa, na busca da superação do sofrimento físico e psíquico das pessoas que suportam agravos à sua saúde.
Por defendermos estes princípios é que, nós Médicos pela Democracia repudiamos veementemente a postura de intolerância, desprezo pela vida e injúria moral por parte de alguns colegas médicos, feitas publicamente em Redes Sociais, ao debochar da cidadã brasileira Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do ex-presidente Lula, quando do seu adoecimento grave, agonia e morte.
Estes colegas, lamentavelmente, expuseram ideias fascistas, zombaram de uma pessoa em grave sofrimento, sendo que um deles propôs omissão de socorro e conduta lesiva que causaria a morte. Que mal Dona Marisa causou a estes raivosos, desumanos e intolerantes médicos?
Nossa indignação e repúdio às atitudes destes colegas nos faz pedir formalmente ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo para iniciar imediatamente processo ético contra estes colegas, por infração ao Código de Ética Médica, assegurando o direito de ampla defesa:
1 – G.A.M. – Reumatologista do H. Sírio Libanês – por divulgar dados sigilosos
2 – P.P.S.F – por repercutir informações de G.A.M. e divulgar Tomografia comentada que seria de Dona Marisa
3 – R.F.H. – Neurocirurgião que propôs “romper o procedimento. Daí já abre a pupila. E o capeta abraça ela”.
Omitimos os seus nomes por exigência do Código de Ética Médica, que recomenda discrição para que a denúncia seja cabalmente aceita e examinada, mas os três são facilmente identificáveis pelas noticias dos jornais de São Paulo.
Em defesa da Ética, do Humanismo e da Compaixão ativa no exercício da Arte da Medicina
Em defesa de uma sociedade justa, fraterna e de paz!
#SomosTodosPelaVida
#MenosÓdioMaisAmor
03 de Janeiro de 2017
Movimento “Médicos pela Democracia”
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