SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Por sugestão de meu compadre, inauguramos nossa coluna de piadas infames

ER, notório petroleiro e sindicalista do bando de aparelhadores, vivia sozinho até que, num belo e ensolarado dia, lembrando da sua infância em Ribeirão das Onças, decidiu que sua vidinha seria melhor se ele tivesse um animalzinho de estimação como companhia.

Assim, foi até uma pet shop muito chique e anunciou que queria um bichinho bem bonitinho, mas que fosse incomum. Os caras da loja estranharam aquilo tudo, a angústia, eu preciso de um bichinho, oh, eu estou tão solitariamente solitário, oh, a merda do Paraná Clube permanece na segundona, oh, isso e aquilo, oh, aquilo e isso, mas, depois de algum tempo, o veterinário e o psicólogo de cães – a loja era muito chique, eu avisei – chegaram à conclusão que o animalzinho mais adequado deveria ser um ornitorrinco-de-blog-sujo, macho, já desmamado e vacinado, e com certo grau de independência.

Ocorre que este ornitorrinco específico é especialmente difícil de ser encontrado, já que vive apenas em determinado blog de Antonina, sempre protegido por seu ciumento proprietário.

Pois ligaram para o sujeito e contaram a história toda, que o pobre e solitário petroleiro realmente precisava daquele animalzinho, e cousa e lousa, e ofereceram uma grana lascada e garantiram que o bicho seria muito bem tratado já que ER é um destes sindicalistas aparelhadores da Petrobras, mas não teve jeito, o dono da porra do blog de Antonina não se comoveu com aquela viadagem toda e mandou aquela tropa de gente inconveniente procurar centopéias pernetas e a plantar coquinhos-de-prepúcio-inchado, mas que o deixassem em paz.

Uma das duas luzes que ER possui acendeu em júbilo, sim, uma centopéia perneta é realmente incomum, eu quero uma centopéia perneta, eu quero é uma centopéia perneta, e isso e aquilo, e coisa e lousa, e chora pra cá, e se descabela pra lá, eu quero uma centopéia perneta, albina, e que tenha votado no patife do serra, eu quero, eu quero.

Para encurtar a história e não esgotar a paciência de nossos internautas, encontraram, meus caros, uma centopéia albina e que votou no serra, mas, infelizmente, ela não era perneta. O máximo que conseguiram foi uma com problemas em 35 joelhos direitos, 12 músculos adutores de coxas esquerdas e 56 joelhos esquerdos precisando de uma cirurgiazinha, de modo que o tal bichinho andava mancando de forma malemolente e graciosa, parecendo um militante do partido verde diante de uma acácia-cacetuda-roxa derrubada pelo petismo cortador de árvores. ER, com cara de muxoxo e fazendo a maior barda, aceitou receber o animalzinho, e com o passar dos dias foi se afeiçoando.

Um dia, ER resolveu fazer uma surpresa para sua centopéia albina, manca e que votou no serra, e convidou-a para tomar um vinho tinto seco de uvas tempranillo, e falou com o bichinho, que aliás vivia numa bela caixa de plástico transparente, com dois quartos, banheiro social e play-ground, e fez o convite em voz alta.

Como não viu nenhuma reação, ER perguntou de novo, e de novo, até que abriu a portinhola e perguntou, bem pertinho do centopéia, e falando em voz bem alta: VOCÊ QUER TOMAR UM VINHOTE TEMPRANILLO COMIGO NO BAR DA ESQUINA?

E ela, com cara de enfado, respondeu: QUIOSPARIU, NÃO PRECISA GRITAR, EU ADORARIA TOMAR ESSA PORRA DESSE VINHO COM VOCÊ, QUERIDO ER, MAS O MÉDICO PRESCREVEU-ME UMA POMADA COM CORTICÓIDES E NÃO POSSO TOMAR NADA QUE TENHA ÁLCOOL. E ALÉM DO MAIS, DESDE QUE CHEGUEI AQUI VOCÊ JAMAIS COMPROU AS PORRAS DOS SAPATOS E TÊNIS QUE EU PRECISO, E NÃO IRIA TOMAR UM VINHOTE TEMPRANILLO DE CHINELO VAGABUNDO, MEU PREZADO.

Hoje, ER abandonou a cidade e vive recluso em Ribeirão das Onças, Norte Pioneiro, criando uma espécie de caramujo do banhado, os alfarrábios-de-penacho-esticado. Sem sucesso, diga-se de passagem. Pobre do meu compadre.

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