Você pode
e deve visitar o
Blog do
Reginaldo Gouvea
todos os
dias.
É
difícil, mas necessário.
Sacrifícios
que devemos
todos
cumprir, entendem?
De um lado, poucas coisas me comovem mais do que apelos à união, oh,
vamos todos juntos, oh, precisamos nos unir, oh, o pau está comendo, oh, uma
crise está instalada no Rio de Janeiro, oh, Antonina, Paraná, Brasil está, se
não nos unirmos, à beira da completa dominação pelo narcotráfico, oh, só jesus salva
e cousa e lousa, ai, que medo, ai, estou com o fiofó na mão.
Poucas coisas, entretanto, me causam mais ânsias e crises de vômito,
exceto talvez suflê de chuchu e proteína texturizada de soja, que me deram
ontem no almoço. Sonia e Jean, mulher e filho, me fizeram essa inominável
sacanagem. E riram, os dois, quando eu comia aquela farofa estranha, sem
perceber nada. Um horror, meus amigos, um horror vegetariano.
Quem pode ser contra os apelos desesperados de Reginaldo, o Gouvea,
assustado com as imagens que vê no jornal nacional sobre o Rio de Janeiro, e
que imagina que Antonina está hoje quase a mercê das Farc? Quem pode ser contra
os apelos sobre a necessidade de nos unirmos todos para combater o
narcotráfico, mesmo que isso custe algum derramamento de sangue, que ele
considera inevitável, porque isso está escrito nos tais Anais, como ele afirma?
Pai e avô, tenho medo que as drogas alcancem meu filhos e netos e quero
que traficantes sejam presos, processados
condenados e, como é lindamente apropriado, adoro unidade, amo união e
estamos todos juntos, oh, estamos irmanados e porcarias assemelhadas.
Quando penso nisso, lágrimas escorrem em meu rosto vincado pelo sol,
pelo sal, pelas lutas todas, e pelas porras das contas a serem pagas nas porras
de cada final de mês.
Ocorre que a vida, ela mesma, a porra da vida, meus caros, mostra-nos
que não somos e nunca fomos, aliás e ainda bem, capazes de construir essa
balela de pensamento único, de única direção, de isso e aquilo. Ainda bem,
repito e reafirmo.
Ainda bem que não consigo e nunca consegui construir unidade e união e
ajuntamento com gente de direita, esse povo que é capaz de dizer que, para combater
o narcotráfico algumas gotas de sangue serão derramadas, mesmo que de gente
inocente. Os Anais, dizem e vociferam, provam que isso é inevitável.
Que porra de Anais são esses, Reginaldo? A Bíblia, o Secreto Programa de
Governo do Serra, as Promessas Engomadinhas do Beto “Desconforto Psicológico” Richa?
De que merda de Anais, meu filho, você está a falar?
De qual sangue derramado você está falando, RG? Do seu sangue, do sangue
da sua companheira, do sangue do seu filho? Do sangue do seu irmão, do sangue
do filho do seu vizinho? Do meu sangue, do sangue dos meus filhos, do sangue
dos meus netos?
Não, meu caro, o sangue que você considera inevitável e necessário
derramar é, como sempre, o sangue de gente pobre, da periferia, das vilas, das
favelas, dos morros, dos negrinhos e dos pobres de merda, sangue de gente que
você nunca verá e que, no mais das vezes, é quem toma no rabo quando a classe
média exige que aviões e porta-aviões, e tanques, e jatos voem e destruam tudo
por lá, no Rio de Janeiro, longe daqui, mas que se vierem fazer por aqui as
mesmas coisas, desde que não atirem em mim, no meu filho e na minha família,
tudo bem, umas porras de gotas de sangue, segundo os Anais do Reginaldo, serão
inevitavelmente derramadas.
Não, não tenho opinião formada, completa e sólida sobre os
acontecimentos do Rio. Desconfio, entretanto, que a bandidagem está a responder
a boas ações que têm sido implementadas, como as UPPs, as Unidades Policiais
Pacificadoras, o que não significa, imagino aqui de Antonina, a solução das
coisas todas.
Agora, não me venham com alarmismo de quem acredita no Jornal Nacional e
é leitor de Veja, meus caros, não tentem transformar Antonina numa espécie de
subúrbio do Rio de Janeiro ou coisa assim.
Sim, é certo que há responsabilidades de diferentes níveis de governo,
inclusive do governo Lula, mas, pai e avô, não gostaria de ser um dos
atingidos, não gostaria que meus filhos, meus netos, que as pessoas que me são
caras e essenciais derramassem o sangue previsto nos anais desse sujeito, porque
ele fala é do sangue derramado pelos outros, é óbvio.
Conheço o tipo, manjo o discurso, e vou ao banheiro
para uma vomitada básica.
Por último, Reginaldo Gouvea, o que precisamente
você sugere, quando vem com essa conversa cerca-lourenço, meu filho, de “Pessoas
de bem da nossa cidade vamos acordar, vocês não podem ficar omissos as
bandalheiras e mazelas que ocorrem em nosso município, lembre-se
sempre "nós somos a MAIORIA."
Você pode ser mais claro? Você pode ser
explicitamente claro? Você pode relacionar as tais bandalheiras e mazelas? Quem
está a cometer bandalheiras e mazelas? O prefeito, o vice, eu, os vereadores, o
juiz, o delegado, meu filho Jean, meu vizinho, algum blogueiro sujo ou limpo,
quem, afinal de contas, RG, está a cometer bandalheiras?
Que conversa é essa de “nós somos a maioria”? É uma
ameaça, um alerta, um aviso, uma lembrança? Maioria? O que vocês ganharam,
rapazes? Quando, onde? Que porra de maioria é essa? Que furdunço é esse, RG?
Para que tudo fique claramente assentado: sou uma
das pessoas de bem desta cidade, nem melhor nem pior que você, Reginaldo.
Mas quero conveniente e higiênica distância de quem
considera que os anais justificam algumas gotas de sangue.
No cú, pardal!
PAULO
ROBERTO “RANKOR” CEQUINEL
THE “BIG
MAJORITY” ORNITORRINCO COMPANY
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