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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dilma manda chamar general e pede explicações sobre "fato histórico"

Gorila quis banalizar violações aos direitos humanos 
durante ditadura civil-militar

Eu visito o Diário Gauche todos os dias

As manifestações do novo chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, general José Elito Siqueira (na foto com Dilma), criaram mal-estar ontem, no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff chamou Elito em seu gabinete na noite de ontem para pedir explicações. A informação é da Folha.

No dia de sua posse, Elito Siqueira se posicionou contra a criação da Comissão da Verdade e disse que os desaparecidos políticos são um "fato histórico" do qual "nós não temos que nos envergonhar ou vangloriar".


Segundo o projeto enviado pelo governo, a Comissão da Verdade terá a "finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos" durante a ditadura.


Durante o dia, a presidente fez chegar ao general sua insatisfação com as declarações, já que o governo Lula enviou no ano passado projeto de lei ao Congresso Nacional em apoio ao órgão.


A mídia apurou que Elito disse a Dilma que foi "mal compreendido" pelos jornalistas durante a entrevista e que as reportagens não retrataram o que ele disse.


Dilma não gostou da manifestação do general que é claramente contrária à posição de seu governo e do antecessor. Dilma era ministra da Casa Civil quando o projeto de lei da Comissão da Verdade foi formatado.


O vice-presidente Michel Temer minimizou os comentários de Elito. Questionado se não era contraditório a presidente, torturada durante a ditadura, ter como subordinado próximo um general contrário a investigações sobre episódios de tortura no regime militar, Temer disse que a pergunta deveria ser feita à própria presidente.


"Acho que é a opinião dele, né? Não vou me manifestar a respeito da opinião dele", disse o vice de Dilma.


O ministro Nelson Jobim (Defesa), sem se referir especificamente ao general, limitou-se a dizer que a posição do governo é pela criação da Comissão da Verdade, nos termos do projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso em maio passado.


A nova ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou, via assessoria, que seu posicionamento sobre o assunto é público e foi exposto em seu discurso de posse, anteontem.

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O episódio demonstra uma diferença qualitativa entre o estilo político do ex-presidente Lula - excessivamente conciliador - e a presidenta Dilma, especialmente no tema da memória histórica da ditadura civil-militar de 1964-85.

Um dos grandes passivos do governo Lula foi essa renitência em não revolver o nosso passado ditatorial e repressivo, ao contrário dos governos democráticos do Uruguai, Argentina e Chile. A situação é agravada pela escolha, por Lula, de um ministro protofascista e americanófilo como Nelson Jobim na pasta da Defesa. A manutenção de Jobim (ou JohnBin) é um dos mistérios do novo governo Dilma Rousseff. De qualquer forma, o gesto pronto e decidido da presidenta na noite de ontem é um indicativo de indisposição para com os subordinados de Jobim (ou JohnBin).


Só por isso, já valeu o meu voto em 3 de outubro último.

O Ornitorrinco havia publicado post sobre o tema, e estava pra lá de puto dentro das calças quando, em boa hora, nossa presidenta chamou o gorilão na chincha, demonstrando, mais uma vez, ser uma mulher de fibra, que não tem medo de cara feia nem de arreganhos fardados.
Para aqueles que acham que ela será imprensada pelo PMDB, que faz o velho e manjado jogo do velho e manjado PMDB, este episódio sinaliza, de forma meridianamente clara, que Dilma não é conciliadora como Lula. 
Do mesmo modo que o Diario Gauche, proclamo que só por isso já valeu meu voto em Dilma.  

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