Eu visito o Reginaldo Gouvea todos os dias,
embora ele ande meio sumido
Pois nosso formidável RG presta hoje relevante serviço ao Brasil
e mesmo ao mundo ocidental ao trazer a lume – gostaram? – assunto fundamental
para o nosso destino de nação e de povo, e tanto, que se não resolvermos logo,
pô, estaremos fodidos e mal pagos, meus amigos.
Eis que Reginaldo e Tony Frank Bruinje, nosso holandês voador e
proprietário do excelente Restaurante Buganvill, que recomendo, querem que a Câmara
Municipal, as Assembléias Estaduais, o Congresso, a AESTUR, a Igreja do
Evangelho Sextavado, a Opus Dei e outras instituições decidam se é correto dizer
presidente ou presidenta, e estão apavorados, oh mais uma do petismo abortivo e
anti-gramatical!
E convocam Miriam Rita Moro Mine, doutora,
pesquisadora, escrutinadora, avaliadora, fiadora, procuradora, achadora,
treinadora, apresentadora e chutadora – a lista de qualidades da moça é gigantesca
- e, aparentemente, pouco ocupada professora catedrática da UFPR que pontifica –
quiospariu! – “que Dilma e seus
seguidores pretendem que ela venha a ser a primeira
presidenta do Brasil.”
Abro e fecho parêntesis para dizer que a anta de tênis parece não ter
percebido ainda, mas nós, os seguidores (oh, seguidores!) de Dilma já a
elegemos e já a empossamos como a primeira presidenta do Brasil.
De todo modo pesquisei um pouquinho para saber mais sobre essa
autoridade científica infalível e descubro que ela andou postando, em 2 de
novembro, comentário sobre o mesmo e seminal tema no blog de outra sumidade, um
tal Professor Menegotto que, do alto da sua sabedoria gramatical sebosa e
pedante dispara “agora vem Dilma Rousseff, que, embora não tenha assumido a
presidência do Brasil – pois recém foi eleita -, talvez tome igual atitude, a
ver pela sanha dos seus correligionários petistas que, ao longo de toda a
campanha eleitoral e logo depois de eleita, insistem em pronunciar e escrever
“presidenta” e
que, “como tal palavra não existe, embora
alguns dicionários a registrem mesmo contra a vontade da Gramática, o termo
pode ser atribuído ao “Lulês” ou “PeTês”, ou seja, línguas não oficiais
mantidas e prestigiadas pelo pessoal da estrelinha amarela no fundo vermelho.”
Neste sábado pachorrento chego às seguintes conclusões:
para a direita, se você não tem porra nenhuma para dar um pau no PT, na Dilma e
no Lula, não importa, você inventa assunto, até gramática vale. Observem as
expressões de ódio mal dissimulado que usam: aqui os seguidores, mais adiante é
a sanha dos petistas, ali na esquina é o pessoal da estrelinha amarela e segue
o ódio em deslizamentos sem controle e em enxurradas de besteiras; e de outra
banda, meus amigos, a tucanada gloriosamente depenada nas eleições permanece a
estrebuchar em praça pública.
Um comentário:
Sr. Ornitorrinco.
Sobre esse assunto dou a palavra para o Pasquale Cipro Neto.
A eleição inédita no Brasil de uma mulher para a Presidência da República lançou uma questão linguística: Dilma Rousseff é “a presidente” ou “a presidenta” do país?
Não há norma na língua que defina uma das formas como errada, nem mesmo menos correta. O professor de língua portuguesa e apresentador de TV Pasquale Cipro Neto diz que a terminação “nte” vem do latim e é comum nas línguas neolatinas, como o português, o espanhol e o italiano. Ela indica o executor de uma ação, normalmente tornando a palavra invariável quanto ao gênero. Por isso, dizemos “o gerente” para homens e “a gerente” quando uma mulher ocupa a função. É o que em português chamamos de substantivo de dois gêneros.
“No caso de ‘presidenta’, talvez pelas conquistas das mulheres em vários territórios, surgiu esse uso, que os dicionários acolheram”, diz Pasquale. “Os três maiores dicionários da língua portuguesa, o Houaiss, o Aurélio e o Aulete, já registram ‘presidenta’ como equivalente de ‘a presidente’, ‘mulher que preside’. As duas formas estão corretas.”
A língua é construída diariamente, pelo uso que dela fazem aqueles que a falam e escrevem. Se até hoje a forma “a presidente” esteve disseminada na imprensa e na literatura brasileiras e espelhou uma realidade quase sem mulheres, um cenário protagonizado por uma delas pode inaugurar uma tendência, a das presidentas. Como já houve a oportunidade das doutoras, das ministras... “Vai ser o uso que de fato vai definir o termo. Como acontece na Argentina, em que Cristina Kirchner faz questão de ser ‘la presidenta’, não vai haver saída que não seguir a vontade da própria eleita”, diz Pasquale Cipro Neto
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