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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sob o gentil patrocínio do Rhum Creosotado provamos que a sua bíblia, querido internauta cristão, aprova a escravidão

Reflexões produzidas por minha mente de ateu pervertido 
a partir da leitura de Carta a uma nação cristã, 
de Sam Harris, Companhia das Letras.

Vejamos. Eu, ateu da facção búlgaro-abortiva e você, cristão de qualquer denominação, estamos de acordo que a escravidão é um troço abominável, inaceitável, imoral, não é mesmo?

Bem, imagine que eu não soubesse direito o que fazer com esta questão moral e seguisse o seu conselho, prezado amigo cristão, e consultasse o seu livro sagrado, a bíblia, e desse de cara com estas palavras que, você acredita piamente, vieram diretamente do criador do universo:

Quanto aos escravos que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que nasceram na vossa terra; e vos serão por possessão. Deixá-lo-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para os haverem como possessão; perpetuamente os fareis servir, mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com tirania, um sobre os outros. (Levítico 25, 44-46)

Pois é, eu ficaria, confesso, tão chocado quanto você está agora, mas você e sua inabalável fé me pediriam para continuar buscando a resposta no livro perfeito, e minha faina me traria outros pronunciamentos do seus deus da vida e da morte:

Se um homem vender sua filha para ser escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos. Se ela não agradar ao seu senhor, que se comprometeu a desposá-la, ele terá de permitir-lhe o resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, pois isso será deslealdade para com ela. Mas, se a casar com seu filho, tratá-la-á como se trata as filhas. Se ele der ao filho outra mulher, não diminuirá o mantimento da primeira, nem os seus vestidos, nem os seus direitos conjugais. Se não lhe fizer estas três coisas, ela sairá sem retribuição, nem pagamento em dinheiro. (Êxodo 21, 7-11)

Não, não desista, tenha fé em deus, você dirá, ele tudo provê, ele é a verdade, mesmo quando lhe digo que ele aprova que um cristão venda sua própria filha como escrava sexual e, ainda mais, a prática da poligamia. Eu, por saber que você é um sujeito honesto e de caráter reto, continuo minha procura e descubro que o criador das coisas todas apresenta uma única verdadeira restrição acerca da escravidão quando, misericordioso como só um deus pode ser, estabelece que:

[...] não devemos bater em nossos escravos tão severamente a ponto de ferir seus olhos ou seus dentes.(Êxodo 21, 26-27)

Pois a sua bíblia, livro perfeito e de caráter divino por conter a palavra de deus, segundo sua fé inabalável, não apresenta no Novo Testamento nenhuma palavra de jesus cristo fazendo qualquer objeção à prática da escravidão, tendo mesmo são paulo exortado os escravos a obedecerem e a servirem bem aos seus senhores:

Quanto a vós outros, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo [...] servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens. (Efésios 6, 5-7)

A sua bíblia perfeita, a palavra, facilitou a vida do certamente bondoso, gentil e afável reverendo norte-americano Richard Fuller, em 1845, disse sobre a escravidão:

“Aquilo que Deus autorizou no Velho Testamento, e permitiu no Novo, não pode ser pecado”. (Richard Fuller, 1845)

Eu interrompo minha inútil busca por aqui, perplexo e desorientado amigo cristão, fazendo-lhe serenamente um pedido: deixe de lado a bíblia e saiba que deus nenhum existe e que, melhor ainda, você não precisa disso tudo para ser um bom homem, bom pai, bom filho, nem para fazer as escolhas morais corretas. E tudo sem qualquer culpa ou medo.

Mensagem do nosso patrocinador
Veja, ilustre passageiro,
o belo tipo faceiro
que está ao seu lado.
E no entanto, acredite,
quase morreu de bronquite,
salvou-o o Rhum Creosotado.

(www.memorychips.com.br)

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