Reflexões produzidas por minha mente de ateu pervertido
a partir da
leitura de Carta a uma nação cristã,
de Sam Harris, Companhia das Letras.
Vejamos.
Eu, ateu da facção búlgaro-abortiva e você, cristão de qualquer denominação, estamos
de acordo que a escravidão é um troço abominável, inaceitável, imoral, não é
mesmo?
Bem,
imagine que eu não soubesse direito o que fazer com esta questão moral e seguisse o seu conselho, prezado amigo cristão, e consultasse o seu livro
sagrado, a bíblia, e desse de cara com estas palavras que, você acredita piamente,
vieram diretamente do criador do universo:
Quanto aos escravos que
tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e
escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre
vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que nasceram na vossa
terra; e vos serão por possessão. Deixá-lo-eis por herança para vossos filhos
depois de vós, para os haverem como possessão; perpetuamente os fareis servir,
mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com
tirania, um sobre os outros. (Levítico 25, 44-46)
Pois
é, eu ficaria, confesso, tão chocado quanto você está agora, mas você e sua
inabalável fé me pediriam para continuar buscando a resposta no livro perfeito,
e minha faina me traria outros pronunciamentos do seus deus da vida e da morte:
Se um homem vender sua
filha para ser escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos. Se ela não
agradar ao seu senhor, que se comprometeu a desposá-la, ele terá de
permitir-lhe o resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, pois isso será
deslealdade para com ela. Mas, se a casar com seu filho, tratá-la-á como se
trata as filhas. Se ele der ao filho outra mulher, não diminuirá o mantimento
da primeira, nem os seus vestidos, nem os seus direitos conjugais. Se não lhe
fizer estas três coisas, ela sairá sem retribuição, nem pagamento em dinheiro. (Êxodo
21, 7-11)
Não,
não desista, tenha fé em deus, você dirá, ele tudo provê, ele é a verdade,
mesmo quando lhe digo que ele aprova que um cristão venda sua própria filha
como escrava sexual e, ainda mais, a prática da poligamia. Eu, por saber que
você é um sujeito honesto e de caráter reto, continuo minha procura e descubro que
o criador das coisas todas apresenta uma única verdadeira restrição acerca da
escravidão quando, misericordioso como só um deus pode ser, estabelece que:
[...] não devemos bater em
nossos escravos tão severamente a ponto de ferir seus olhos ou seus dentes.(Êxodo
21, 26-27)
Pois
a sua bíblia, livro perfeito e de caráter divino por conter a palavra de deus, segundo
sua fé inabalável, não apresenta no Novo Testamento nenhuma palavra de jesus
cristo fazendo qualquer objeção à prática da escravidão, tendo mesmo são paulo
exortado os escravos a obedecerem e a servirem bem aos seus senhores:
Quanto a vós outros,
servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na
sinceridade do vosso coração, como a Cristo [...] servindo de boa vontade, como
ao Senhor, e não como a homens. (Efésios 6, 5-7)
A sua bíblia perfeita, a palavra, facilitou a vida do certamente bondoso, gentil e afável reverendo norte-americano Richard
Fuller, em 1845, disse sobre a escravidão:
“Aquilo que Deus autorizou
no Velho Testamento, e permitiu no Novo, não pode ser pecado”. (Richard Fuller,
1845)
Eu
interrompo minha inútil busca por aqui, perplexo e desorientado amigo cristão,
fazendo-lhe serenamente um pedido: deixe de lado a bíblia e saiba que deus
nenhum existe e que, melhor ainda, você não precisa disso tudo para ser um bom
homem, bom pai, bom filho, nem para fazer as escolhas morais corretas. E tudo
sem qualquer culpa ou medo.
Mensagem do nosso patrocinador
Veja, ilustre passageiro,
o belo tipo faceiro
que está ao seu lado.
E no entanto, acredite,
quase morreu de bronquite,
salvou-o o Rhum Creosotado.
(www.memorychips.com.br) |
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