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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Crimes de ódio: a cada 36 horas um homossexual é morto no Brasil

Eu visito o Com Texto Livre todos os dias
Brasília – Em 2010, 260 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no Brasil. De acordo com um relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado hoje (4), a cada um dia e meio um homossexual brasileiro é morto. Nos últimos cinco anos, houve aumento de 113% no número de assassinatos de homossexuais. Apenas nos três primeiros meses de 2011 foram 65 assassinatos.
Entre as vítimas, 54% são gays, 42%, travestis e 4%, lésbicas. Para o antropólogo responsável pelo levantamento, Luiz Mott, as estatísticas são inferiores à realidade. “Esses 260 assassinatos documentados são um número subnotificado, porque não há no Brasil estatísticas oficiais de crimes de ódio. Para os homossexuais, a situação é extremamente preocupante.”
O estudo também aponta que o Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de homossexuais. Nos Estados Unidos, foram registrados 14 homicídios de travestis em 2010, enquanto no Brasil, foram 110 assassinatos. Além disso, o risco de um homossexual ser morto violentamente no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos.
De acordo com Mott, esse aumento é resultado do aumento da violência e da impunidade. “Há um crescimento da quantidade de assassinatos. Além disso, menos de 10% desses assassinos são presos e sentenciados. Atualmente, a visibilidade dos gays é maior, pois há muitos se assumindo e isso provoca o aumento da intolerância.”
Entre os estados brasileiros, a Bahia lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking nacional. Foram 29 homicídios em 2010. Alagoas ocupa a segunda posição, com 24 mortes; seguido pelo Rio de Janeiro e São Paulo, com 23 assassinatos cada. De acordo com o relatório, Alagoas também é o estado que oferece maior risco para os homossexuais. Maceió é a capital onde mais gays são assassinados - com menos de 1 milhão de habitantes, a cidade registrou nove homicídios.
Segundo o estudo, o Nordeste é a região mais homofóbica do país. O Nordeste abriga 30% da população brasileira e registrou 43% dos homossexuais assassinados. Vinte e sete por cento dos assassinatos ocorreram no Sudeste, 9% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 10% no Norte. O risco de um homossexual do Nordeste ser assassinado é aproximadamente 80% mais elevado que no Sul ou no Sudeste.
De acordo com Mott, essa situação pode ser revertida com educação sexual nas escolas, maior rigor da polícia e da Justiça, políticas afirmativas que garantam a cidadania plena de 10% da população e maior cuidado dos próprios gays, travestis e lésbicas.
O GGB vai denunciar o governo brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) por crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais.
Daniella Jinkings

O Ornitorrinco pede a palavra para dizer que, em face de tais números, a violência homofóbica campeia solta e, para mim de forma meridianamente clara, uma das suas causas é a intolerância de origem religiosa. Todos os dias, muitas horas por dia, em canais de televisão, em emissoras de rádio, em igrejas e templos, autoridades religiosas de diferentes credos decidiram que têm o 'direito' de discriminar, de humilhar, de demonizar, de negar dignidade ao povo LGTB. Não, não estou dizendo que crentes andem saindo pelas ruas à cata de vítimas, mas a aceitação deste preconceito imundo por largas parcelas da sociedade legitima, por assim dizer, a violência epidêmica sem controle porque, no mais das vezes, essas pessoas tendem a considerar que a 'culpa' é daquele que sofre a violência ou é assassinado. Depois, quando denuncio, nos meus termos, essa tropa de gente obtusa e perigosa, oh, eu é que sou intolerante. Querem que eu os 'tolere' apontando o dedão sujo contra meu filho, em nome de um deus inexistente e de um livro em relação ao qual nem vocês, cristãos, conseguem se entender, tantas são as versões e tantos são os profetas da verdade?     

2 comentários:

Reginaldo Gouvea disse...

Caro Cequinel, na questão homofóbica quero repudiar esses safados e sem vergonhas filhos de uma galinha choca, que faz deste preconceito a maior imbicilidade, eu DIGO NÃO A HOMOFOBIA, nesta situção você tem meu maior apoio.

Reginaldo Gouvea
Link da matéria abaixo: http://br.esportes.yahoo.com/colunas/volei-atleta-gay-sofre-com-homofobia-e-clube-aciona-o-stjd-esportes-1532.html


O caso de homofobia na Superliga Masculina de Vôlei, na última sexta-feira, promete mais capítulos durante a semana. Na partida entre Sada/Cruzeiro-MG e Vôlei Futuro-SP, realizada em Contagem (MG), o meio de rede Michael, da equipe paulista, sofreu com gritos de "bicha" da torcida adversária durante toda a partida, vencida pelos mineiros.


"Sou gay. Todo mundo aqui sabe quem eu sou. Eles me respeitam totalmente no time. Não só aqui, mas nos 10 anos em que joguei no São Bernardo. Todos os times me trataram bem. Já tinha acontecido casos isolados de algumas pessoas gritarem pelo clima do jogo. Mas nem escuto. Só que lá (em Contagem) foi um coro: senhoras, mulheres, crianças gritando, já em um clima preconceituoso mesmo. Realmente fiquei assustado com a situação e resolvi falar para que isso não acontece mais, não só comigo", disse o jogador ao site Globoesporte.com.

Além disso, o time de Araçatuba criticou o esquema de segurança da partida (chegando a citar um caso de alcoolismo), o repasse de ingressos ao time visitante, a lotação do ginásio e o número insuficiente de policiais.

De acordo com a nota divulgada pelo Vôlei Futuro, "a torcida do Sada Cruzeiro atuou de maneira feroz e preconceituosa, mostrando ódio, aversão e discriminação a um dos atletas do Vôlei Futuro, deixando claro o manifesto de homofobia dentro do Ginásio. O coro era de forma organizada, crianças, homens e mulheres se juntaram para cometer o tremendo desrespeito e discriminação com o atleta Michael".

No final do comunicado, a equipe do interior paulista confirmou ter enviado ao STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) e à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) um relatório com as ocorrências.



Poucas horas depois, o Cruzeiro, também de forma oficial, emitiu uma nota repudiando a "nítida manobra no sentido de intimidar a nossa equipe e nossa torcida no jogo de volta, em Araçatuba, no próximo sábado".

Além disso, a equipe celeste contra-atacou que os jogadores adversários (Como Mário Júnior, Vissotto e o próprio Michael) atenderam, ao final da partida, ao público local dando autógrafos, e que a parte destinada aos visitantes no ginásio foi atendida e, inclusive, escolhida por eles próprios. Por fim, avisou que acionará a Justiça caso haja algum ato de violência no segundo duelo.

"Adiantamos nesta oportunidade que a diretoria do Vôlei Futuro será responsabilizada e acionada nos competentes tribunais, caso haja algum ato de vandalismo contra a delegação do Sada/Cruzeiro, em virtude do clima que se pretende criar com tais denúncias infundadas. Desde já cumpre-nos informar que o departamento jurídico do Sada Cruzeiro já está trabalhando no sentido de tomar as devidas providências".

Apesar do clima de 'guerra', a segunda partida dos playoffs será realizada no próximo sábado em Araçatuba. Na primeira fase, o Cruzeiro - que terminou no terceiro posto - levou a melhor nos dois confrontos.

PAULO R. CEQUINEL disse...

Obrigado, RG, obrigado. Exata e precisamente por termos trocado umas botinadas por conta das nossas diferenças políticas, sua manifestação de apoio tem para mim e para Jean, acredite mesmo, muita importancia.
Estava preparando justamente a publicação desta matéria sobre este caso de homofobia.
Um abraço. E cuidado com minhas botinadas.