Copiei do Blog da Cidadania
Nos últimos dias, o deputado Candido Vaccareza, líder do governo na Câmara dos Deputados, o presidente daquela Casa, deputado Marco Maia, e a própria presidente Dilma Rousseff deram declarações contrárias à instalação da CPI da Privataria, proposta pelo deputado comunista Protógenes Queiroz, que já contabiliza mais assinaturas do que as 171 necessárias.
Que a grande mídia e o PSDB agora minimizem as denúncias contidas no
livro A Privataria Tucana depois de tentarem (sem sucesso) escondê-las, é
compreensível. Ambos estão envolvidos nas denúncias – os tucanos por
terem conduzido o processo e a mídia por ter feito grandes negócios com o
que foi privatizado. O que não se entende são as posturas da cúpula do
PT e da presidente Dilma.
Mesmo que cerca de 30% dos deputados do PT, até agora, tenham aposto
suas firmas no requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito, é
inadmissível que as mais altas instâncias do partido que mais denunciou
as privatizações da era Fernando Henrique Cardoso agora ajam dessa
forma, com esse discurso dúbio que sugere medo ou até culpa no cartório.
Se essas autoridades não querem se envolver politicamente, apesar de
ocuparem cargos políticos, que dissessem que esse é um assunto que o
conjunto do Poder Legislativo terá que decidir. Seria uma forma menos
afrontosa de se omitirem do dever que têm de investigar denúncias tão
graves de tamanha quantidade de dinheiro público que dizem ter sido
afanado por membros do governo federal no fim da década retrasada.
É bem provável que metade dos deputados federais brasileiros assine o
requerimento dessa CPI, mas mesmo se ela não tivesse uma só assinatura a
mais do que o mínimo necessário deveria ser aberta porque não se
imagina que quase duas centenas de deputados estejam vendo coisas ao
acharem que há o que investigar.
Uma das frases de autoridades filiadas ao Partido dos Trabalhadores
que mais causou espécie ao ir de encontro à instalação da CPI da
Privataria foi proferida na televisão pelo deputado Candido Vaccareza.
Ele disse que não apoia a instalação da investigação porque não há que
ficar “olhando no retrovisor como a oposição”.
Em primeiro lugar, a oposição não olha no retrovisor. Essa alusão ao
equipamento obrigatório em veículos automotores surgiu no Brasil já na
campanha eleitoral de 2002, quando tucanos diziam que o povo não deveria
escolher o próximo presidente da República olhando no retrovisor.
Depois, a tese se repetiu nas eleições presidenciais de 2006 e de 2010.
O uso da figura de linguagem tucana pelo deputado petista também é
injusta com o PSDB. O que esse partido mais tem feito foi se esquivar do
passado. As denúncias que faz são para investigar o presente enquanto
prega o esquecimento de possíveis crimes do passado. Acusar a oposição
de olhar pelo retrovisor, portanto, não faz sentido.
Alguns aludem a uma suposta “estratégia” da presidente Dilma e da
cúpula do PT ou à tese de que não lhes caberia iniciativa de investigar
roubo de dinheiro público, o que não é verdade. Pelo contrário: tendo
notícia de casos de corrupção, o dever da autoridade constituída é o de
investigar ou dizer por que não cabe fazê-lo.
Nos últimos anos, foram feitas CPIs para investigar compra de
tapiocas por ministros e grampos telefônicos de autoridades cujos áudios
jamais apareceram. Durante o governo Lula, a oposição obteve
praticamente todas as investigações que pediu. Neste governo, que
ninguém duvide que irá obter muitas mais.
Preocupa, no entanto, a tese de que o tempo justifica e absolve
crimes da magnitude dos que são denunciados pelo livro do jornalista
Amaury Ribeiro Jr., pois sugere que se houver corrupção e ela tardar a
ser descoberta, corruptos e corruptores estarão livres.
De repente, o rigor com a corrupção que a tantos encantou durante os
últimos nove anos, sumiu. E o governo e a cúpula do PT parecem achar, no
mínimo, que se forem condescendentes com os adversários serão poupados
mais adiante, quando surgirem denúncias contra esse governo.
Resumindo: a impressão que se tem, quando as autoridades supracitadas
se manifestam contrariamente à investigação da privataria, é a de que
têm o rabo preso de alguma forma, ainda que não se saiba qual. Aliás, a
honestidade intelectual obriga a considerar a acusação do PSDB quando
diz que tudo foi armação de novos “aloprados”.
Cidadãos de verdade não podem aceitar nem que supostos crimes de
tucanos deixem de ser investigados, nem que petistas forjem acusações
contra os adversários. Aqui se trata de uma questão de justiça. A
Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a privataria precisa ser
instalada para que se saiba qual dos lados agiu criminosamente.
Pelas razões expostas, este blog e seu signatário exigem a instalação da CPI da Privataria. E você, leitor?
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O Ornitorrinco que, definitivamente, retoma sua condição de petista no exílio, além da pergunta do título, apresenta outra, fruto da sua cacholinha de poucas luzes: se o processo das privatizações foi eivado de irregularidades e crimes, e se foi contrário aos interesses do povo brasileiro, coisas que sempre soubemos, por que governo e cúpula do PT, já no ano de 2003, não investigaram a patifaria cometida pela tucanalha?
Para saber mais, leia os livros magistrais de Aloysio Biondi, que você pode baixar aqui:
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